Entrevistas

CONVULSIVE – Mortos-vivos criando metal da morte em sua pútrida essência

Goreterrorist: Salve, Walter. Como vai, irmão? Espero encontrá-lo bem e com saúde. Primeiramente quero te agradecer pelo contato e pelo espaço cedido ao Convulsive para uma nova entrevista. Muito obrigado. Respondendo à tua pergunta, sim, quando cedemos a primeira entrevista ao amigo Fábio Brayner, tínhamos recém gravado o debut álbum “The Grotesquery Ruins of Death” e aguardávamos o lançamento do disco pelos parceiros firmados. E assim que o disco saiu a repercussão foi a mais positiva possível, recebemos muitas mensagens de apoio de headbangers de vários cantos do planeta. O trabalho dos parceiros que lançaram o álbum no exterior foi fundamental para isso, fez com que nosso caos musical ecoasse por outros continentes. Recebemos várias notas positivas de fanzines e mídia especializada, o álbum chegou a ser citado como lançamento do ano por alguns, então sim, a repercussão foi extremamente positiva, o que nos surpreendeu demais, já que gravamos o álbum sem pretensão alguma. O que nos uniu para formar o Convulsive foi o amor que compartilhamos em comum pela música podre subversiva, nunca imaginaríamos ter um álbum de estreia lançado no Brasil, Europa, México e Estados Unidos. Isso foi surreal, algo inimaginável !

Bestial Vomit: Salve Walter, salve leitores ávidos por carne e sangue leitores da T.O.C.S.Z!!! Primeiramente gostaria de agradecer o espaço cedido novamente, o trabalho de vocês é fodido demais, True Underground Die Hards!! Sim, o Grotesquery nos trouxe muita satisfação e ficamos muito felizes com a repercussão. Foi um álbum feito sem pretensão nenhuma, apenas um projeto entre maníacos pelo metal da morte, só que o álbum acabou rodando aqui no Brasil e fora também e foi muito legal isso, ninguém da banda esperava. Conseguimos um contrato internacional para distribuição e gravação de novos materiais pela Sewer Rot Records dos EUA, saímos em CD e tape por lá! Tivemos duas tiragens esgotadas em tape na Alemanha pelo selo Rat Covenant Records, saímos em CD no méxico e aqui no Brasil nossas tiragens lançadas pela Blasphemy Production já encontram-se quase esgotadas! Saímos em Zines pelo mundo, recebemos mensagens e e-mails de death bangers elogiando a gente e isso foi muito foda, essa conexão, de banger pra banger, saca? A gente sabe que atualmente tá rolando uma onda do “Death Metal Oldschool”, tá legal ser Podrão, tem muita coisa legal e muita coisa que força a barra sendo feita e termos um trabalho que pode se destacar no meio disso tudo é foda demais, a gente captou ali exatamente quem a gente queria, a galera que curte de verdade. O Grotesquery foi nosso primeiro filho que nos trouxe bons resultados, então é um álbum bem especial para gente, pontapé inicial de tudo, saber que ainda tem muita gente curtindo nos deixa muito satisfeitos e com vontade de fazer mais e mais.

Goreterrorist: Realmente, o death metal é a bola da vez, é o estilo que está em maior evidência no momento. O boom de novas bandas do estilo mostra isso. Mas se você analisar friamente, a cena death metal sempre correu por fora, independente das tendências. Acho que a mídia e as próprias gravadoras que deixaram de dar tanta visibilidade pras boas bandas death metal que sempre existiram. Agora  o estilo está em evidência novamente, e no meu ponto de vista, muito pelo esforço dos pequenos selos que também tem surgido. Os pequenos selos nunca abandonaram o estilo, sabe porque ? Porque esses pequenos selos não visam mercado, a maioria deles é formado por headbangers pra contribuir com a cena de alguma forma, assim como os zineiros, pequenos produtores e etc. A facilidade da internet e das tecnologias também contribui pra isso, facilita o acesso, diminui os custos. Hoje em dia é muito mais facil e barato prensar 300 discos do que era antigamente, então facilita para os pequenos selos que trabalham com pequenas tiragens. Isso faz com que mais pequenos selos apareçam, selos que procuram novas bandas para divulgarem seus trabalhos em comum. Então, é bom pra todo mundo, e por esse motivo eu vejo com bons olhos esse boom do death metal atualmente. Bandas boas e ruins sempre existirão, aí cabe a cada um filtrar o que quer ouvir, mas o espaço e as oportunidades estão mais acessíveis (ao meu ponto de vista), afinal, qual grande selo daria oportunidade pra uma nova banda como o Convulsive? Se não fosse esses pequenos selos undergrounds, nosso disco nunca sairia no formato físico. Sobre novas bandas, tem muita coisa boa pra citar, gosto muito de Vermin Womb, Carnal Savagery, Witch Vomit, Pissrot, Abraded, Maimed, Soul Devourment, Infested, etc… aqui no Brasil destaco os amigos do Sevo, que nem é uma banda nova, mas lançaram seu debut há poucos meses e é um álbum avassalador, destruidor em todos os sentidos.

Bestial Vomit: Meados de 2000 teve a onda do Metal Melódico e do Black Metal, eu era um moleque de uns 13 anos (em 2003) e acompanhei de longe pois nessa época meus pais ainda não me deixavam ir nos shows sozinhos hahahahaha. A onda do Metal Oldschool eu comecei a acompanhar em 2006, mas a galera mais velha daqui tipo os malucos do Farscape, Flagelador, Apokalyptic Raids já tavam nessa desde 2000 e foram pioneiros por aqui e no Brasil também, então eu acompanhei isso na época, ia nos shows e tinha uma galera, era muito legal e como você disse foi responsável por trazer de volta ao metal a essência que havia se perdido um pouco. Lembro que o que tava em alta eram coisas tipo death metal melódico (merda pura), o que chamavam de Gothenburg Sound (outro balde de lixo) e essas bandas foram responsáveis por trazer um lance que rolou nos anos 80 quando as bandas estavam aparecendo, aquela fúria e vontade de fazer com amor e raça, coisa que se perdeu pois virou um palco de “eu toco mais que você” ou “minha banda vai ser famosa”. No Death Metal atual eu sinto isso, essa mesma energia que sentia em 2006 com uma galera que tá com vontade e sangue no olho. Claro que tinha muito oportunismo e hoje em dia não vai ser diferente, mas vamos falar das bandas fodas que compõem nosso cenário pois essas sim sempre merecem atenção! Cito o Podridão, Sepulcral Whore, God Funeral, Rottenbroth, Rotborn, Echoes of Death, Leprovore, Sutura,  das nacionais que me vem a cabeça agora e eu curto pra caralho. Das gringas eu piro muito no Abraded, Worm, Pharmacist, Septage, Hyperdontia, Pissgrave, Necrot e mais uma porrada de outras bandas, mas essas são as que mais tenho pirado ultimamente e que me vem à cabeça agora!

