CD/EP/LP

DJEVEL – Naa skriver natten sort (CD 2022)

DJEVEL (Noruega)
“Naa skrider natten sort” – Lançado em 23/11/22
Aftermath Music (Noruega) / Metal Army Records (Brasil) – Nacional
10/10 (Espetacular)

 Poucas bandas têm gerado tanta expectativa por novos lançamentos quanto o DJEVEL, entidade norueguesa de Black Metal criada em 2009, prolífica e altamente inspirada, de discografia irretocável até aqui.

 A partir de 2011, com o primeiro e devastador registro “Dødssanger”, o DJEVEL vem trazendo ao mercado mais ou menos um trabalho por ano, quer seja um Single, Split, EP ou álbum de estúdio. Ano passado foi a vez do grandioso “Tanker som rir natten”, resenhado com avaliação 9,5/10 aqui no “The Old Coffin Spirit”.

 Esse ano não passou batido, e ao final deste novembro, saiu o aguardado oitavo disco completo de estúdio, intitulado “Naa skriver natten sort”. Como de costume, a Aftermath Music é a gravadora na gringa, enquanto a Metal Army Records representa mais uma vez, e disponibiliza aquela versão nacional especialíssima dos CDs.

 A sonoridade rica e encorpada da banda permanece intacta na nova composição, mas a atmosfera densa e macabra soa mais espetacular e convincente que nunca. Há segmentos que remetem o ouvinte à genialidade de obras primordiais de ULVER e MANES, e a adição no lineup de “Kvitrim” (Baixo e vocais extremos – BLACK MAJESTY, MARE, VEMOD) em 2020 parece ter agregado muito valor às composições e execução.

 A abertura dos trabalhos com “Naar taaken tetner” é climática, constituindo um vórtice que, prontamente, abduz e arremessa o ouvinte numa dimensão escura como breu, onde habitam e espreitam os três seres demoníacos responsáveis pela obra. São treze minutos magnéticos do mais puro “True Norwegian Black Metal”, de atmosfera hipnótica e inapeláveis momentos épicos.

 Sua sucessora “Kronet av en væpnet haand” segue um por caminho mais direto e cru por boa parte, dominada a partir de sua metade por melodias excepcionais e uma seção atmosférica extremamente carregada, de teclados soberbos. Retoma a pancadaria ao seu encerramento.

Outra composição monstruosa é a faixa título “Naa skrider natten sort”, cujo início repete-se quase que como um mantra obscuro e catártico, lentamente progredindo em direção ao Black Metal de ritmo médio, forte inclinação melódica, odioso e hipnótico que toma a frente. Os segmentos climáticos que acompanham a desaceleração e posterior retomada são brilhantes.

 Um dos destaques individuais do álbum resume-se a “Mitt tempel av stierner og brennende maaner”. Os vocais em coro do início dão o tom ritualístico que persiste pelos primeiros minutos. De resto, excelente equilíbrio entre agressividade e clima pesaroso, com vocais devastadores.

I daudens dimme natté das músicas mais contundentes e abrasivas do disco. Composição genial, de riffs em tremolo que beiram a perfeição, em meio a linhas potentes e cativantes de baixo e bateria, além dos teclados certeiros. Torna-se reflexiva e lamuriosa a partir de um belíssimo trabalho com guitarras acústicas.

Afgrundsferd” é magnífica. Veloz e agressiva desde o início, ganha vocais em dobra e coros, estrategicamente posicionados. O riff mais majestoso da obra suspende a faixa em sua metade, quase como sob transe, direcionando-a ao seu final épico e absolutamente extático.

 O encerramento com “Her visner hver en krans” tem ênfase atmosférica, e a esse ponto o ouvinte nem percebeu que quase uma hora se passou. Tamanha é a facilidade em absorver sua atenção. Aqui, mais uma vez as guitarras acústicas dão show. E mais uma vez, a banda surpreende com uma reviravolta sórdida e explosiva, perturbadora e provocativa.

 Espetacular, o novo disco do DJEVEL. Indispensável a qualquer fanático por metal extremo, em especial aos admiradores de TAAKE (NOR), WHOREDOM RIFE (NOR), ULVER antigo (NOR), MANES antigo (NOR), URFAUST (HOL), BORKNAGAR antigo (NOR) e THE RUINS OF BEVERAST (ALE).

 Diante de uma obra-prima, não poderia ficar em cima do muro. Trata-se, sim, do melhor disco do ano de metal extremo. O DJEVEL vem amadurecendo a cada ano, e cada novo ciclo tem representado o avanço a um patamar inédito de qualidade. Não tenho dúvidas, esse “Naa skrider natten sort” influenciará muita gente.

