CD/EP/LP

WITHBLOOD – Dark Wings (CD 2019)

WITHBLOOD (Brasil)
“Dark Wings” – CD 2019
Eclipsys Lunarys Records – Nacional
9,5/10

O WITHBLOOD é uma one-man band da cidade paulista de Jundiaí que trilha o caminho musical do dark doom metal e é realmente impressionante a qualidade da música criada pelo único membro da banda, o multi instrumentista Marcelo Ricardo. Marcelo não poupa esforços em imprimir suas mais profundas emoções nas faixas que compõe e isso se multiplica pelas oito faixas que formam esse primeiro trabalho do projeto, o álbum “Dark Wings”.

O disco se inicia com a tétrica “Immoral”, uma Intro que prepara o ambiente para a chegada de “A New Life to Destroy”. O bom gosto dessa faixa é algo que me impressionou. Há peso, há um certo sendo de agressão, mas nunca há velocidade, pelo contrário. É uma música agressiva, mas focada na construção de um clima quase de aversão à vida, o que se evidencia na letra da música, uma visão fatalista da própria existência com o mundo e com os seres humanos. O uso do piano aqui é um elemento que traz muita qualidade a essa composição. “She Has Dark Wings” vem na sequência e é puro feeling. As melodias dessa música são belíssimas e honram de forma inequívoca o que de melhor o doom metal pode criar.

A próxima faixa carrega o nome do projeto “With Blood” e é uma música que se cobre com uma atmosfera mais carregada, menos melódica, mas não menos poderosa. Grande composição. “Alice” é uma versão matadora para essa música do Depeche Mode e sinceramente, ouvindo a original e essa versão, é incrível como as duas poderiam se completar em realidades alternativas. A versão criada pelo WITHBLOOD lembra demais as melodias do velho Paradise Lost. Fazer covers de bandas icônicas como o Depeche Mode não é algo fácil, mas “Alice” ficou genial. Trouxe a música para dentro do estilo da banda e manteve a sua pegada.

A obra de Lord Byron se une à diferente “She Walks in Beauty”. Aqui os vocais abrem mão do gutural e são cantados de forme muito interessante. O que mais gostei do trabalho vocal aqui é que ele foge do doom metal e me lembrou bastante do estilo de bandas inglesas mais obscuras. A próxima música tem uma construção melódica diferente e ficou muito boa. Uma faixa curta, mas que não escapa do que o WITHBLOOD apresenta nesse álbum. Na sequência temos a faixa “Lust Without Love”. Boa composição e que dá continuidade à viagem emocional de “Dark Wings” e que é uma música mais delicada.

A última faixa do álbum é uma outra versão maravilhosa para uma música totalmente fora do eixo metálico. Trata-se da música “Never Let Me Down Again”, da banda Smashing Pumpkins. Novamente Marcelo consegue pintar a faixa com as suas próprias cores e mostra que a escolha de covers não é algo tão simples como parece. As duas versões contidas nesse álbum são completamente compatíveis com essa visão mais pesada.

“Dark Wings” é um álbum que me impressionou positivamente em todos os sentidos. A gravadora Eclipsys Lunarys está de parabéns por investir nesses nomes de nosso underground. O WITHBLOOD é um nome que passarei a seguir com muita vontade a partir de agora.

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