Goreterrorist: Realmente, independente do ramo de atuação, quem faz o que gosta com amor e dedicação sobrevive, aos trancos e barrancos, mas sobrevive. Sobre as parcerias, por incrível que pareça, para o debut, foram os selos que nos procuraram. Ficamos muito surpresos por isso, não esperávamos. Mas aí entra o que disse na pergunta anterior, o acesso de hoje em dia facilita as coisas. Quando a mix do disco ficou pronta, postamos o álbum completo em nosso bandcamp. Dois ou três dias depois já recebemos as primeiras propostas. Depois que fomos entender que atualmente o bandcamp é um garimpo para os pequenos selos espalhados mundo afora. Os caras ficam antenados procurando novas bandas, e se interessa, entram em contato. Foi dessa forma que as coisas foram acontecendo pra gente e assim fomos fechando as parcerias. Sim, eu particularmente gostei muito do trabalho dos parceiros. Todos fizeram um excelente trabalho e todos cumpriram com o combinado conosco, então tá tudo certo, só elogios.

Bestial Vomit: Exatamente, Walter! E hoje em dia mais do que nunca, você tem que estar nessa por gostar de verdade, ainda mais sendo alguém do underground onde precisamos batalhar por tudo, desde o lançamento físico até espaço para tocar! Vida longa aos verdadeiros e quem leva sua vida atrás de um ideal indo de encontro aos padrãozinhos impostos pelo sistema. A galera tem maneira de falar “moda”, acho essa palavra muito pesada, se fosse moda mesmo estaria em todos os segmentos da sociedade, na televisão e jornais, não é o que acontece, temos apenas um nicho de público que se identifica com aquele som. Tem muita gente que vai na onda? Sempre tem, mas a esses que se fodam com força, os verdadeiros estão ai firmes e fortes e isso que importa. Sobre as parcerias, foi um processo engraçado. Geralmente uma banda quando lança material, corre atrás de selos para a distribuição, com a gente foi ao contrário e vieram nos procurar com interesse no nosso material, doideira demais. A gente jogou na internet nas plataformas digitais e foi aparecendo uma galera que curtiu, aqui no Brasil além da Blasphemy Productions tivemos proposta de mais dois selos após o lançamento e são dois selos de respeito (diga-se de passagem), porém optamos pelo Oscar pela parceria no lançamento do Feretral e pela correria de anos. Com os gringos foi o mesmo, os caras ficam ligados o tempo inteiro no que tá rolando, principalmente aqui na América do Sul. Dai foi tudo bem tranquilo, eles são bem honestos e cumprem certinho o que prometem, o maior problema está aqui no nosso país pois tivemos problemas em receber alguns materiais por conta da alfândega mas vida que segue, o importante é estar espalhando por aí! Ficamos muito satisfeitos com tudo isso, pois como disse, não tínhamos pretensão de nada e tudo foi acontecendo de forma natural!

Bestial Vomit: O Convulsive veio de uma explosão criativa que muitas pessoas tiveram durante o período da pandemia, onde estava enclausuradas em casa. Foi um período caótico, de incertezas e o clima tava propício para fazer o tipo de som que curtimos, digamos que unimos o útil ao agradável e se fossemos morrer ali que fosse fazendo o que mais amamos. Antes de gravarmos o Grotesquery, nós fizemos o split do Feretral com o Spermspawn, dai que veio todas as ideias e a vontade de por para andar esse projeto. O Splatter é um cara muito correria, é um cara que vive e respira o metal intensamente, ele e o Goreterrorist foram os cabeças disso tudo. Eu trouxe a parte visual com o logo, as letras sobre filmes de zumbi, aquela temática bem podre que bandas como Repulsion, Mortician, Necrophagia faziam e o Deorasprofanum os riffs mórbidos com fedor de caixão!! Sobre shows, isso ainda é uma coisa bem complicada para nós. Seria muito foda, temos convites, porém desde o inicio o Convulsive sempre foi idealizado como projeto.  Nunca realizamos um ensaio juntos, os que aconteceram foram a distância com o Magrão ensaiando o baixo em casa sozinho em Cuiabá e o restante da banda aqui no Rio ensaiando, então tudo isso teria que ser combinado com bastante antecedência para sair bonito e não ter decepção para quem anseia por um show nosso.  O Ivi do Podridão nos cobra bastante sobre isso, estamos tentando fazer acontecer desde o Grotesquery, uma hora pode dar certo como pode demorar muito tempo também ou nem acontecer, vai saber, então é melhor não criarmos expectativas para não gerar cobranças hahahahahahaha Tudo é possível, vamos ver o que acontece, esperem cenas dos próximos capítulos hahahahaha.

