CD/EP/LP

ECTOPLASMA – Inferna Kabbalah (2022)

ECTOPLASMA (Grécia)
“Inferna Kaballah” – CD 2022
Memento Mori (Espanha) – Importado
8,5/10

O ECTOPLASMA é formado, atualmente, por uma dupla de gregos obcecada pelo Death Metal old school, banda ativa desde 2013 e que já lançou um bom volume de material nesse período.

 Seu quarto álbum completo de estúdio acaba de ser lançado (final de janeiro), sob o título “Inferna Kabbalah”. Fazendo jus às tradições do estilo, a arte de capa fudida do espanhol “Mörtuus” não deixa dúvidas sobre a temática e aura carniceiras do registro.

 Sim, há centenas de bandas nadando por essas águas sangrentas do subgênero. O que torna o som dos gregos interessante, ou relevante? Primeiro, os vocais abismais do também baixista “John Grim” são bons. Nada espetacular, mas funcionam bem todo o tempo. Segundo, o instrumental seguro e competente da dupla passou a ter como base as guitarras imundas do membro recente “Dimitris Sakkas”, com timbre assassino e riffs contagiantes. A bateria, que ficou a cargo deste último, também brilha. Som vívido, bruto e de performance notável, demonstrando muita habilidade e versatilidade. Por último, não se descarta jamais um belo disco de Death Metal tradicional, como é o caso. Saturação é algo que só incomoda em meio à mediocridade.

 Além de agregar à banda os seus serviços como guitarrista e batera, o cara ainda trabalhou na produção, deixando o álbum com a sonoridade certeira, equilibrada e com aroma ideal de putrefação. As principais referências soam notadamente como AUTOPSY (EUA) das primeiras obras, CANCER (GBR), BENEDICTION (GBR) e, mais recentemente, os canadenses do OUTRE-TOMBE.

 “Inferna Kabbalah” apresenta boa evolução no nível das composições e na execução em relação ao antecessor “White-Eyed Trance”, de 2019. Vamos aos exemplos de maior destaque:

 “God is Dead, Satan Lives (Rosemary’s Baby)” é a primeira faixa, cuja letra narra o roteiro do filme clássico de horror de 1968 intitulado em português “O Bebê de Rosemary” (assista, é uma obra-prima do gênero), o som apresenta logo de cara os riffs afiadíssimos, sonzão de baixo e a já elogiada percussão.  

 “Appalling Abomination” a segunda faixa é marcada pelo show do batera e por guitarras monstruosas. Uma das melhores do disco. “Infestation of Atrocious Hunger” tem inclinação e vibe Death/Thrash, que geram momentos memoráveis. O mesmo ocorre com “Filth-Ridden Flesh”, típica música de momentos empolgantes, com potencial pra criar um tumulto ao vivo.

  “Desecration of the Christian Existence” é a peça de encerramento, altamente energética, blasfema e potente. Mantém a pegada imunda e doentia do álbum intacta, ótima faixa.  

 Excelente trabalho do ECTOPLASMA, nitidamente a nova formação acrescentou ânimo (e ódio) ao Play, e elevou o nível de qualidade dos pontos de vista de composição e execução. A duração média das faixas ficou excelente, a audição é agradável e fluída. Recomendável aos fanáticos por Death Metal puro e suas vertentes mais primordiais, e que não desejem, ou estejam à procura de uma reinvenção da roda.

 As oito faixas a seguir formam o Tracklist, com duração total de 34:36 minutos:

1 – “God is Dead, Satan Lives (Rosemary’s Baby)”

2 – “Appalling Abomination”

3 – “My Medieval Urges Materialized”

4 – “Infestation of Atrocious Hunger”

5 – “Inferna Kabbalah”

6 – “Gruesome Sacred Orgasms”

7 – “Filth-Ridden Flesh”

8 – “Desecration of the Christian Existence”

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