 Tracklist abaixo, duração total de 60 minutos:

1 – “Naar taaken tetner”

2 – “Kronet av en væpnet haand”

3 – “Naa skrider natten sort”

4 – “Mitt tempel av stierner og brennende maaner”

5 – “I daudens dimme natt

6 – “Afgrundsferd”

7 – “Her visner hver en krans”

ENGLISH VERSION:

DJEVEL (Norway)
“Naa skrider natten sort” – Released on 11/23/22
Aftermath Music (Norway) / Metal Army Records (Brazil)
10/10 (Spectacular)

Few bands have generated as much anticipation for new releases as DJEVEL, a Norwegian Black Metal entity created in 2009, prolific and highly inspired, owners of an impeccable discography to this day.

  Starting in 2011 with the first and devastating record “Dødssanger”, DJEVEL have been putting out almost one release per year, be it a Single, a Split, an EP or studio album. Last year the great “Tanker som rir natten” was introduced, reviewed with a 9.5/10 rating here on “The Old Coffin Spirit Zine and Portal”.

  By the end of November, their long-awaited eighth full-length studio album was released, entitled “Naa skriver natten sort”. As per usual, “Aftermath Music” are the responsible label in Europe, while “Metal Army Records” keep up their great work releasing the official Brazilian Digipack version.

  The band’s rich and full-bodied sound remains intact in the new one, but the dense and macabre atmosphere sounds more spectacular and convincing than ever. There are segments that remind the listener of primordial genius works by ULVER and MANES, and the addition of “Kvitrim” (Bass and extreme vocals – BLACK MAJESTY, MARE, VEMOD) to the lineup in 2020 seems to have contributed a lot to the band’s compositions and execution.

  The opening act “Naar taaken tetner” is climatic, constituting a vortex that promptly abducts and throws the listener into a pitch-dark dimension, where the three demonic beings in charge dwell and lurk. It’s a whooping, magnetic thirteen minutes piece of the purest “True Norwegian Black Metal”, with hypnotic rhythm and unassailable epic moments.

  Its successor “Kronet av en væpnet haand” follows a more straightforward path for the most part, dominated up from its middle by exceptional melodies and an extremely charged atmospheric section, with superb keyboards.

 Another monstrous composition is the title track “Naa skrider natten sort”, repeating itself in its beginning almost like a dark and cathartic mantra, slowly progressing towards the medium paced, melodic, spiteful and magnetic Black Metal that takes the lead. The climatic segments following the downturn and subsequent recovery of pace are brilliant.

  One of the album’s individual highlights is “Mitt tempel av stierner og brennende maaner”. The chorus vocals at the start set the ritualistic tone, which persists for the first few minutes. Otherwise, excellent balance between aggressiveness and mournful mood, under devastating vocals.

I daudens dimme natt” is one of the most forceful and abrasive songs off the album. Genius composition, with tremolo riffs bordering perfection, amidst powerful and captivating bass and drum lines, in addition to great keyboards. It becomes reflective in the end, thanks to a beautiful work with acoustic guitars.

Afgrundsferd” sounds magnificent. Fast and aggressive from the beginning, it gains double vocals and choirs, strategically positioned. The album’s most majestic riff suspends the track in its midsection, almost as if under a trance, moving it to its epic and utterly ecstatic finale.

  The closing with “Her visner hver en krans” has atmospheric emphasis, and at this point the listener hasn’t even noticed that nearly one hour has gone by. That’s how easily it grasps your attention. Here, once again, the acoustic guitars put on a big show. And once again, the band surprises with a sordid and explosive turn, disturbing and provocative.

  An amazing new album by DJEVEL. Mandatory stuff for any extreme metal fanatics, especially for those into TAAKE (NOR), WHOREDOM RIFE (NOR), old ULVER (NOR), old MANES (NOR), URFAUST (NED), old BORKNAGAR (NOR) and THE RUINS OF BEVERAST (GER).

  Standing before a masterpiece, I just couldn’t be on the fence. This is, indeed, the year’s best extreme metal album. DJEVEL have been maturing over the years, and each new cycle has represented setting the bar a little higher. Most likely, this “Naa skrider natten sort” is going to influence a lot of other bands.

  Tracklisting below, running time 60:00

1 – “Naar taaken tetner”

2 – “Kronet av en væpnet haand”

3 – “Naa skrider natten sort”

4 – “Mitt tempel av stierner og brennende maaner”

5 – “I daudens dimme natt

6 – “Afgrundsferd”

7 – “Her visner hver en krans”

Related posts

BECERUS – Homo Homini Brutus (2021)

Fábio Brayner

MEFITIS – Emberdawn

Daniel Bitencourt

SONIC POISON – Eruption (CD 2023)

Fábio Brayner