Goreterrorist: conheço o Splatter há uns bons anos, e fazia um bom tempo que não nos encontrávamos. Em 2020, formamos um coletivo de headbangers aqui em minha cidade, Cuiabá/MT, e desse coletivo saiu a iniciativa de trazer o Velho pra tocar em nossa cidade. Na ocasião, foi a última vez que toquei com a minha banda Gorempire, abrimos para o Velho, o show aconteceu 4 anos atrás, em 14 de março de 2020. Depois desse show, eu e o Splatter nos reaproximamos, e dessa reaproximação saiu a ideia de lançarmos um CD split de nossos projetos (na ocasião Spermspawn x Feretral). Após trabalharmos juntos neste split que surgiu a ideia de formar o Convulsive, de gravarmos um material death metal oldschool juntos. Então foi assim que tudo aconteceu. Gravamos na sequência o full album, sem pretensão alguma, e as coisas foram acontecendo naturalmente, sem pressão, sem expectativas. Depois da boa aceitação do debut, especialmente no exterior, o que nasceu como um projeto de gravação, em algum momento se transformará em banda de fato. Toda essa repercussão positiva nos despertou o interesse de tocar ao vivo com certeza. O que trava para isso acontecer no momento é a logística complicada. Eu moro em Cuiabá/MT, o Splatter e o Bestial Vomit no RJ, e o Deoarsprofanum mudou-se do RJ para MG. Então ainda não conseguimos nos organizar para reunirmos e fazer alguns ensaios e focar em shows. Mas uma hora isso vai acontecer naturalmente, no momento certo irá acontecer com certeza. Sim, uma tour é possível, não agora, mas no momento certo. Aguardamos ansiosos por isso, vai ser foda trombar a galera na estrada e bater cabeça até a morte.

Goreterrorist: Gorempire é um capítulo especial em minha vida. De todas as bandas que toco e já toquei ao longo dos últimos 25 anos, Gorempire é a primeira e única formada por mim e meu irmão, o Augusto. O embrião do que veio a se tornar o Gorempire surgiu com nós dois, lá por 98/99, eu tinha 17 anos e ele 14 anos. Então essa banda sempre teve e sempre terá um carinho especial em minha vida. Nosso último show foi em 14 de março de 2020, na ocasião comemorávamos os 20 anos de banda. Tínhamos muitos planos para aquele ano, inclusive gravar um novo material no fim de semana seguinte após este show. Porém, veio a pandemia. Na segunda-feira pós show, o prefeito de nossa cidade baixou um decreto fechando tudo e isolando a cidade. De um dia pro outro a cidade virou cenário de filme de terror, ninguém podia sair nas ruas, exceto para trabalho essencial. E essa situação, como todos sabem, durou meses. Tivemos que adiar todos os planos, suspendemos os ensaios e não nos encontramos mais no decorrer de 2020. Daí, em janeiro de 2021, infelizmente perdemos o Camilo em um trágico acidente de trânsito. Isso foi um capítulo muito triste na nossa trajetória, pegou todos de surpresa, foi um baque e trauma gigantescos, porque além de amigo, irmão e um dos membros fundadores, Camilo era peça fundamental no processo criativo da banda. E esse trágico acidente trouxe consequências. Os guitarristas, Augusto e Thiago, adoeceram com depressão. Precisaram de um tempo para se tratarem, se cuidarem. Em julho de 2023, finalmente nos reencontramos (não nos reuníamos desde o funeral do Camilo), fizemos novos planos, a ideia era arranjar um novo baterista e continuar o legado. Porém, a depressão é uma doença triste e traiçoeira. Meu irmão, o Augusto, nunca se recuperou, pelo contrário, foi se afundando num abismo que estava muito difícil ajudá-lo, até que em dezembro de 2023 ele atentou contra sua própria vida. Faz 3 meses que ele se foi, e diante desta situação, eu e Thiago (os únicos membros remanescentes) optamos por deixar a banda em stand-by por um tempo, até nos recuperarmos desses traumas. A missão de encontrar um novo baterista também não será fácil, tendo em vista a pouca opção de músicos disponíveis para a função em nossa cidade. Mas, do fundo do meu coração, espero encontrar as pessoas certas para continuarmos o legado da banda, e que possamos honrar a memória dos nossos irmãos que se foram. Gorempire, ao lado do Kromorth, são as bandas de death metal mais antigas em atividade em nosso Estado. Aos trancos e barrancos superamos muitas adversidades ao longo dos últimos 25 anos. E no que depender de mim, continuaremos esse legado, só espero encontrar as pessoas certas para isso. O grotesco continua vivo em nossos corações, eternamente ! Hail Gorempire, Hail Augusto, Hail Camilo. Vocês sempre serão lembrados e honrados, nunca esquecidos ! E Walter, cara… essa banda é a minha vida, mano. Foi onde aprendi a tocar, foi onde tive a primeira experiência de vencer a timidez e encarar o público, essa banda me ajudou a vencer meus fantasmas, me ajudou a vencer a depressão, foi o remédio pra minha alma nos piores momentos da minha vida. Construímos um legado e uma linda história juntos. Sempre fomos fiéis ao nosso estilo, sempre fomos fiéis à nossa música, nunca seguimos tendências, simplesmente fizemos o que nos agradava, sempre foi assim. Fomos contra tudo e contra todos, construímos muitas alianças e amizades verdadeiras, superamos a desconfiança, calúnia e ataques invejosos de quem nos menosprezava. Enfim,  Gorempire pra mim é superação, uma história de amor, dedicação e devoção ao Death Metal, Gorempire é a minha vida e a razão de nunca ter abandonado à música, mesmo nos momentos mais difíceis, sempre  estivemos juntos, como família, e superamos todas as adversidades. E agora não será diferente… em breve, muito breve, voltaremos o mais pesado e grotesco possível. Isso não é uma promessa, é uma missão de vida ! Aguardem !

