CD/EP/LP

CLOUDS – Durere (2021)

CLOUDS (Reino Unido/Romênia)
“Durere” – CD 2020 – Reissue: 2021
Cold Art Industry – Nacional
10/10

Reino Unido e Romênia se uniram aqui para criar uma obra de arte do doom metal contemporâneo. “Durere” foi lançado em Março de 2020 e rapidamente ganhou sua versão nacional pela Cold Art Industry Records, que caprichou nos mínimos detalhes do lançamento, oferecendo uma parte gráfica impecável e luxuosa, além de um pôster e um slipcase com detalhes prateados. “Durere” é um álbum que transcende o aspecto musical. É também uma viagem e criar aqui um paralelo com sensações que um trabalho como o do Pink Floyd oferecem não é exagero. Apesar do peso imenso, da podridão do vocal gutural e da melancolia das guitarras, esse ainda é um trabalho grandemente emotivo, viajante.

Quando “Cold Guiding Light” abre o álbum isso se materializa. O início soa como se fosse executado dentro de uma catedral, ecoa. Ainda mais se escutado com um bom fone de ouvido como estou fazendo agora. O peso, quando começa, é impactante, assim como o discreto uso do violino. Em alguns momentos as guitarras me lembraram o primeiro trabalho do The Gathering. Mas o clima criado pelos temas de guitarra são o ponto mais alto de uma música de pontos altos. Música é emoção e o que você ouve nessa composição é apenas isso: pura emoção. Que composição incrível. A próxima música vai em uma direção mais etérea, mais enigmática em boa parte de sua duração. A profundidade da execução vocal aqui é surpreendente.

Na mesma pegada é a bela “Images and Memories”, mas é quando se inicia “Above the Sea” que entendemos as emoções desse trabalho. Ainda que haja aqui algo que lembre o Anathema, isso vai além em uma interpretação carregada de feeling e quando entram de uma vez a distorção e o vocal gutural você realmente sente a adrenalina. Minha música preferida, com toda a certeza. A melancolia é mais uma vez exaltada na belíssima “The Sailor Waves Goodbye”. O peso aliado ao violino criam uma atmosfera única. A sensação de perda é sentida em todos os segundos de “A Father´s Death”, uma música que lida com esse sentimento colocando para fora esse grito. O violino no início da faixa é quase um lamento, um choro de adeus. Quando o vocal limpo decreta “It´s over”, tudo deixa de existir ao seu redor. É uma música bela, mas absolutamente emotiva.

O doom metal é isso e sem isso ele não existe. Finalmente vem a derradeira música que já em seu título se coloca como o fim. “The End of Hope” fecha de forma brilhante um álbum que poderia colocar entre os melhores que o estilo já produziu, pois ele não trata apenas de música, mas a conecta com sentimentos poderosos e por isso se apresenta como uma pura manifestação de arte. Um álbum que fico muito satisfeito de ter em minha coleção.

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