CD/EP/LP

POST LUCTUM – Acceptance (2021)

POST LUCTUM (Estados Unidos)
“Acceptance” — Digital 2021
Independente – Importado
9/10

“One-Man-bands” são muito comuns tanto no ambiente ríspido e monocromático (com variações) do Black Metal quanto na abordagem taciturna e carregada (também com variações) do Doom Metal. Forest Of Shadows e Doom: VS (Suécia), Sorrowful Land (Ucrânia), Nortt (Dinamarca), Deep Memories (Brasil), Paid Charons Fare (Alemanha), Mistveil (Grécia), The Dead Sea (Jordânia), When Hearts Wither (Austrália), Somnent (EUA); todos esses citados, embora a lista seja muito maior, provaram ser possível criar algo belo, integralmente único e completo sem a necessidade de seguir o molde tradicional — o convencional que se compreende através do substantivo coletivo “banda”. Claro que em todos ou quase todos os casos existem lacunas para colaborações externas, convidados e participações, mas a ideia central, o pensamento dominante parte e pertence exclusivamente a uma única mente.

 A POST LUCTUM é uma “one-man-band” oriunda da Flórida, EUA — e é a manifestação artística — musical de Ian Goetchius — compositor que prima por criações sólidas e intensas que seguem tanto a cartilha do Doom/Death Metal concebido nos anos 90 quanto por compreensões mais atuais do mesmo. Melódicas e atmosféricas, mas ainda sim, de peso arquitetônico e ameaçador. Suas produções se resumem a um ep: “After Mourning” (2019) e dois singles: “A Looming Shadow” (2020) e “The Lighthouse Keeper” (lançado em fevereiro desse ano). “Acceptance” é seu primeiro registro pleno e nele percebemos não apenas a evolução de Ian enquanto músico e compositor, mas também sua aguçada percepção e meticulosidade ao criar obras que exibem estruturas e qualidades similares, mas detalhes e arranjos completamente diferentes. Um bom exemplo desta sagacidade mutável surge logo à frente do álbum, em “The Passing”, cujos arranjos e atmosferas se espalham vagarosamente ao longo de mais de 10 minutos. “The Dark Fringe”, no que lhe concerne, exibe mais dinamismo, melodia e uma maior atenção nas guitarras; riffs, harmonias e solos.

Frozen Hearts” consegue se opor às duas anteriormente apresentadas e também se destacar das mesmas por entregar mais dinamicas, texturas e linhas melódicas. Além de sobreposições instrumentais, tempos bem explorados e ritmos quebrados que a aproximam dos antigos lançamentos do Swallow The Sun, October Tide e Daylight Dies. A gravação e a mixagem/masterização também predicam positivamente o álbum. A primeira por seu alto profissionalismo, clareza e minúcia, já a mixagem e masterização, por se ausentarem da mecânica e da superficialidade tão comum nos registros nascidos de uma única razão.

 Preservando a essência do trabalho “Our Monuments” e seu avanço esmagador; faixa que não apenas dialoga com as ideias ouvidas anteriormente, mas também as equilibra. O tema título regressa o disco ao senso épico e dolorosamente grandioso da inaugural “The Passing”. Lentas cadências, teclados exuberantes, embora aflitivos e arranjos que vão vagarosamente se desdobrando até culminar numa espécie de ápice de desolação e dor — “aceitação”, talvez.

Acceptance” não apresenta nada de original, raro ou inovador, mas acerta na homogeneidade de suas composições, no sentimento que cada uma delas emite e na honestidade da produção em sua plenitude. O trabalho de Ian Goetchius não exibe apenas inteligência e profissionalismo, mas também, bom gosto na escolha dos timbres e na confecção das linhas de guitarra, algo que se estende aos demais instrumentos.  Um disco bonito em cada um de seus mínimos detalhes e fragmentos, capaz de florecer tanto lágrimas quanto pensamentos escuros em noites também escuras dedicadas aos intervalos e dissabores da vida.

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