Bestial Vomit: hahahahaha, Que legal você levantar esse assunto, mais legal ainda saber que você foi atrás do meu histórico, sempre curto falar sobre as bandas que fiz ou faço parte sempre que me perguntam! O Splatter é o pior nesse sentido, ele vive e respira isso muito mais do que qualquer um dentro da banda hahahahaha Na realidade eu tento arrumar tempo, mas como eu vivo e respiro som 24hs do meu dia eu sempre estou tendo ideias, seja no lado profissional (Sou T.I e atuo na parte de Infraestrutura) ou som, então eu tento me dedicar o máximo que eu consigo. Tem o lance de casa, família, profissão, tudo isso tem que ser conciliado e sempre tem que rolar um equilíbrio. Sobre o lance de ter várias bandas, isso se dá pelo nosso gosto dentro do Metal. O Feretral era uma ideia antiga que eu tinha com o Splatter, vindo desde a época que integrei o Lastima, tocar um Death Black podre e primitivo na linha de bandas como Proclamation, Archgoat, Blasphemy, Beherit, só que a gente acabou descambando pro lado do Thrash Teutônico e hoje podemos dizer que o Feretral moldou uma sonoridade um pouco mais puxada pro Metal Brasileiro Anos 80, muito disso se deu pela guitarra do Deoarsprofanum também e da forte influência que ele tem de Black Metal. O Convulsive foi para mostrar nossa devoção pelo Death Metal, filmes, quadrinhos e o mundo do horror, que gostamos e somos fissurados desde sempre. Quanto ao Into The Cave, esse foi o pontapé para tudo. O B.Hunter me convidou para integrar a banda e gravar o Insulters of Jesus Christ num período que eu estava muito atarefado, focando na faculdade e na profissão e ele me confiou esse álbum. Eu nunca havia escrito em inglês, foi um puta desafio, todas as linhas de voz foram feitas por mim e também dei algumas ideias na parte de mixagem. No momento estamos parados, B.Hunter está focado em projetos profissionais, mas estamos com vontade de produzir algo e gravar. Tem o Overnöisy que é formado por mim, Z.Caveman e Splatter e tocamos Death Grind na linha da velha escola, somos muito influênciados pelo Brutal Truth do Extreme Conditions, Excruciating Terror e por aí vai. Não diria que é uma necessidade ter várias bandas, diria que é um tributo, uma forma de manter ativa a chama do que acredito, gosto e escolhi para ser meu ideal de vida.  O metal me trouxe amigos, sempre esteve comigo nos melhores e piores momentos, servindo como trilha sonora e combustível para que eu siga em frente e cague para os dogmas impostos pela sociedade que querem nos tornar pessoas padrões. Gostaria muito de ter uma banda de Power Metal na linha do Savage Grace, Jag Panzer, Helloween (Do Walls), mas me falta voz e paciência para treinar, então vamos ficar na podreira mesmo hahahahaha Ah e em breve eu e o Splatter lançaremos o Full do nosso projeto de Goregrind/Death Black chamado Necroptosys, já está em processo de finalização e deve sair até meado do ano, mas esse papo fica para uma próxima!!

Goreterrorist: Da minha parte, não sou contra não. Afinal, recurso público é dinheiro nosso, do contribuinte, todos pagamos impostos, mais de 3 meses dos nossos salários anuais é para pagar impostos, então porque não podemos usufruir disso ? O problema maior, ao meu ver, são as panelinhas da galera da cultura, pelo menos aqui na minha cidade é assim. O Conselho Municipal e Estadual de Cultura em MT não dão espaço para projetos da galera do underground. Até eventos genéricos do rock’nroll tem suas dificuldades para serem aprovados, são poucos, quase inexistentes. Agora imagina pra evento underground com bandas subversivas ? Não aprovam mesmo. A panelinha só aprova projetos do mais do mesmo. Isso é revoltante. Como cidadão fico muito puto, a burocracia atrapalha demais, desencoraja os que tem boas intenções, daí os poucos que mesmo assim insistem e conseguem inscrever seus projetos, lá na frente recebem a notícia que não foram selecionados. É triste isso aí… então nós do underground nem contamos com isso. É mais fácil, menos burocrático e mais rápido nos reunirmos em coletivo, cada pessoa doa um valor X, dividimos os custos, e produzimos nossos próprios eventos. O velho Do It Yourself nunca falha. Não critico quem recorre aos projetos culturais e verba pública pra custear as suas produções, acho válido. Cada um faz seu corre do jeito que achar melhor. Mas eu tenho certeza que nenhuma das bandas que toco recorreria a esses recursos, justamente por causa da realidade local em que vivemos, as panelinhas da cultura regional dominam tudo, não vale a pena correr atrás disso e sofrer com estresse e decepção.

Bestial Vomit: Os coletivos são responsáveis por movimentar o underground e são feitos pela galera que ta nessa por gostar, então claro que tem nosso apoio a admiração pois são parte fundamental da cena. Consumo muito material, sempre que posso compro para apoiar e manter a chama acesa pois sem isso também não tem sustentação. Quanto a incentivo municipal, estadual e federal, tudo depende de como é feito e por quem é feito. Temos nossa opinião política e não compactuamos com político filho da puta e esses não incentivam a cultura, então a gente quer mais que se foda e morra mesmo. Agora, se abrem espaço, uma casa de shows por exemplo e um promotor do underground promove eventos não vejo nenhum problema pois é um espaço público. Aqui no Rio por exemplo, o Circo Voador, Fundação Progresso e as Arenas são mantidas pela prefeitura, então é o mínimo que eles podem fazer por nós visto a quantidade de impostos que pagamos para sustentar filho de político nos EUA. Tem o lance da filantropia e caridade, isso dai não compactuo de jeito nenhum, sempre tem dedo da igreja (seja católica ou evangélica) e esse tipo de caridade é totalmente falsa para se redimir de pecados e aquela baboseira toda da bíblia.

Pois é, eu também sou a favor de usufruir desse incentivo cultural que, infelizmente, nós do submundo não corremos atrás e não usamos. Como bem citado pelo Goreterrorist, pela demora e pela burocracia. O pessoal do pagode, do sertanejo, funk e pop usam  tais benefícios. Mas enfim, infelizmente também existem “as panelinhas no underground”. Bandas que só frequentam o submundo quando tocam ou quando o produtor é amigo deles. Ou bandas que lançaram um disco clássico nos anos 80 ou 90, ficaram 20 anos ou mais inativas e do nada retornam e dizem: nossa banda tem 25 anos de história e, na verdade, ficou ativa mesmo, menos de 10 anos. Chegam e tomam lugares em festivais de bandas que estão no corre. O que vocês acham dessas atitudes?

