CD/EP/LP

ARCHSPIRE – Bleed the Future (2021)

ARCHSPIRE (Canadá)
“Bleed the Future” – CD 2021
Season of Mist (França) – Importado
8,50/10

Sabe aquelas bandas de Technical Death Metal que levam o estilo às últimas consequências, e estão sempre tentando romper os limites, colocando a barra uns centímetros acima? O ARCHSPIRE é dessas, e eles conseguem fazê-lo com todas as honras.

Os Canadenses têm boa experiência e rodagem, na estrada desde 2007. São artistas do cartel da “Season of Mist” desde, pelo menos, 2014. O novo álbum “Bleed the Future” é o quarto da banda, e o terceiro sob o selo francês, lançado no final de outubro (esse mês foi absurdo para quem curte metal extremo, saiu muita coisa excelente).

A linha trabalhada pelo ARCHSPIRE é um Death Metal ULTRA técnico e furioso, quase sempre tocado à velocidade da luz, e em muitos momentos ultrapassando a barreira do Brutal Death Metal. Os vocais do “Olivier Rae Aleron” são um show à parte, funcionam praticamente como um instrumento adicional. É um gutural abusivo e vomitado a uma velocidade tão anormal, que quase sempre fica impossível distinguir alguma coisa, mas o resultado é muito positivo.

As guitarras de sete cordas de “Tobi Morelli” e “Dean Lamb” são de outro mundo. O nível de habilidade evidenciado por ambos é espetacular, tanto na construção dos riffs insanos e totalmente esquizofrênicos, quanto nos malabarismos e pirotecnias. As harmonias, dedilhados, sweeps, duelos, leads e os solos são surreais. E muitas vezes o baixo se junta a eles. Eu curto assistir aos vídeos playthrough de algumas músicas, é divertido. Recomendo que o leitor confira, o “YouTube” tem diversos disponíveis. Experimente assistir ao de “Human Murmuration” ou “Involuntary Doppelgänger”, por exemplo.

O batera “Spencer Prewett” e o baixista “Jared Smith” não ficam nem um pouco atrás, são dois monstros, tornando o quinteto um dream team da música extrema.

Falando no álbum em si, a produção é tão impecável quanto a dos dois anteriores. Instrumentos muito bem equilibrados na mixagem e os vocais brutais à frente. O tema é Ficção Científica, com letras gigantescas (como o cara faz pra lembrar delas todas? Acho que não faz..haha). As músicas são curtas, em média três minutos e meio cada, porém de intensidade opressora. Dica: Se possível, ouça com um fone de boa qualidade.

Drone Corpse Aviatoré o som de abertura, e um dos destaques individuais. Ganhou um vídeo profissional bem interessante, e visualmente brutal. Tem também o playthrough do baixista (fudido). As seções meio contemplativas são muito legais, trazem um contraste bacana à demência do instrumental / vocal.

Golden Mouth of Ruin” é a segunda faixa, e aqui há segmentos menos velozes, onde a banda agrega peso aos riffs e continua a explorar todo seu virtuosismo e entrosamento. Som incrível, que consegue ser mais cativante que a média para um trabalho do estilo.

Bleed the Future” a quarta faixa divide título com o álbum, é um som bem compacto e brutal, de uma quebradeira rítmica bizarra, acelerações de 0 a 1000 despropositadas, que te pegam de surpresa, e causam quase um AVC enquanto você tenta compreender o que te atropelou.

Reverie on the Onyx” é a sétima faixa, outra matadora. O brilho do duo de guitarristas volta ao foco, lembrando muito os melhores momentos do disco “Relentless Mutation”, onde há as melhores músicas da carreira deles até aqui.

Excelente trabalho do ARCHSPIRE, mas o anterior ainda é meu preferido, por ter os sons mais cativantes já criados pela banda. Se você odeia Tech Death Metal, passe longe. A quem não está familiarizado, eis uma boa oportunidade (tenha em mente que esse tipo de som requer algumas audições para absorção). Altamente recomendável aos fanáticos por loucuras como ORIGIN (EUA), RINGS OF SATURN (EUA), GOROD (FRA), FALLUJAH (EUA), RIVERS OF NIHIL, THE FACELESS (EUA) e ANATA (SUE).

Tracklist abaixo, duração total 31:35 minutos:

1 – “Drone Corpse Aviator”

2 – “Golden Mouth of Ruin

3 – “Abandon the Linear”

4 – “Bleed the Future”

5 – “Drain of Incarnation”

6 – “Acrid Canon”

7 – “Reverie on the Onyx”

8 – “A.U.M. (Apeiron Universal Migration)”

Related posts

MALOKARPATAN – Vertumnus Caesar (Adv. CD 2023)

Fábio Brayner

INSOLITUM/PATHOGEN/DEATH INVOKER/NECROCCULTUS – Antigos Rituais de Culto a Morte (2020)

Fábio Brayner

CRYPTWORM – Spewing Mephitic Putridity (2022)

Daniel Bitencourt