Quando se recebe um material promocional que diz que a banda é destinada a fãs de nomes como Dead Congregation, Grave Miasma e Krypts, você primeiramente fica cético e em seguida entra em estado de alerta, alimentando a ansiedade pelo início desse “Callous”, o álbum de estreia dos americanos do VOMIT RITUAL. Logo após os primeiros segundos algo fica evidente: a produção de álbum é realmente boa. Alta e muito pesada.
O fone de ouvido treme com o andamento da faixa instrumental “Strangling Opposing Throats” que acaba bruscamente para abrir espaço à violenta “Asphyxiated”, uma faixa que de certa forma traz sim uma sonoridade que a coloca dentro do espectro do blackened death metal, mas com mais sujeira e uma sonoridade mais primitiva. É uma grande faixa de abertura e um cartão de visitas convincente para quem ainda não consegue o som do VOMIT RITUAL. “Paracusia Nexus” é uma espécie de intro que vem na sequência e serve como a ante-sala de uma experiência mais carregada com “Lower Vibrations Entities”. Os riffs aqui se seguem de forma caótica e com uma verdadeira aura de obscuridade. O groove presente é uma base para um trabalho de pura maldade da guitarra. Isso é dark death metal em sua pura manifestação. Até mesmo quando tudo se torna uma dissonância incômoda, a energia negativa se mistura a partes mais violentas e molda o caos.
A próxima faixa é a maléfica “Penetrating the Infectious Wound”, que tem algo do black/death metal sul-americano e até mesmo Impaled Nazene em sua alma. Quando há a quebra na música e algo mais cadenciado se instala, o riff que se segue é supremo. Simples e supremo. Há um escalonamento ainda mais visceral da violência com a matadora “Sadolustic Crucifixions”, a faixa mais direta do álbum e uma que colocará todos para bater cabeça durante um show dos caras.
Fechando esse debut vem a longa “Nervous Temple”, que se inicia em puro frenesi de um avassalador peso. Isso dura pouco tempo e a velocidade vai tomando conta novamente. Há momentos em que uma certa dose de experimentalismo se apresenta e cria algo que é ao mesmo tempo obscuro e envolvente, quase hipnótico, diria. Ah, a capa não poderia deixar de ser citada. Trata-se de um trabalho magnífico do artista sérvio Khaos Diktator e que se conecta de forma perfeita à sonoridade criada pelo VOMIT RITUAL. Um álbum que tem cerca de 33 minutos e que deixa a sensação de dever cumprido. Não faltou nada.