O ISKANDR é um projeto de Black Metal Atmosférico da Holanda, desenvolvido por uma dupla de multi-instrumentistas bem conhecida na cena: “O” está envolvido em bandas como TURIA, NUSQUAMA e LUBBERT DAS (todas voltadas ao Black Metal), enquanto que “M. Koops” é o líder da genial FLUISTERAARS, que teve seu disco mais recente resenhado e recomendado aqui nas páginas do T.O.C.S.
Seu terceiro disco de estúdio “Vergezicht” acaba de ser lançado pelo selo alemão “Eisenwald”, e é justo afirmar que temos aqui o trabalho mais significativo do duo até então.
A banda criou uma obra extensa, que ultrapassa uma hora de duração e divide-se em seis longos atos. É o tipo de álbum que requer audições tranquilas, contemplativas, que possam permitir a absorção de todos os elementos que o compõem.
A faixa “Gezag” é exemplo perfeito, oscilando entre passagens totalmente atmosféricas, com guitarras acústicas, e outras de pura agressão e caos, que te transportam de volta à cena Black Metal europeia dos anos 90.
Há também elementos de Post-Black e progressivos, como na segunda “Bloeddraad”, composta com ótimas melodias e riffs bastante cativantes, que persistem hipnoticamente, junto aos belos sintetizadores. A percussão simples e altamente efetiva reforça o efeito magnético desse som, um dos carros chefes do disco.
As partes mais atmosféricas foram elaboradas com grande riqueza de detalhes, e pode-se ouvir uma gama de instrumentos e efeitos sonoros, como os de sinos, passagens orquestradas, piano, teclados de diversos tipos e violões. Elas funcionam sempre com o propósito de acrescentar melancolia e conferir contornos épicos à música da dupla, com resultado muito positivo.
Os vocais também possuem formatos variados, desde os tradicionais atormentados do Black Metal noventista e das segunda e terceira ondas, até os mais graves e soturnos, lembrando o Doom Metal, passando por dobras e coros. Como na terceira “Gewesten der tijd”, dona de um dos riffs em tremolo mais legais do álbum, na sua seção mais agressiva e extrema.
“Baken” é um som impossível de não se destacar, composição cativante de ponta a ponta. Tem como diferença uma aura mais mística, e corais Folk que convivem harmoniosamente com suas passagens mais velozes e extremas.
“Verbod” traz consigo uma carga atmosférica das mais pesadas, o que a torna a faixa mais melancólica e sombria. Ao mesmo tempo, emana esse sentimento depressivo com belíssimo instrumental e performance vocal.
A peça de encerramento “Her slot” é não só a mais extensa, como a mais pesada e épica. A percussão intensa e punitiva lidera o ataque, seguida de perto pelas guitarras ásperas, cortantes, e o baixo pulsante e bem destacado. Incrível a transição para a seção final, com o riff arrepiante e progressivo em torno de 59:00, acompanhado pelos teclados. Coisa linda, que som foda.
Excelente terceiro álbum do ISKANDR, recomendável a qualquer fã de Black Metal Atmosférico e experimental, com elementos modernos. Boas referências: FLUISTERAARS (HOL), WIEGEDOOD (BEL), AGALLOCH (EUA), URFAUST (HOL), FEN (ING), WODENSTHRONE (ING), DRUDKH (UCR), WOLVES IN THE THRONE ROOM (EUA) e ENSLAVED (NOR).
Álbum divide-se entre as seis faixas a seguir, totalizando a duração de 63:46 minutos:
1 – “Gezag”
2 – “Bloeddraad”
3 – “Gewesten der tijd”
4 – “Baken”
5 – “Verbod”
6 – “Her slot”
Destaques: A segunda faixa “Bloeddraad” é de rara beleza, uma peça construída com genialidade e repleta de detalhes, que vão se deixando perceber e grudam na mente com o passar das audições. A quarta “Baken” é outra grudenta, com riffs e harmonias de guitarras grandiosas. Quer algo mais porrada? Ouça a última “Her slot”. O disco vale cada segundo da sua atenção.