Entrevistas

RAVENOIR – A morte como um poema sombrio… e extremo !

 O Baixista Igor Hubík, fundador do RAVENOIR juntamente com seu parceiro de longa data de ROOT Alesh AD, deu uma pausa nas atividades da banda para conversar com o The Old Coffin Spirit Zine / Portal. Confira a entrevista, falamos com ele sobre a nova banda, suas expectativas para o futuro e muitos outros assuntos: 

Igor e companheiros de banda, primeiramente damos as boas-vindas ao The OldCoffin Spirit Zine / Portal.O RAVENOIR soa como uma banda extremamente séria, não como um projeto complementar.O que inspirou vocês a criá-lo? Além disso, o que vocês gostariam de alcançar com a nova banda? (Observação: Igor e Alesh AD são membros do grande ROOT)

Ravenoir: The Old Coffin Spirit… que nome para a revista! Bem, aqui estamos com o RAVENOIR e eu devo confirmar as suas palavras sobre sermos uma banda de fato, e não apenas um projeto. Se você ouvir o álbum de estreia “The Darkest Flame of Eternal Blasphemy”, você deverá sentir desde o primeiro momento que esse trabalho foi criado por quatro verdadeiros “Metalheads”, que sabem extremamente bem o que estão fazendo. O mentor do RAVENOIR, o guitarrista e vocalista “Aleash AD” tem pensado e falado ao longo dos últimos três anos sobre um novo projeto de Metal Sombrio. O paradoxo é que esse vírus mundial fodido acabou nos ajudando a acelerar o início dessa nova banda, porque estávamos trancados em nossas casas, e havia tempo livre para escrever letras e gravar novas músicas. Não temos qualquer expectativa, mas ainda temos recebido novas reações positivas de mais países, a maior parte da República Tcheca e da Eslováquia, claro. Nós podemos ficar orgulhosos desse álbum e eu acredito em novas músicas, na obtenção de novos fãs e nas atividades da banda

O nome da banda soa interessante, misturando as palavras Raven (corvo em inglês) e Noir (francês para preto / escuro). É esse mesmo o conceito do título? Quem teve a ideia do nome?

Ravenoir: Eu escrevi a letra da música chamada “Ravenoir” e “Alesh” me disse alguns dias depois que essa palavra, ou essa “palavra dupla” se você preferir, se tornaria o nome da banda. Eu tentei descobrir se existia algum artista de metal com esse nome, e parece que nós somos os primeiros… então por que não? As pessoas gostam de RAVENOIR porque soa incrível se você lê o nome foneticamente, não apenas porque oficialmente você tem em inglês “Raven” mais o francês “Noir”. E sim, isso representa todo o conceito artístico, porque aquela música “Ravenoir” fala sobre a transformação do corvo em um homem misterioso, que está liderando “um exército de soldados sem nome, marchando ladeiraabaixo”… Confira o logo do RAVENOIR e gire o botão do volume para a direita!

O RAVENOIR lançou um primeiro álbum de estúdio forte, intitulado“ The Darkest Flame of Eternal Blasphemy”, o qual nós resenhamos recentemente. Como foi o processo de criação dele?

Ravenoir: Foi bem fácil. “AD” compôs todas as músicas e gravou guitarras e vocais. Eu escrevi algumas letras e gravei as partes de baixo. O Sr. “Sas” gravou a bateria e “Önslaughter” alguns solos de guitarra.  Cada música foi gravada como uma demo primeiramente, então nós escrevemos todas as letras para as respectivas músicas e nos ritmos.

As guitarras soam massivas no álbum, ambas possuem um timbre incrível… por favor, conte-nos mais sobre elas:

Ravenoir: AD” gravou quatro faixas de guitarras e alguns efeitos especiais. Tudo foi feito na própria casa dele, o “Estúdio Ravenoir”. Também há algumas guitarras acústicas no álbum, e essas foram gravadas no “Estúdio Dejansound” (juntamente com as partes do baixo). De qualquer forma, você pode assistir a diversos vídeos sobre o processo de gravação. Confira nos arquivos do YouTube.

As letras soam potentes, destrutivas e blasfemas. Quais são as suas principais visões e conceitos quando você está escrevendo?