Bestial Vomit: Uma das coisas que eu mais gostaria de ver por aqui são as casas de show como Circo Voador e Fundição Progresso abrigando o underground, ou pelo menos sempre que houvesse um show grande alguma banda da nossa cena abrir.  Quando o Velho tocou com o Brujeria no circo foi uma noite mágica, ali me senti representado e vitorioso por ver alguém de nós ali em cima, queria que fosse uma máxima mas infelizmente é um sonho distante. Sobre panelinhas e etc, eu ja me importei mais com isso, mas hoje eu cago e faço o meu. Temos nossos aliados e guerreiros que fecham conosco, amigos, essa turma dai que caga goma eu simplesmente renego a existência e tiro sarro sempre que possível. O Rio é um ovo, todo mundo se conhece e aqui somos divididos, é impossível nos unirmos com pessoas que tão dentro da cena mas não compactuam dos mesmos ideais e só pensam em fama, sucesso, cachê e outras coisas. Cada um com seu corre, o nosso é diferente dessa galera, então que se fodam, só não atrapalhem nosso caminho e que morram pra lá tentando aparecer. Live and Let Die  Aqui no Rio tem uns promotores que não valem 1 real, sacanearam bandas, nem água davam, agora ficam por ai pagando de bons samaritanos mas são pau no cu. Esses caras podem armar um show do Sodom aqui que eu não vou, viajo para SP para não dar dinheiro pra safado. Eu sempre procuro ir aos eventos, eu e minha Esposa (Mimi Diabolic ex Funest, Tyranno) nos conhecemos no underground e temos muitos amigos em comum, então a gente ama estar no meio da galera!!! E legal você citar as bandas com “história”, eu sou muito crítico a isso e sempre olho com desconfiança. Aqui no Rio mesmo, temos uma banda que voltou há alguns anos, gravando albuns e fazendo catarse para os lançamentos, só que muita gente por ai ta comprando o discurso romantizado do cara que por anos destratou o metal, falou que metal é uma merda e resolveu fazer “rock adulto” pra tentar a vida usando roupa vermelha e rebolando por ai. Nada contra, mas idiotice e vomitar “pioneirismo” é idiotice, temos o Headhunter DC com mais de 30 anos de história, Mystifier, Amen Corner e outras que tão ai firmes, superando adversidades e perseverando, então essas bandas ai de maluco “dazantiga” que voltaram pra surfar na onda o meu mais profundo e sincero foda-se, vocês não representam o que acreditamos e sujam o passado lançando disco pífios e shows fracos. Esses caras não consomem material das bandas novas, vivem por ai pelos cantos dizendo que somos cópias do passado, principalmente o líder da banda da catarse que quando dá entrevista é arrogante e fala uma pá de bosta. Se não fosse pela molecada esses caras não estavam querendo reviver o passado.

Goreterrorist: Walter, esse lance aí é uma atitude que acho no mínimo estranha, porém, quem sou eu pra criticar, cada um faz o que achar certo. O underground tem espaço pra todo mundo que quer trabalhar sério, mas esse lance de carteirada é uma coisa chata. Mas não é exclusividade brasileira, né ? Temos exemplos gringos desse tipo de comportamento também. Acho que na maioria das vezes, quem faz isso volta do hiato pensando exclusivamente em mercado. Só pode né ? Enfim… prefiro continuar acreditando que o underground tem espaço pra todo mundo que quer trabalhar sério, pode ser um pouco mais difícil do que pra quem dá carteirada, mas tem espaço sim.

Bestial Vomit: Cara, eu costumo sempre comparar o nosso meio (micro) com a sociedade (macro) pra chegar a uma conclusão de que o problema na real vem de cima pra baixo. A nossa sociedade ta lotada de pessoas que vivem estilo o que o Orwell falou em 1984, parece que nasceram pra ser massa de manobra e engolem todos os dias o que a mídia podre (que na maioria é controlada por quem tem grana) empurra pela goela abaixo, sem ter censo crítico, sem pensar, sem interpretar. Acho que sempre foi assim, independente de época, a população aumentou e hoje quem detém o poder consegue controlar mais fácil porque eles são poucos e os idiotas são uma nação. Teve gente que compactou com Ditadura na época, foi cara pintada e votou no Collor e atualmente tivemos o caso do excrementissimo presidente barriga podre que foi eleito e só fez merda atrás de merda. Pega isso e coloca no nosso meio ( o micro), se o cara tem um PAItrocínio por exemplo, ele com o mínimo de grana e investimento consegue bancar tudo isso que você falou e com isso conquistar uma galera. É complicado você lidar com isso pois a maioria simplesmente tá nem ai, curte por curtir, ouve um raça negra, um É o Tchan. Só ver a quantidade de gente que paga pau pra crítico looser frustrado sem boca e empresário de banda da Rock Brinquedo que ficam no Youtube vociferando quilos de bosta sobre como perseverar e o que fazer para alcançar a chave do sucesso no mundo do Rock, mas ao mesmo tempo eu procuro cagar e andar e fazer meu corre.

Não pode falar do É o Tchan que deixa a turma NERVOSA, mas que vão para a  CRIPTA curtir o metal revista capricho deles bem longe de mim. Foi como disse sobre as panelas, faço meu corre, tenho meus ideais e colo com os aliados que pensam parecido e compactuam do mesmo pensamento, o resto quero que se fodam. Facilidade não é sinal de qualidade, pode se enfiar num estúdio na Polonia, pode mandar mixar com alemão, pode fazer o diabo que for investindo rios de dinheiro, que no final não dá em porra nenhuma. O mundo não quer saber de banda brasileira plagiando o que eles fazem, gringo quer ouvir desgraceira, eles gostam do Brasil justamente pelo que o Sepultura fez no começo, o Sarcófago, os caras das bandas modernas pagam pau para isso também e vai o trouxão tupiniquim ficar bancando assessoria de imprensa, empresário e os caralho numa de ser “profissional” HAHAHAHAHAHA chega a ser cômico, totalmente fora da realidade. Ai você vai ver a frequência que essas bandas tocam? Quase nunca, umas fazem até evento bancado por elas mesmas só pra dizer que tocou em casa “grande” como headliner, forçam uma barra do caralho e tomam no cu. Depois vão pra internet falar de inveja, façam um favor, apenas parem de vitimismo. Ter grana condição financeira também não exclui o cara de fazer som por amor e fazer parte da cena, ser real, a questão é o cara achar que pode sentar na janela, esses dai vão ficar pelo caminho tentando ser algo que jamais serão. Underground vivo e forte sempre, vida longa aos verdadeiros, vida longa a galera que vai atrás de som, corre atrás de zine e mantém nossa cena viva e forte alheio a qualquer filho da puta.

