Acompanho o SYMPTOMS OF SICKNESS desde 2013, quando o artista sueco responsável pela banda “Solus Elnefial” lançou o primeiro álbum (homônimo) de estúdio. O empreendimento solo tem sido conduzido desde a gelada Portland, no Oregon (EUA), cenário mais que perfeito para o desenvolvimento da atual sonoridade Death / Doom / Atmosférico / Ambiente.
O hiato de oito anos chegou a deixar dúvidas sobre a continuidade da banda, mas felizmente, no início de dezembro passado saiu, enfim, o sucessor “Leukotome”, lançado independentemente em versões digitais e em CDs (belíssimo Digipack com arte de capa bacana, do russo “Timur Khabirov”), sendo o tema uma homenagem ao pai do artista.
A apreensão por ouvir algo inédito após tantos anos transformou-se rapidamente em satisfação, porque o novo álbum demonstra um cara que soube aproveitar o tempo para evoluir musicalmente, e preocupar-se em compor, sem pressa, um trabalho sólido.
“Symptoms of Sickness” dá o pontapé inicial criando a atmosfera espessa e soturna, bem Doom Metal, ótimos teclados e percussão marcante. Os riffs marcham triunfantes, acompanhados por belas linhas de baixo e a bateria quase marcial. Os vocais de “Elnefial” variam desde passagens sussurradas ao gutural mais extremo, de ar pesaroso. Faixa épica, com segmento atmosférico bem sacado na sua metade, e retomada feroz e efetiva até sua conclusão.
“Leukotome” inicia vigorosa, guitarras de riffs potentes e vocais com dobras interessantes. O riff principal a seguir é fenomenal, e ouve-se uma seção onde o mais puro Death Metal reina absoluto, até ser interrompido por uma passagem Atmosférica/Doom repleta de emoção, onde afloram sentimentos negativos, como insuficiência, perda e vazio. Os violinos e violoncelos de “Kyleen King” e “Skip VonKuske” trazem nova dimensão e profundidade ao som, e funcionam bem demais junto às guitarras. Muito legais as variações e alternativas, com encerramento novamente agressivo.
“An Empty Shell of Life” cria atmosfera em ritmo médio e constrói uma espiral de tensão, acelera com instrumental empolgante até encontrar as vocalizações extremas, quando ganha ainda mais peso e contundência, de ótimas melodias. Destaque para o trampo de bateria, criativo e bem executado, e os vocais multifacetados e efetivos.
“Vinter” é uma instrumental pesadona e emotiva, na linha Epic Doom, também enriquecida com os violinos e violoncelos, e empregando guitarras mais melódicas que seguem, no entanto, soando agressivas, as escolhas dos timbres foi definitivamente acertada.
“Sorg” emenda na antecessora instrumental, e segue o ritmo melancólico e angustiante, em passos médios. Faixa Death/Doom com ênfase no segundo, por excelência. Destaca-se a performance vocal, repleta de camadas e transmitindo com efeito as emoções pretendidas.
“Your Sinister Wish” arrasta-se sinistramente em sua abertura, formando uma aura tensa. A curta passagem a seguir é atmosférica, de guitarras e vocais limpos (pela primeira vez no álbum, muito bons por sinal). A dupla violino/cello dá as caras novamente, com intervenções perfeitas, sutis e muito bem-vindas. Magnífica a forma como se estrutura o segmento final desse som.
O álbum encerra-se com “The Figure 8 Speech”, de pegada menos soturna e mais vibrante. Gostei muito do som das guitarras e do baixo nessa faixa. As partes mais aceleradas são pra lá de empolgantes, tornando-a um dos destaques individuais do disco.
O SOS entregou um excelente sucessor ao primeiro álbum, elegante, emocionante e contundente, numa viagem pessoal dolorosa do autor. Músicas extensas, bem compostas e variadas, o que só comprova que a banda merece, e muito, desfrutar de um maior reconhecimento e decolar. Para fãs de CLOUDS (GBR/ROM), SATURNUS (DIN), HAMFERÐ (FAR), SWALLOW THE SUN (FIN), MOURNING BELOVETH (IRL) e DRACONIAN (SUE).
Tracklist abaixo, duração total de 59:33 minutos:
1 – “Symptoms of Sickness”
2 – “Leukotome”
3 – “An Empty Shell of Life”
4 – “Vinter”
5 – “Sorg”
6 – “Your Sinister Wish”
7 – “The Figure 8 Speech”