Poucos dias poderiam ser tão propícios a ouvir um álbum como esse quanto hoje. Um dia cercado de uma carga negativa pede uma música que alimente esse lado e expulse os diversos demônios interiores. O DOOM:VS não precisa de apresentações. Essa one-man band já tem lançado incríveis trabalhos desde a sua formação. Uma dessas obras é o taciturno segundo álbum de estúdio intitulado “Dead Words Speak”, lançado originalmente em 2008. E foi essa pequena obra-prima que a Cold Art Industry Records e a Slow Feelings Records trouxeram em versão nacional. Esse álbum ele pode ser encarado como um elo de transição entre duas fases da banda: a crueza direta de “Aeternum Vale” e a classe quase aristocrática de “Earthless”.
“Dead Words Speak” é um reflexo do peso, de um profundo pessimismo (ainda que expressado por diversos momentos onde a melodia se impõe.), como na primeira música “Half Light”, que parece falar de todo o momento em que vivemos atualmente: “…days go by; nothing changes; nothing lives; in this half-life existence…”. O peso emocional é palpável, assim como na mais dramática e bela “Dead Words Speak”, uma faixa-título que usa e abusa de um sentimento profundo nos seus arranjos e onde os vocais se desafiam entre algo mais tétrico e o gutural mais profundo. “The Lachrymal Sleep” navega por mares mais tradicionais, evocando o doom metal da velha escola de uma forma cativante e evolvente. A próxima música “Upon the Cataract” é mais densa, mais “pesada”, não me referindo apenas às guitarras.
Poucas coisas são tão asfixiantes quanto uma composição de doom metal bem feita e executada. Ela te proporciona uma sensação de esmagamento difícil de explicar. “Leaden Winged Burden” tem uma introdução mais singela, com um som de piano, que apenas amacia o ouvinte antes de outro momento de catarse musical em uma composição que traz algo do My Dying Bride dos velhos tempos. Grande música. A última composição vem na forma de “Threnode”, onde mais uma vez há um momento inicial mais delicado, quase ambiente. A maior faixa desse álbum é uma viagem de mais de 12 minutos. Uma grande composição com absoluta certeza e em todos os sentidos. Essa versão nacional é realmente poderosa, desde o seu encarte em papel envernizado até o slipcase, mas o grande papel cabe ao próprio DOOM:VS. Já temos dois álbuns lançados no Brasil, que tal um lançamento do primeiro para fechar coleções país afora ? Obrigatório !
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