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NECROVOID FESTIVAL – Enthroned, Introtyl, Nervochaos, Obscure Relics, Justabeli, Gestos, Velho e Carpatus

Necrovoid Festival – The Blakened Horde Fest

Onde – Amesp – Joinville/ SC 

Data – 22/06/2024

Enthroned,(Bélgica) Introtyl,(México) Nervochaos (SP) Obscure Relics,(RJ) Justabeli,(SP) Gestos Grosseiros,(SP), Velho,(RJ) Carpatus

Fotos By – Necrovoid Produções 

A parceria entre as produtoras catarinense Necrovoid Productions junto com a paulistana Tumba Productions vem dando bons resultados para a cena catarinense. Eles trouxeram para Santa Catarina a lenda do black metal dos Países Baixos, Enthroned. Depois de 4 anos, eles voltam ao país e fizeram 11 datas pelo Sudeste e Sul do Brasil com a “Prophecies Of Sin Tur/2024” e caíram nas estradas brasileiras com as mexicanas da Introtyl e os brasileiros do Nervochaos. Com uma boa infraestrutura e uma qualidade sonora impecável, e provando mais uma vez, que um evento bem organizado e com ótimas bandas, a um preço acessível para o público, eles comparecem e apoiam a cena underground. Aliás, um bom público apareceu na Amasp, um lugar simples, porém ideal para eventos metálicos e underground. Desse bom público, o que me chamou atenção foi que uns 30% desse público era composto pela maioria de jovens. E 25% destes 30% eram majoritariamente de gurias e isso mostra que, com pequenos passos, a cena está renovando-se. Em uma conversa no intervalo de um show para outro com meu amigo Fernando Camacho, do selo Black Hole Productions(SC) e o amigo Aristides, também comprovaram isso e estamos felizes, porque nós velhos temos que apoiar essa nova geração e o underground / metálico continuar sua luta no submundo e forte!

Nervochaos

O evento começou meia hora depois do previsto. Estava marcado para iniciar às 15h30 e começou às 16:00. Eu entrei no evento e os cariocas do Obscure Relics já estavam detonando um poderoso black metal tosco, no bom sentido é claro, e fazendo a alegria do público presente. Só consegui pegar três músicas e o que eu vi ali foi mortal e poderoso! Obscure Relics executa um black metal com aquela pegada old school e calcado nas bandas brasileiras dos anos 80 e 90, e também por medalhões da cena mundial, como Venom,Bathory, Celtic Frost e Hellhammer. Como citado, deu um pequeno problema na entrada e demorou um pouco para o público conseguir adentrar e perdi o show deles, mas consegui ouvir as três últimas músicas: Satan Victory, The Last Storm Winter e um fudido cover para um dos melhores hinos do submundo mundial, Satan My Master dos ícones supremo Bathory. Felizmente, no final do show, a pista já estava cheia de metalheads e todos aplaudiram o show dos caras!

A segunda banda a subir no palco foi os paulistas dos Gestos Grosseiros e seu matador death metal. O “Gestos” é um power trio que não precisa ser apresentado para quem habita o submundo e na pessoa de Andy Souza, que segura os insanos e cavernosos vocais, também manda ver na bateria, muito bem executada e furiosa. O guitarrista Kleber de Oliveira, com riffs matadores e brutais, e o baixista Ronaldo Amadeu, com um poderoso baixo, executaram faixas furiosas e resgataram todo aquele clima malévolo do death metal. Como é bom ver uma banda absurdamente bem entrosada, que sabem o que fazem, e melhor, gostam do que fazem em cima do palco, e cultuam o death metal. O set deles foi focado no último disco de estúdio: Blasphemous Words.(2023) E já mandaram as pedradas, Anticipating the Moment of Death, Blind Lamb, Splattered Blood e Chaos Domination, todas do novo disco. O Gestos é death metal com uma pegada old school e partes que vão para o brutal death metal! Riffs bem trabalhados e furiosos. Bateria rápida e com blast beat e partes cadenciadas. Seguindo com Blasphemous Words, Darkness Prayer, Vomited by the Lambs e Countdown to Kill. Show, matador!