Bestial Vomit: Eu penso igual, não se sustenta pois não dá o retorno que querem, não é assim que funciona e sabemos disso. Até as bandas que esse povo idolatra que hoje são mainstream trilharam seu caminho começando debaixo. A cena brasileira atual tem muita banda ativa, muita coisa sendo feita e isso tá foda pra caralho!! Eu comecei a acompanhar o underground em 2005, viver foi em 2006 e de lá pra cá você vê muito mais banda por ai na ativa, lançando material, correndo atrás e fazendo som foda!! Melhorar sempre pode, abrir espaço para bandas do underground tocar e ter casas que abrigue eventos (independente de retorno financeiro) ajudaria, de resto acho que estamos vivendo uma boa fase!! Com Youtube você consegue escolher o que quer ver, então é só se ligar nos canais da galera que dá o sangue que você vai ver a cena underground como tá fodida, no nordeste principalmente, antigamente éramos fadados às rádios e a merda do Jabá, hoje com a internet o que mais tem é espaço para divulgar então dar espaço para as bandas tocarem é essencial!!

Bestial Vomit: Eles tem meu total respeito, são caras sérios e fazem o corre de verdade. O Ivi é nosso amigo, desde que ouviu nossa demo nos deu muito apoio e nós somos fissurados no trabalho do Podridão, já o Edu tive a oportunidade de conhece-lo e quando o Into the Cave abriu para o Master aqui quem estava por trás da organização era ele e fomos muito bem tratados, como todos deveriam fazer. Outro cara que tem meu respeito é o Eduardo Beherit da Brazilian Ritual Records que faz o festival na raça, tem o grande Reinaldo Steel que movimenta muito a cena e sempre divulga o underground. Meu amigo Edu Baphomet da Mundo Bzarro que faz os corres no Espírito Santo é outro cara que tenho muito respeito, ele tá movimentando a cena capixaba como pode e dando espaço para as bandas tocarem. O maligno Aldo Infesto que movimenta os rolés em Recife e toca no fodido Agonia, esse também é irmão!! Todos esses caras são responsáveis por dar seguimento a história do metal e como eu havia falado, gente filha da puta não merece ser citada, tira o foco de quem faz o corre de verdade pois a turma adora falar mal dos outros, mas na hora de elogiar é foda!

Bestial Vomit: Legal saber que você curtiu!! A galera tem dado muitos feedbacks positivos!! Essa parceria vem de tempo, antes do Convulsive nascer os moleques já eram nossos amigos. O Podridão já tocou aqui algumas vezes, ficaram na casa do Splatter (o albergue do rock) e já rola uma amizade de anos!  Quando o Convulsive nasceu o Splatter mandou os sons e eles de cara já curtiram e fecharam conosco, nos incentivam e incentivaram muito e depois que o Grotesquery saiu isso se concretizou mais ainda e eles sugeriram um Split, topamos na mesma hora!! Essa união foi foda, o Ivi é um cara muito correria, correu atrás dos selos internacionais e fez a ponte com o Rolldão  para o lançamento, ele topou na hora também e pra gente sair pela Kill Again foi muito gratificante visto o que ele representa na nossa cena, sem contar o trabalho do Rolldão que é sensacional, o cara vive e respira o underground e valoriza muito as bandas!! Além disso tem os lançamentos internacionais pela Iron Blood and Death Corporation do México, Obliteration Records do Japão e nos EUA ficou a cargo da Iron Fortress que lançou em cassete! Ivi ajudou na nossa mixagem e deu a cara do album, a diferença no som se deve a isso também, ele é foda nas “carrapetas” e deixou nosso som monstruoso, correu atrás dos selos para pareceria. Eu fiquei a cargo do design e diagramação do encarte e toda essa parte gráfica. Splatter correu atrás da distribuição com outros selos do Brasil e o Goreterrorist mexe nas mídias sociais e cuidou dos tramites com a Iron Fortress e outros selos (que infelizmente debandaram). Cada um faz sua parte no mais puro DIY, correria monstra mas sempre é gratificante ver o resultado!! A capa do Marcio Blasphemator também casou perfeitamente com nossa proposta, quando vimos o desenho não tivemos a menor dúvida que seria essa, ele é um artista sublime e manda muito bem!! No fim tudo só é possível em conjunto, o coletivo torna tudo possível e nos permite construir toda essa loucura que gostamos!!!

Goreterrorist: o Rolldão é uma figura antológica do metal candango, está envolvido na cena há trocentos anos, sempre produzindo, dando oportunidade à bandas novas. A Kill Again com certeza é uma das grandes potências do underground nacional, um dos maiores selos do nosso underground, e estamos muito felizes de termos esse trabalho em conjunto com o Podridão sendo lançado pelo selo. O Podridão é a banda da casa, e pra nós é uma oportunidade de termos nossa música sendo divulgada em outros canais. Temos certeza que esse lançamento terá uma boa repercussão, é uma aposta que tem tudo pra dar certo, na verdade, já deu certo. Agora é divulgar ao máximo, e esgotar essa tiragem o mais rápido possível. Aproveito o espaço para agradecer mais uma vez ao Rolldão, por ter abraçado o projeto. Agradecemos também a todos os outros selos parceiros que apostaram no nosso debut e nas outras versões do split, muito obrigado ! Somos gratos a todas as pessoas que acreditaram e apostaram no Convulsive. Valeu mesmo !

