CD/EP/LP

LAMP OF MURMUR – Submission and Slavery (2021)

LAMP OF MURMUR (Estados Unidos)
“Submission and Slavery” – Digital 2021
Independente – Importado
9/10


Projeto liderado por um único indivíduo, conhecido (ou não) apenas como “M.”, o LAMP OF MURMUR é daquelas bandas que deixam a gente com um sorriso nervoso na cara.

 Esse cidadão norte-americano lançou, no mês de setembro, de forma independente, a versão digital do seu segundo álbum, “Submission and Slavery”. O primeiro saiu no ano passado, e a partir de 2019, já existe um bom número de Demos, um EP e um Split com outra one-man band, a britânica REVEREND MARQUIS.

 Explicando o sorriso nervoso lá de cima: A banda entrega um som peculiar, exótico, e que pode soar teoricamente improvável, mas que na prática funciona muito bem… a base de tudo é um Black Metal Melódico que prospera com cara de mau em alguns momentos (tendendo ao Raw Black Metal), com passagens Dungeon Synth super bem sacadas, e recheado de elementos Post-Punk, Deathrock e de Gothic Rock que acrescentam em textura, contraste e melancolia.

 Entregando o tamanho da importância dessas referências Deathrock / Gothic, o álbum se encerra com um cover bacana da banda CHRISTIAN DEATH, uma das mais significativas do estilo.

 Causa certo choque a forma extravagante, porém orgânica, com a qual a faixa de abertura “Reduced to Submission and Slavery” transita entre esses mundos tão distintos. Mais assombroso ainda, é constatar que os riffs desoladores e certeiros do músico harmonizam-se tranquilamente com os teclados quase Synth-pop, que brotam em meio a selvageria da percussão e do vocal, bestial e desesperador.

 A segunda faixa “Thine Be the Cavalry” funciona como um breve interlúdio, nos melhores moldes do Dungeon Synth. O impacto bizarro da mistura proposta retorna em “Dominatrix’s Call”, com guitarras limpas, vocais em camadas e muitos sintetizadores intercalados com as passagens extremas.

 “Deformed Erotic Visage” tem o início com riffs brilhantes e percussão empolgante, lembrando a sonoridade das bandas francesas (membros das Les Legions Noire), além do Black Metal escandinavo dos anos 90. Assim como a primeira, esta é outra faixa extensa, que explora com maestria a evolução dos seus riffs primordiais, tornando-se cada vez mais cativante com as sucessivas audições. O solo de guitarra nas passagens finais é uma puta viagem, som dos mais divertidos e inesperados.

 “Lustgate Toward Your Cruel Dominions” é mais uma faixa atmosférica e curta, com base de teclados, guitarras psicodélicas e distorcidas e um vocal fantasmagórico ao fundo. Encerra as músicas autorais do álbum, que fecha na sequência com o cover já mencionado.

 Se alguém me contasse que ouviu este álbum, e me descrevesse o conceito da obra e as ideias do sujeito, eu provavelmente daria risada. Não sei se arriscaria ouvir. Fato é, o resultado é memorável. Curti logo de primeira, e conforme repetia a experiência, gostava mais e mais.

 Deverá agradar aos fãs não xiitas de Black Metal Melódico, dispostos a agregar uma boa dose de armamentos não convencionais ao seu arsenal. Difícil comparar, mas diria que abrange os admiradores de SIELUNVIHOLLINEN (FIN), KAEVUM (NOR), AFSKY (DIN), ENDLESS DISMAL MOAN (JAP), ANGANTYR (DIN) e KRIEG (EUA).

 Álbum composto pelas seis faixas abaixo, com um total de 32:43 minutos de duração:

1 – “Reduced to Submission and Slavery”

2 – “Thine Be the Cavalry”

3 – “Dominatrix’s Call”

4 – “Deformed Erotic Visage”

5 – “Lustgate Toward Your Cruel Dominions”

6 – “As Evening Falls” (Cover do CHRISTIAN DEATH)

Destaques: As duas faixas mais extensas são a alma do trabalho, a primeira e a quarta. O cover no final é divertido, e bem diferente aos ouvidos habituados ao metal extremo. Em geral, obra das mais interessantes lançadas em 2021, cheia de surpresas positivas e extremamente agradável.  

Related posts

SERPENT OF THE ABYSS – Wrapped in Darkness (2021)

Daniel Bitencourt

VARATHRON – Emissaries of the Darkened Call (EP 2021)

Daniel Bitencourt

FREJA – Tides (2022)

Daniel Bitencourt