Entrevistas

OUTLAW – Black metal nacional no comando

Conversamos sobre temas abrangentes com o criador, compositor e músico da OUTLAW D., desde a formação atual da banda, suas principais inspirações, a análise detalhada do EP “Death Miasma”, que está em vias de ser lançado pela Drakkar Brasil, e a expectativa pela turnê europeia e futuros lançamentos. Confiram a seguir:

Seja muito bem-vindo ao The Old Coffin Spirit Zine / Portal. Gostaria de começar perguntando a respeito do nome OUTLAW, que pode inicialmente, soar um tanto singular para o ouvinte de bandas de Metal Extremo; imagino que exista uma interpretação muito mais forte relativa ao nome…

D: Bom, é até engraçado, pois muitas pessoas acham que seria um bom nome para uma banda de Southern Rock, ou que é por causa da música do Watain. O nome é parte de um conceito de estar fora das leis cósmicas, algo diretamente relacionado à nossa filosofia. OUTLAW é a total anarquia espiritual, a rebelião, é quebrar as correntes que nos prendem ao mundo material.

A OUTLAW conta atualmente com você como membro fundador da banda desde 2015 e mais três membros que ingressaram posteriormente. Pode-se considerar um line up estabilizado para turnês e lançamentos futuros?

D: Bom, o membro mais antigo sou eu, D., e em seguida o guitarrista que já foi baixista B. (que entrou no final de 2016), e então veio o baixista A., que entrou durante o ano de 2018 junto com o baterista T.. Sim, acho que essa formação durará bastante tempo e será a formação pelos próximos discos e tours.

Você está radicado na Europa hoje em dia, e quanto aos outros integrantes? A distância tem sido um fator complicador para os trabalhos?

D: Quando o nosso baterista T. entrou para a banda, já tínhamos em mente que não seria fácil fazer as coisas juntos, pois ele é finlandês. Eu vir para a Europa só facilitou para que possamos trabalhar nossos contatos por aqui, e ajudou a nos trazer de vez para o mercado europeu. Por enquanto a distância não tem dificultado o nosso trabalho.

EP 2021 “Death Miasma” – Drakkar Prod Brasil

A banda está afiliada à MLO (Misanthropic Luciferian Order) da Suécia? Percebe-se a importância da doutrina e filosofia para os temas abordados pela OUTLAW.

D: No início da banda eu era bastante inspirado pelos livros deles, porém, não temos qualquer vínculo com eles.

Conte-nos um pouco sobre o processo de composição atual. Os demais membros têm algum nível de participação?

D: Bom, eu componho tudo da banda, porém, o fato de eu ter excelentes músicos comigo, me possibilita não ter limites para as composições. Claro que eles dão uma pitada deles na hora de executar, e o nosso baterista T. acaba criando boa parte de suas linhas de bateria. Algumas letras têm participações de membros e de não membros da banda. Quanto ao processo de composição, geralmente as composições surgem do nada, simplesmente acontece. Outras vezes eu escrevo riffs e uma hora os transformo em músicas. Geralmente é um processo de autocrítica bem intenso, então antes de fazer uma música, faço várias que simplesmente não uso.

A capa do EP “Death Miasma” é uma sinistra e magnífica obra de arte criada pela ARS MORIENDEE. Você entende que a ilustração capta de forma adequada a aura maligna envolta no Play?

D: Acredito que sim. Quando eu entrei em contato com ele, já tinha visto seus trabalhos anteriores, e então ele me mandou essa capa que estava pintando, e eu não tive dúvidas de que seria a arte certa para esse material. E eu sinto que acertamos nessa parceria, ele é um artista excepcional e que merece ser valorizado dentro e fora do Brasil.

Quem passa a conhecer a banda por meio do EP e ouve os trabalhos anteriores fica com a impressão de que vocês estão vivendo o auge criativo e em termos de performance. Como você analisa o momento da OUTLAW? Existe previsão para novos lançamentos?

D: Eu espero que esse não seja o nosso auge, pois sinto que ainda temos muito a oferecer musicalmente e no palco. Somos uma banda extremamente nova e com músicos jovens. Atualmente eu sinto que estamos evoluindo musicalmente e acho que a entrada do T. foi fundamental para que a gente pudesse sentir uma mudança significativa na banda. Eu já tenho algumas músicas prontas, acredito que no ano que vem a gente entre em estúdio para gravar o próximo disco, mas pretendemos lançar somente em 2023 para podermos fazer algo maior do que fizemos em nosso último material.

A primeira faixa do Play, “The Unending Night” possui letras impactantes que questionam a capacidade do ser humano de distinguir de fato o conceito de iluminação (sob todos os aspectos). Poderia elaborar brevemente sobre o tema?