Ravenoir: Se você acha que é assim… é ótimo que nós possamos ver que o nosso trabalho duro nas letras fez sentido. Pode parecer que apenas estão lá, milhares de palavras escritas ou ditas nessas histórias das músicas, mas nós tentamos encontrar o real significado de cada verso nesse álbum. Quando você ouve as faixas vocais enquanto lê as letras, você deve enxergar e ouvir se elas se encaixam na música, para que não sejam apenas “grunhidos de Death Metal”. Existem alguns conceitos blasfemos para as letras também, bem como a música sobre o próprio RAVENOIR, ou o poema sombrio sobre a parte mais poderosa de todas as vidas: A Morte.

Como a banda trabalha na hora de compor? Quais elementos são os mais importantes quando vocês estão forjando o seu tipo próprio de som Black / Death Metal?

Ravenoir: Eu acredito que nenhum artista seja capaz de explicar exatamente quais são suas principais inspirações, e de onde vêm alguns pensamentos e ideias ocultos. Não apenas os músicos. Um pintor, ator, escritor… Qualquer artista criativo precisa trazer algo novo que alcançará as pessoas que procuram por boa música, livro ou filme… Nós trouxemos o primeiro álbum do RAVENOIR dessa vez. Os elementos mais importantes para a composição de música nova, ou de letras, são a solidão, o interior obscuro e tempo infinito. É disso que precisamos, e então funciona bem.

O mundo virou de cabeça para baixo devido a toda essa merda da pandemia. Isso impactou vocês de alguma forma no momento da criação da sua música, da sua arte?

Ravenoir: Algumas coisas correram de forma diferente. Nós não podíamos tocar alguns shows ao vivo com o ROOT, e estávamos fechados dentro de nossas casas, trabalhamos no álbum do RAVENOIR. Algo ruim e inesperado visitou as nossas vidas, mas a nossa resposta é a nova banda. Louco, mas ainda assim criativo. Abra as portas para o palco, e nós traremos o inferno. Feche as portas para o palco, e nós traremos o inferno com o álbum. É assim que nós somos.

Quais foram os aspectos mais desafiadores em relação à gravação do álbum?

Ravenoir: Não deveríamos chamá-los de aspectos mais desafiadores, é mais como a organização. O álbum foi gravado em estúdios diversos, então nós tivemos que enviar e receber arquivos novos, os arquivos originais, versões e faixas particulares, você sabe. Isso faz parte da tecnologia digital, e isso determina o processo de gravação. Tirando esses detalhes, não houve reais problemas durante o trabalho no álbum. Tudo foi bem organizado e, apesar de algumas pessoas poderem dizer que esse formato de gravação não é bom, o resultado é ótimo.

Vocês conseguiram adicionar dois convidados muito especiais ao disco, “Big Boss Valter” do ROOT e “Andy La Rocque” do KING DIAMOND. Como aconteceu? Fale-nos um pouco sobre isso:

Ravenoir: Alesh AD” tem mantido contato com o “Andy” há muitos anos, e nós dois encontramos esse renomado guitarrista dois anos atrás no nosso país, quando o KING DIAMOND tocou bem próximo à nossa cidade natal. “Andy” topou a nossa ideia de termos um solo de guitarra dele no disco do RAVENOIR, e agora nós podemos dizer que isso é mais que uma participação especial, porque as partes dele soam simplesmente fantásticas. Ele gravou aquele solo no próprio estúdio dele, na Suécia. O “Big Boss” é um grande vocalista e narrador, e claro, nosso amigo e colega do ROOT. Sua voz é uma variação especial para o álbum e é uma sequência natural do nosso processo de longa data de cooperação musical

A Gothoom Productions, um selo da Eslováquia, lançou os CDs em Digipacks e existe a previsão de lançar as versões em vinil no final deste ano. Como tem sido a parceria com eles até aqui?

Ravenoir: Conhecemos muito bem o “Peter”, líder e proprietário da “Gothoom Productions”, e ele estava interessado no lançamento do álbum de estreia do RAVENOIR. Essa parceria funciona perfeitamente até aqui, e já estamos conversando sobre o segundo álbum. O selo lançou os CDs em Digipacks, acrílico e uma raridade – um pendriveflashdisc com o álbum completo em USB. Também serão lançadas versões em vinil. A “Gothoom Productions” é responsável pelo merchandise da RAVENOIR, então todos podem adquirir camisetas, agasalhos e o disco pelo site deles (gothoomshop.com).