Os paulistas do Carpatus subiram no palco e executaram um poderoso black metal muito gélido, obscuro e com passagens atmosféricas e tétricas. Tocaram músicas de todos os trabalhos lançados por eles. Iniciando com a faixa do segundo disco, chamada: Out of the Desolation Planet (2003). Towards The Empire Of Ruins e a primeira música do último lançamento: Magna Umbral 2023. Que faixa maravilhosa é Black Abyss Is Calling. Unholy Pagan Cult, do penúltimo trabalho deles, Tormenta, de 2021. Agora mais uma faixa do novo disco e essa em português: Pelas Sombras do Vale da Morte. Voltando ao passado da banda, Aeon Damation. O som dos paulistas é uma ode ao black metal noventista e tem influências do metal negro norueguês, porém com identidade própria. Com uma bateria executada magistralmente e guitarras bem trabalhadas e aqueles vocais típicos do black metal rasgado e furioso. Fechando o set com as faixas: Burning Circles Of Sacrifice e Greyish Walls Of Beyond. A banda fez um set matador e era nítida a alegria do trio negro no palco e o público presente curtiu muito a apresentação dos paulistas.

As trocas entre uma banda e outra eram muito rápidas e ponto para a organização, mais uma vez! A terceira banda da noite, a subir no palco, os guerreiros do Justabeli incendiaram o palco com seu death black metal, insano e mortal! Power trio formado por: Guitarra Ferrete, na bateria The Big Beast e no baixo e vocal War Pheriz. O set deles foi praticamente focado no último disco de estúdio: Screaming Triumph.(2023) Uma intro do filme Conan é tocada e dá o clima para o início do set da máquina de guerra Justabeli. E já cria uma boa expectativa. Iniciando com as faixas: Death To The Weak, Screaming Triumph e Gates of Nanna. Com riffs caóticos e brutais, bateria com muitos blast beats, uma áurea negra, profana e agressiva. E a máquina profana não para e toma pedrada na cabeça com as faixas: Divine Fall e Baphomet. Os vocais insanos de War Pheris mesclam vocais cavernosos e brutais com apartes mais limpas, declamados com um clima pagan. A faixa, Baphomet, é um mantra de pura energia obscura e tétrica. Que faixa carregada de raiva aos dogmas cristãos e uma ode ao satanismo. A banda toda executa seus instrumentos perfeitamente e todos são muito experientes como músicos, mas o baterista, além de tocar brutalmente, é um show à parte, o cara rouba a cena. Fechando sua apresentação com a música Sleep Of Death. Um grande show e, mais uma vez, bandas brasileiras provando o quanto são brutais e furiosas.

Eu e minha amiga Mariana Fernanda, estávamos ansiosos pelo show “das chicas mexicanas” do Introtyl e que show insano e brutal. Essas meninas vão longe pelo que nós catarinenses presenciamos no show delas. As gurias sabem o que fazem, têm atitude, respeito pelo público e, melhor de tudo: executam um grandioso death metal! Kary Ramos, no vocal, Rose Contreras, na guitarra e Sariux Rivera, no baixo. Introtyl foi formado em 2010, na cidade do México, e desde então lançou três EPS. Several States of Violence, (2013) Inception (2014) e Inside of Violence.(2017) . Em 2018, saiu o Full Length “Creation of Insanity”. Em 2020 saiu mais um EP Vmbra e logo depois o segundo 