D: Acho legal a sua interpretação a respeito da letra. Quando a escrevi pensava sobre a dualidade da fé, seja ela em qualquer deus. A luz que conhecemos como seres humanos é um fenômeno físico, e qualquer um pode enxergar, mas a iluminação espiritual não é física, ela é subjetiva. Nessa letra eu quero dizer que a luz é individual e depende do seu ponto vista. O evangélico é iluminado ou cego pela luz? O satanista afogado no próprio ego é diferente do evangélico? Meu ponto é, a sua luz é individual, não há verdade universal, e se você não tiver cuidado, você pode se cegar. A verdade está dentro de você (ou não).

O EP segue com a destruidora “The Serpent’s Chant”, que tem levadas insanas e um trampo instrumental incrível. As melodias e harmonias soam brilhantes…

D: Eu gosto bastante dessa música, principalmente da bateria. Acho que essa música representa bem a sonoridade que teremos em nosso próximo material.

A terceira faixa “Death Miasma” soa como um hino apocalíptico, e conta com uma atmosfera bastante densa e caótica. Qual é a importância das passagens mais atmosféricas para vocês na composição, principalmente, de músicas mais longas como esta?  

D: Eu gosto de variar os andamentos e atmosferas entre uma música e outra para que nossos materiais e shows não fiquem cansativos ou repetitivos. Geralmente essas são as músicas que saem de maneira mais espontânea, e sem que eu tenha que ficar semanas trabalhando nos riffs.

Fale-nos um pouco sobre a quarta e última faixa “The Anti Kosmik Magick”, esse cover matador da música do The Devil’sBlood e justa homenagem ao Selim Lemouchi.

D: Quando gravamos esse cover estávamos em dúvida se conseguiríamos fazer algo à altura de uma homenagem ao Selim. Quando eu terminei de gravar os vocais, tive certeza de que jamais estaria à altura, mas queríamos muito lançar essa música para demonstrar nossa admiração. Bom, o resultado é esse, muitos vão gostar, muitos não vão, mas essa foi nossa maneira de prestar essa homenagem.

O Metal Extremo como um todo sempre teve bandas seminais e extremamente influentes originadas no Brasil, e por músicos brasileiros. Como você vê o cenário atual, você acompanha outras bandas nacionais?

D: Eu acho que o Black Metal brasileiro parou um pouco no tempo. Muitas das bandas continuam com o mesmo discurso imaturo dos anos 90 e não propagam nada de novo para os ouvintes. Fora do Brasil os músicos aprenderam a tocar, a escrever e leram livros. No Brasil, boa parte sequer sabe escrever, e isso torna a cena formada por um monte de bêbados que sequer sabem tocar os próprios instrumentos (lembrando que isso não se aplica à todas as bandas). Eu gosto muito de muitas bandas do Brasil, e se for para citar as bandas atuais, eu diria ISFET, PRALAYA, THE BLACK SPADE, HELLISH GRAVE, HINARIVM e AMANTIKIR. Claro que tem outras bandas, mas as primeiras que me vem à mente, são essas.

A sonoridade da OUTLAW tem muita personalidade. Percebe-se influência no som de grandes entidades do Black e Blackened Death Metal da Suécia. Quais são as suas maiores fontes de inspiração, admiração e formação musical dentro do Metal Extremo?

D: Eu me inspiro bastante por bandas como METALLICA, WATAIN, DISSECTION, CHAOS INVOCATION, MGLA, TRIBULATION, NECROPHOBIC, CARDINAL SIN, entre outras bandas clássicas e modernas.

Como tem sido pra OUTLAW trabalhar em parceria com a Drakkar Productions Brasil?

D: Gosto de trabalhar com eles pois dá para ver que trabalham com a gente porque, de fato, gostam de nossa música e fazem isso pois enxergam potencial em nós.

Qual é a sua expectativa para a turnê internacional prevista para o segundo semestre de 2021 juntamente com o POWER FROM HELL?

D: Bom, esperamos que a tour aconteça, estamos nos preparando para isso, e não vemos a hora de poder subir no palco. Nós nunca sequer tocamos fora do estado de São Paulo, então será extremamente interessante a experiência. Esperamos poder levar para o palco uma experiência melhor do que a de ouvir os nossos materiais.

Finalizando, gostaria de agradecer pela atenção dispensada, e parabenizá-lo pelo EP, com os votos do The Old Coffin Spirit Zine / Portal de muito mais sucesso e reconhecimento para a OUTLAW em sua jornada.

D: Gostaria de agradecer pela oportunidade de expor nossas ideias, e pelo apoio que vocês têm dado à banda.

OUTLAW online: https://www.facebook.com/OutlawBlackMetal/?ref=page_internal

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