Podemos esperar ouvir mais do RAVENOIR no futuro próximo? Existem planos para novos lançamentos?

Ravenoir: Como mencionei acima, nós estamos trabalhando nas músicas e letras para o segundo álbum. Temos algumas músicas demo e alguns versos escritos, estamos discutindo detalhes e a arte para a capa também. Acredito que gravaremos as novas músicas da mesma forma que fizemos no primeiro álbum. Não sabemos se é um futuro próximo, mas o álbum talvez possa ser lançado em 2022.

E o que você pode nos dizer sobre a banda sair em turnê quando possível? A Europa tem um bom número de eventos agendados para o segundo semestre desse ano e para 2022.

Ravenoir: Não tenho certeza sobre uma turnê, mas estamos conversando sobre possíveis shows ao vivo. Havendo o interesse dos organizadores, o RAVENOIR um dia estará sobre os palcos. Depende de algumas coisas, mas sim, é possível.

Vocês ainda ouvem Metal? Quais são as suas influências principais, e fontes de inspiração? É possível perceber que o RAVENOIR possui uma gama ampla de texturas do metal na sua sonoridade.

Rvenoir: Nós somos verdadeiros metalheads, cara! Nós ouvimos novas bandas, os clássicos mais antigos desse gênero musical imortal e nós frequentamos shows. É uma história sem fim, e nós temos orgulho em fazer parte dessa cena. Eu não posso dizer quais inspirações podem ser ouvidas na nossa música, ou no som, mas é bastante comum que todo mundo possa traçar alguns paralelos com outras bandas, em qualquer tipo de música. O fato mais importante é que nós criamos aquilo que nós sentimos, e aquilo que nós queremos criar.

Existe uma cena forte rolando na República Tcheca atualmente? Nós sabemos que a sua cidade de Brno é (ou costumava ser) um centro importante.

Ravenoir: A cena Tcheca é muito ativa e forte. Temos muitas bandas, zines, casas de shows e eventos a céu aberto por aqui. Não estou certo se Brno é algum tipo de centro, mas sim, também na minha cidade natal podem ser encontradas bandas interessantes. Talvez você tenha ouvido falar do ROOT durante os últimos trinta anos. De fato, a banda de metal mais jovem de Brno é o RAVENOIR, por exemplo.

Você conhece o Metal Brasileiro? Você tem alguma banda preferida?

Ravenoir: Claro! Eu estive no grande show do CAVALERA BROTHERS em Viena para conferir como “Beneath the Remains” e “Arise” soariam após quase três décadas. Devo dizer que foi um grande show e minha lembrança para essa noite é a camiseta com o logo remetendo ao símbolo antigo do SEPULTURA, mas com caracteres levemente diferentes. Eu também assisti a alguns shows do KRISIUN no passado, eles são uma horda legal demais tocando Death Metal Extremo com o mais alto grau de profissionalismo.

Quais são os seus cinco discos favoritos de todos os tempos? Não estou falando de um gênero específico, mas das suas obras musicais absolutamente preferidas:

Ravenoir: Mesmo assim, eu permanecerei com a arte do Metal:

METALLICA – “Master ofPuppets”

IRON MAIDEN – “The NumberoftheBeast”

SLAYER – “Season in theAbyss”

DISSECTION – “Reinkaos”

CELTIC FROST – “To Mega Therion”

Eu gostaria de agradecer a você, Igor, e a todos os membros do RAVENOIR pela sua atenção. Por favor, fique à vontade para deixar uma mensagem a todos os leitores Brasileiros que estão conhecendo o seu trabalho:

RAVENOIR: Saudações a todas as almas Brasileiras do metal, do outro lado do nosso planeta. Espero poder encontrá-los a todos um dia, trocarmos algumas palavras e tomarmos algumas taças de vinho juntos. Mantenham vivo o seu fanatismo pelo futebol, e confiram a nossa música. Quando forem conferir a nossa música, toquem-na alto e batam suas cabeças!

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A atual formação do RAVENOIR conta com: Alesh AD (ROOT), Igor Hubík (ROOT) no baixo, o baterista Patrik Sas e o guitarrista Jakub Önslaughter Maděryč.

RAVENOIR / GOTHROOM online:

RAVENOIR’s Official Facebook Page:   https://www.facebook.com/RavenoirOfficial

Gothoom Productions: www.gothoomproductions.com

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