álbum completo “Adfectus”, foi bem recebido pela mídia especializada e os cultuadores do death metal. Pela segunda vez no Brasil. A primeira vez foi no Setembro Negro de 2023 em uma única apresentação, e agora uma tour pelo Brasil e oque nós vimos em Joinville, conseguiram novos, ou melhor muitos seguidores! Não sei por que a banda não trouxe a baterista Annie Ramírez para essa passagem pelo Brasil. Contrataram o baterista brasileiro Apophys, que já tocou no Mystifier e no Decompesed Gods. E o cara segurou bem as baquetas e estava bem entrosado com as mexicanas. As guerreiras astecas do death metal iniciaram o set com uma intro e mandaram ver músicas de toda sua discografia. Iniciando com as músicas A Raped Brain e Regression. Já no início de sua apresentação, a pista foi tomada por uma horda de lunáticos e amantes do metal da morte! A vocalista Kary Ramos tem uma presença de palco insana e uma voz furiosa! Muito simpática e sempre conversando com o público. Batendo a cabeça e chamando o público para o mosh pit. O culto ao death metal continua com: Fear, Dissection Of The Souls, Several States Of Violence e Nauseated. Com riffs brutais e rápidos, técnica apurada e uma presença de palco insana, não tem como ficar parado em um show delas. É tão bom ver musicista em cima do palco e você sente a energia delas e vê que elas estão ali tocando com garra, com amor e profissionalismo. A pequena vocalista Kary sempre chamando os metalheads para abrir rodas e falando: vamos, vamos! Ela pediu para o público fazer um “wall of death” e eles seguiram o seu comando. Foi insano! Mais músicas e tome The Land Of The Fleshless, Agression e Redemption. O show delas é contagiante e o público recebeu as mexicanas de braços abertos. Riffs e bases poderosas. O som delas vai numa vibe de Deicide, Immolation, Bolt Thrower e algumas passagens de hardcore, fechando com as músicas: Zyklon Of Death, Under My Skin e Zombified. Saíram do palco com o público gritando Introtyl! Introtyl! Introtyl! As garotas, muito queridas, tiraram fotos com todos que a procuraram e trocaram uma conversa rápida, e ficaram no meio do público curtindo o evento e os últimos shows da noite. As guerreiras astecas provaram que lugar de mulheres é onde elas quiserem estar e por que não, no palco, tocando e detonando um death metal arghhhhh!!!!

O palco agora é invadido por guerreiros que cultuam o que é antigo, o que é velho, primitivo e profano. Os cariocas do Velho subiram no palco e quebraram tudo! Quem acompanha o trabalho desses insanos e psicopatas cultuadores do metal negro sabem que o Velho gosta de estar no palco divulgando seus hinos misantropicos e niilistas. Só dar uma vasculhada em sua discografia e encontrará muitos discos lançados no formato “live/ao vivo” e inclusive, um foi gravado em nosso estado, ‘Ao Vivo em Rio Negrinho”, (SC) em 2020. Thiago splatter, na bateria, Caronte, nos vocais e guitarra, Død, guitarra e Rafael Lopes, no baixo, fizeram um show matador! Os cariocas realmente trouxeram para a Amasp um clima negro e totalmente frio, e malévolo em sua apresentação. A devastação profana e o resgate do velho black metal iniciam com as músicas: Mais Um Ano Esfria, Senhor de Tudo, A Nova Onda Ocultista e Uma Trilha Sem Pegadas. E os cariocas fizeram todos os presentes baterem cabeças alucinados, rodas foram abertas e a pista ficou insana, tamanha troca de energias entre banda e público. Mais hinos negros são executados e segue com Capela Negra, Círculo de Fogo e Coma Induzido. A música deles é fria, maléfica, crua e obscura. Sem muito malabarismo ou masturbação de técnica, e só o metal negro lúgubre e macabro. Riffs poderosos, baixo pulsante e dando o peso e consistência. Os vocais de Coronte são assustadores e te levam ao fundo do abismo. Splatter, o cara é um monstro atrás do seu kit de bateria, quebrando tudo com partes rápidas e cadenciadas. Os cariocas em cima do palco são entrosados e furiosos e mais hinos são tocados: A Mesma Velha História, Perto dos Portais da Loucura e A Marca Invisível de Lúcifer. E o público apoiando a banda e petrificados com a fúria e energia dos cariocas. As letras do Velho são entoadas na língua de Fernando Pessoa e isso faz toda a diferença. Letras sob filosofia e existencialismo, e atacando os dogmas religiosos, tudo isso com riffs brutais, bateria pesada, passagens de morbidez e gélidos. Chegamos ao final do show e as últimas músicas são executadas:  Newton, Misantropo, Satã, Apareça! e O único Caminho. A banda foi muito aplaudida e saiu do palco com o público gritando: velho! Velho! Velho! Que o metal negro seja cultuado através dos tempos, que o culto ao primitivo, seja eterno!