Bestial Vomit: Black Hole, verdade, as vezes a memória é foda, complica hahahahaha Legal o seu parecer sobre o álbum, ler coisas assim é muito gratificante e mostra que estamos conseguindo atingir nosso objetivo e principalmente agradar a galera sedenta por death metal que nem a gente!! Cara, sobre o lance das composições, a gente ouve muita coisa diferente dentro do death metal e dentro do metal, então a quantidade de influência é muito grande, mas o Convulsive o mais latente são as bandas de podreira. Eu escuto muito o Death Metal Estadunidense, bandas como Broken Hope, Baphomet, Suffocation e Cannibal Corpse me influenciam, Deicide, Morbid Angel e por aí vai. São bandas que eu sempre escuto, tem aquele ritual de inevitavelmente estar ouvindo, então é meio implícito no que faço. Comecei a fazer gutural me espelhando no Chris Barnes e Max Cavalera, até hoje esses caras me influenciam bastante. O Goreterrorist gosta muito da escola sueca, é fissurado em Vomitory, então ele traz muito disso para as composições e o Deoarsprofanum bebe na fonte do death europeu.

Goreterrorist: Cara, fico feliz com seu comentário sobre os novos sons. Massa mesmo. Quando formamos o Convulsive a ideia era nos inspirarmos nas velhas bandas de death metal com influências do doom, bandas da cena finlandesa e sueca, bandas como Funebre, Sentenced, Xysma, Abhorrence, God Macabre, Grotesque, o velho e fudido Incantation (é claro), Asphyx e por aí vai… seguimos essa fórmula para o debut e continuamos com ela para este split. É o que gostamos, death metal podre, com partes rápidas e cadenciadas, e com muito, muito peso.  No full eu e o Deoarsprofanum dividimos as composições, apresentei algumas ideias, então ele e o Splatter trabalharam nos arranjos e lapidaram as músicas. Já para o split, a dinâmica funcionou diferente e o Deoarsprofanum (que estava bem inspirado na época) ficou encarregado de todas as composições. A temática continua a mesma, inspirada nos velhos e clássicos filmes de terror, e todas as letras são do Bestial Vomit. Não ouvimos nada em especial que tenha nos inspirado para este trabalho, esses sons são reflexo do que somos, do que gostamos de ouvir. Convulsive sempre será isso, death metal oldschool podre, lamaçento e super pesado.

Bestial Vomit: O Marcio é um puta artista, ele tem um traço muito foda e já havíamos usado seu trabalho no Grotesquery.  Essa arte ja estava pronta, nós olhamos e falamos “é ela” pois tinha tudo a ver com ambas as bandas. Ela também me remete aos filmes de Zumbi que tem relação com a magia africana, tipo o Zombi do Fulci, The Serpent and the Rainbow, Plague of Zombies, Hell of Living Dead e por ai vai. Tem essa mistura das cores quentes, meio borradas, caóticas e ai foi comum acordo usarmos essa arte para sagrar nosso pacto profano de vísceras e sangue. Dentro do encarte, na parte do berço do CD, nós usamos uma arte do filho do Putrid Dick do Podridão.O moleque tem uns 6 anos e já faz umas coisas fodas!! Damos valor a correria da galera que faz trampos de ilustração também, então sempre que precisamos de uma capa para os nossos albuns solicitamos os trabalhos dos ilustradores da nossa cena, que tão no corre junto com a gente!

Goreterrorist: ainda não recebemos as nossas cópias do CD split, porém a versão nacional da Kill Again já está pronta e sendo enviada desde o dia 15 de março. Sobre o Márcio, no debut tem arte dele também. Gostamos da forma como ele trabalha, e lógico, apreciamos muito a arte dele também. Então para o split resolvemos trabalhar com ele novamente, os caras do Podridão curtiram a ideia, e assim foi feito. Na bandeja do cd vai uma arte especial também, feita pelo filho do vocalista do Podridão. Uma arte total psycho kids hahahaha !

Bestial Vomit: Eu gosto muito de cinema, não só das podreiras e tosqueiras, mas gosto muito de ficção cientifica, suspense, comédia, aventura anos 80/90, muita coisa do cinema nacional (Pixote a lei do mais fraco é um dos filmes que mais me impactou quando assisti) então tudo isso ajuda na hora de ter ideia e direcionamento no que fazer, eu digo para você que 90% da minha inspiração vem disso. Literatura eu aprecio muito o Orwell, Burges, Robert E Howard, Lovecraft, Stephen King (sou bem seletivo com sua obra pois acho que é superestimado em alguns livros como It), Frank Herbert, Tolkien, e por ai vai. Nacional temos o Rubem Fonseca, Augusto dos Anjos, Ariano Suasuna, meu amigo Fabianos Soares, Vinicius Canabarro, Machado de Assis Eu gosto bastante de literatura, já li bem mais, costumo brincar que a faculdade me tirou um pouco o prazer em ler por conta da quantidade de livros técnicos que precisava estudar mas sempre que posso estou pegando algo para passar o olho. Gosto muito de quadrinhos também, sou Marvelete assumido, então essa galera tipo Barry Windsor-Smith, John Byrne, Jack Kirby, Bill Mantlo, sempre me encantaram. Ai tem as drogas mais pesadas tipo Frank Miller, Alan Moore (Watchmen para mim é a melhor história de todos os tempos) e por ai vai. Além do mais também coleciono tudo isso, tenho uma coleção de filmes em DVD de aproximadamente 800 títulos, Livros tenho por volta de 100, quadrinhos (formatinhos) para mais de mil fora os encadernados, VHS tenho apenas umas 10 fitas que considerei essencial pois não tinha espaço para armazenar o resto. Dou valor a essas coisas desde sempre pois meus pais criaram essa cultura em mim, principalmente meu pai que me mostrou onde garimpar (e ele lamenta isso pois entulhei a casa deles com minhas tralhas nos anos que morei lá hahahahaha) então essa cultura “vintage” (nome merda para inflacionar as coisas) sempre fez parte de mim e eu lamento muito ter virado uma moda e hoje ser tão caro conseguir ter acesso a coisas da nossa infância e adolescência mas consegui aproveitar bastante e comprar muita tralha hahahahahaha

Goreterrorist: Sim, gosto de literatura com certeza, embora não leia tanto quanto gostaria. Meu gosto vai de O Senhor dos Anéis a O Chamado de Cthulhu. Sou fascinado pelo horror cósmico de Lovecraft, uma pena que ele foi escroto como pessoa, mas a obra dele é fantástica. Também adoro o universo fantástico de Tolkien, na adolescência era meu escritor favorito. 1984 é um clássico absoluto, li na faculdade no início de 2000, a Revolução dos Bichos também é muito foda, outra grande obra que merece destaque.  Mas eu curto mais a onda de terror, Lovecraft, Edgar Allan Poe.