A penúltima banda da noite, o Nervochaos retornando para Santa Catarina, já tem uma legião de seguidores por aqui. O show deles também foi brutal e a pista da casa encheu com o público. Aliás, isso foi bonito de ver porque o público realmente apoiou todas as bandas e todas as apresentações estavam com a pista cheia! O power trio Edu Lane, bateria, Diego Mercadante, vocal e guitarra, Daniel Corvo, no baixo, fez um set matador! Tocaram músicas de todas as fases e o público apoiou muito o show dos caras! O  Nervochaos é provavelmente a banda que mais faz shows durante o ano dentro e fora do Brasil. O Edu provou o que o meu tio Rafael me disse lá nos anos 90, quando eu era um adolescente: um homem só precisa de três coisas na vida: ter bom caráter, ser um cara tranquilo e honesto e bons contatos. Já iniciaram com Infernal Words, Dragged To Hell, Whisperer in Darkness e duas já clássicas em qualquer show deles: Pazuzu is Here e Total Satan.

Com riffs rápidos, pesados, ríspidos e precisos, bateria sempre alternando passagens rápidas, blast beat, baixo pesado e os vocais cavernosos típicos do death metal! E os caras fizeram uma homenagem para as bandas que os influenciaram sua carreira no submundo e alegraram também o público presente com três covers: Relentless,(Pentagram) , Von (Von ) e Metal Forces.(Onslaught) E final de show com: For Passion Not Fashion, The Urge to Feel Pain e To The Death. Show brutal e maldito!

O público presente estava ansioso pelo show do Enthroned e foi outro show matador e insano! Comemorando 30 anos de bandas e sua terceira passagem pelo Brasil, os belgas estavam bem à vontade antes do show. Ficaram no meio do público desde o início, trocando ideias e tirando fotos com seus fãs em um clima bem underground e sem estrelismo. E quem me conhece sabe que eu respeito bandas, principalmente gringas, que tenham esse tipo de atitude e respeito com seu público. A comunidade metálica é irmandade e união. Sem ataques de Rock Star ou estrelismo fútil.

Nornagest vocal, Neraath guitarra, Wrast guitarra, Nargaath baixo e Menthor na bateria, adentraram ao palco e o público foi à loucura. Iniciou o set dos belgas com uma “intro” (Satan ‘s Realm) e daí foi só brutalidade e insanidade, com hinos furiosos e maléficos. Executaram muitas músicas dos últimos álbuns, como as faixas: The Ultimate Horde Figths, Through The Cortex, Sepulcred Within Opaque Slumber e Silent Redemption. A banda já tinha o público enfeitiçado por seu black metal furioso, pesado e muito bem executado. Nornagest o vocalista sabe conquistar os seus fãs e sempre comunicando com o público e até tentou umas palavras em português. Mas quem estava ali na pista queria vê-los e ouvi-los tocando seus hinos frios e obscuros. Deathmoor, Rites Of The Northern Fullmoon, Smoking Mirror e Hosana Santana. Que show! Que banda insana em cima do palco! Os caras executam seus instrumentos com fúria e técnica. Riffs gélidos, bateria rápida e o vocalista rouba a cena com sua performance. Fechando as últimas do set: Of Father And Flames e Evil Church. Os belgas deixam o palco e o público entoa: Enthroned! Enthroned! Enthroned! Sob uma intro- Armoured Bestial Hell, eles voltaram ao palco e tocaram a última música do show: Of Shrines Avd Sovereigns e foi perfeito!

Talvez o único defeito do show dos belgas que não tocaram clássicos do passado, como os fãs das antigas que estavam presentes esperavam. Fora isso, o show matador e a banda deixaram todos os presentes contentes por serem simpáticos, atenciosos com os fãs e, melhor de tudo: em cima do palco, entregaram um show perfeito!

Como todos sabemos, no underground não fazemos nada sozinho, somos uma irmandade e uma união. Tenho que agradecer aqui ao amigo Danilo Monster, que me deu carona. Valeu mesmo! A minha querida amiga de sempre, que é minha intérprete no inglês e fotógrafa Mariana Fernanda. As amigas de carona: Larah e Lady Vanessinha, pelo bate-papo e risadas. Obrigado especial para Denise Muniz & Fantasma (Rhestus) pela ótima recepção e hospitalidade em sua casa. 

Enquanto finalizo essa resenha recebi a mensagem do amigo Tuka “Deathos” da Volkmort, me avisando da morte do amigo e guitarrista Fernando “Feio”Barg Virrugus Apocali (1979 – 2024) do Goatpenis. Infelizmente, faleceu! Descanse em paz e seu legado será eterno!

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