Bestial Vomit:  Po cara, tomara mesmo, vamos ver se conseguimos pôr para andar pois sabemos dessa ânsia da galera!! Nossos planos para o futuro envolvem mais uns dois splits, um EP e posteriormente o nosso Full que estamos programando para o final do ano que vem. Antes de nos aventurarmos no sucessor do Grotesquery precisamos amadurecer alguns pontos, justamente visando mantermos uma qualidade e entregar a galera o que eles esperam, sem contar também que já havíamos fechado essas parcerias de split antes e o EP já era uma ideia da época do Grotesquery, pois a gente tem aquela onda meio anos 80/90 tipo o Bolt Thrower, Napalm Death que lançaram sons exclusivos que sairam apenas em EPS. Estejam atentos a nossas mídias digitais que sempre postamos novidades!!

Goreterrorist: poxa mano, é o que espero que aconteça, de verdade mesmo. Cair na estrada com o Convulsive, mesmo que seja pra shows esporádicos, seria bem legal. Tô louco pra tocar essas músicas ao vivo e sentir a energia da galera se matando. Espero que isso aconteça em breve, no momento tá complicado por causa da logística, como dissemos acima, mas uma hora vai dar certo, com certeza. Os planos futuros são preparar novas músicas, temos outros splits em vista, e no ano que vem (se tudo correr bem) precisamos lançar o segundo álbum ! Não pararemos por aqui, ainda temos muita lenha pra queimar.

Bestial Vomit: Muito obrigado a você, Walter, obrigado por ter aberto espaço novamente para nós aqui na Old Coffin Spirit. É sempre muito gratificante responder aos zines e principalmente participar de perguntas bem elaboradas feitas por quem entende de verdade do negócio! Gostaria de mais uma vez agradecer a todos os dementes sedentos pelo mais puro e podre metal da morte, que estão conosco e valorizam o underground brasileiro. Em especial queria mandar um salve aqui para os brothers do Podridão, Gustavo Alves, Fernando Extremo, ao manos do Sutura, Rottenbroth, Escarnium, Leprovore, Divine Pain, Rotborn e aos grande irmãos Eric Rossini da Excarnation Records e Edu Baphomet da Mundo Bzarro Distro. Esses caras são fodas demais e e nos apoiam desde a demo, verdadeiros irmãos, deixo aqui o meu salve!!! Agora sobre sobre a escola do Death Metal trinca a moleira, eu vou fácil da escola sulamericana e a cena da Flórida, essas foram minha primeira escola. Bandas como Acheron, Obituary, Nocturnus, Morbid Angel (muita coisa), Deicide, me influenciaram e influenciam demais até hoje e foram meu primeiro contato com o metal da morte. A sueca também tem toda aquela podreira que vai além do Entombed, tipo o Nirvana 2022, Carbonized e outras maravilhas tipo Vomitory, Repugnant (R.I.P), Morbud Chron, é até difícil eleger uma preferida, mas o que pesa é aquele primeiro contato que vem na adolescência e aqui no Brasil tivemos muitos lançamentos da escola de Death Metal americana! Outra cena que me influência muito é a Europeia, com bandas como Benediction, Bolt Thrower, Warlord UK, Gorefest (mindloss e false para mim são os dois albuns mais fodas já lançados no Death Metal), Pestilence e por ai vai. Aqui envolta temos o Mortem do Peru, Headhunter D.C, Slavery da Bahia. Infernal, Necrotério, Fornication, Fleshgrinder e os doentes do Sul e toda aquela cena de BH que tá implícito no nosso DNA, precisa nem citar.  Para finalizar, um grande HAIL para todos os Metal Heads do Brasil e do Mundo que estão nos conhecendo agora ou já estão conosco nessa caminhada turva do Metal da Morte!! 666

Goreterrorist: Walter, mais uma vez agradecemos pela oportunidade cedida para falarmos um pouco mais sobre o Convulsive e este novo trabalho. É um prazer gigantesco figurar novamente no portal do T.O.C.S Zine. Agradecemos aos leitores que vão tirar parte do seu precioso tempo para ler este bate-papo e agradecemos novamente a todos os selos e apoiadores que acreditaram, apostaram e continuam apostando no Convulsive. Como disse acima, ainda temos muita lenha para queimar e muito o que produzir. A morte é real, e o Death Metal é o verdadeiro caminho. E respondendo à sua última pergunta, uma pergunta bem delicada por sinal hahahaha. Acho que é impossível pra qualquer deathbanger escolher alguma das escolas. Ambas tem bandas importantíssimas para história do gênero. Eu gosto muito mesmo de death metal sueco, minha banda preferida é o Vomitory. Mas também amo a escola da Flórida, Morbid Angel, Deicide, Monstrosity, Death, Possessed, Massacre, Cannibal Corpse, tudo isso é escola pra todo deathbanger. E a América do Sul tem a sua maneira especial de fazer som extremo, soa diferente de tudo que rola na gringa. Então eu não consigo escolher uma escola, é impossível ficar preso a fronteiras.

Related posts

MALEFACTOR – Quase 3 décadas de serviços ao metal extremo brasileiro

Fábio Brayner

SILENT EMPIRE – Death metal franco e avassalador vindo das terras do Sul do país

Walter Bacckus

CONVULSIVE – Um pútrido death metal criado por veteranos da cena nacional

Fábio Brayner