Festival – Underground Devastation
Bandas – Violent Curse (São Bento do Sul/SC), Delírio (São Chico/ SC), Hell Gun (Curitiba/PR), Hell Abyss (Dois Vizinho/PR), Orthostat (Jaraguá do Sul/SC), Vulture (SP), Thou Shall Not (Curitiba/PR)
Local – Chácara Perequê
Cidade – Barra Do Sul / SC
Data – 10/06/2023
*Todas as fotos por Walter Backhus
Quem nunca se programou para fazer uma viagem sozinho, ou com a namorada, ou mesmo com amigos, e na hora não deu certo? Pois é, marquei com meu amigo Dudu e sua esposa Paty Vanzin e na hora não rolou, pois Dudu ficou gripado. Ele me avisou no sábado às 10: 30 da manhã e aí ferrou. Pensei, e agora ? Vou ou não vou !? Depender do transporte público de Bombinhas (SC) até Bal.Camboriú (SC) não é fácil, ainda mais em um sábado. Mas lá fui eu, e foi uma saga até chegar no evento. Sai de casa às 11:30 da manhã e cheguei no evento às 20:00 horas, mas cheguei! Quem gosta e tá afim de curtir, e prestigiar a cena underground, só vai, simples assim. Tudo bem, eu sei que tem o fator grana, trabalho e família. Eu acho que é só se organizar e se planejar. Não só se organizar para ir em show gringo, ou bandas nacionais, com nome mais forte dentro da cena! Infelizmente, eu perdi o primeiro show da noite, banda que eu gosto muito de ver ao vivo. Essa gurizada do Violent Curse faz um show violento!
Segunda banda da noite foi o Delírio, projeto do guitarrista Antônio Gonçalves e de sua esposa, e também baixista, Bia Cunha, ambos fazem parte da banda catarinense Luciferiano. Só consegui pegar as duas últimas músicas,”Gaia” e “A Insanidade”, faixa que também dá nome ao full álbum lançado por eles em 2022.
A próxima banda foi a curitibana Hell Gun e essa molecada faz um show cheio de energia e amor ao heavy metal. Fizeram um show muito bom, tocando músicas de seu álbum de estreia “Kings of Beyond”, de 2020 e também do split lançado recentemente com os mineiros do Hellway Train, auto intitulado, “Haunted Trip”, de 2022. Os garotos mandam ver um heavy metal com influências dos anos 80. O vocalista Matheus Luciano tem um vocal potente e uma presença de palco contagiante. Executaram 10 faixas abrindo com “The Abyss e seguindo Balrog’s Wrath”. Aliás, a banda toda é muito foda e todos musicistas muito bons. A dupla de guitarras “Lucas Rodrigues e Lucas Licheski” é bem entrosada e com solos e bases, com muito peso, e melodia. Completa a banda Marllon Woicizack no baixo e o baterista CJ Dubiella. Ainda executaram King Of Beyond. E seguraram o público na frente do palco curtindo muito a apresentação deles. Executaram uma trinca matadora fechando o set com ” Night Of Necromancer”, (ótimo refrão) Devil Dogs e Sacrifice. Show muito bom!
Direto do sudoeste medonho representando o interior do Paraná, sobe ao palco o Hell Abyss, banda que admiro muito; queria muito vê – los ao vivo. Contando com Tiago (Vomification) na bateria, e no baixo Marcelo Fagundes (Battalion) dando uma força para a banda e nas guitarras e vocal Lord Of The Abyss. A banda fez um show insano. O som do Hell Abyss ao vivo eu eu achei diferente do que ouvimos no cd. Talvez seja porque o baterista e o baixista não são da banda estavam dando uma força para o mentor e ficou mais cadenciado e maléfico o som. Em estúdio as músicas deles vai mais numa pegada “black thrash metal”. O Power trio medonho iniciou o set com “Encarnação do Demônio/intro” e mandaram ver músicas de sua demo tape Bewitched Metal/2017 e do ep “Seiscentos e Sessenta Satanás”/2020, e também do full lenght “Tregenda”/ 2019 e do”último lançamento de estúdio “Ungenti Sabbati”/2021. O show foi muito bom!
Faixas como : The Black Flame, Bewitched Metal e Satanic Mass, fizeram a alegria do público presente. Com uma pegada mais obscura e um ar carregado de melancolia, peso e morbidez, me fez lembrar de bandas como Mortuary Drape e os primeiros Samael, daquela fase antiga dos suíços que todo o amante do metal negro conhece. Lord Of The Abyss agradece ao público presente, aos organizadores, e também ao amigo Marcelo por ter tirado o set list em uma semana, e anuncia a cover dos teutônicos do Desaster e manda o clássico “In A Winter Battle” fazendo os presentes baterem cabeça e cantar os refrões.
Fechando o set “Under Black Wings” a melhor música na minha opinião dos caras e ainda “Ungenti Sabbati” e fechando com o clássico “Countess Bathory” dos mestre do Venom.
Apesar de um pequeno público no evento,vale ressaltar como é bom você ir em um show, organizado por pessoas que frequentam o underground, e faz por amor, e respeito aos metalheads que estão ali prestigiando o evento. Ou seja : um local muito bom, aparelhagem acima da média e banheiros limpos. Se quisessem comer tinha cachorro quente e espetinhos, e com um preço justo. Além é claro, que no show de metal não pode faltar cerveja. Agora imagina, cerveja Heineken por 10,00 reais e bem gelada. Parabéns ao organizador : Marcelo Beherit e sua equipe de apoio : Liliane Benites, Luane G. Mussolini, Roger Tattoo e Jeferson Perpétuo. Underground é isso! União e respeito! Desculpe os leitores, mas eu tinha que escrever sobre isso. Por que, nós vamos em eventos que organizadores colocam 18,00 reais uma cerveja ruim e quente para o público.
Outra banda do Paraná a subir no palco e fazer um set violento com muita fúria, muita raiva e muito bem executado, fazendo a alegria dos amantes do velho death metal, os insanos do Ethel Hunter. O que se viu no palco foi uma banda experiente e com uma técnica absurda. Banda formada por músicos ativos em várias bandas da cena curitibana, “Hernan Oliveira” baixo, “Weliton Lisboa” bateria, “Gerson Watanabe” guitarra e Larissa Pires nos vocais. O que saiu das caixas de som é um death metal raiz, na linha de Cannibal Corpse, Monstrosity, Suffocation e Deicide. Executando um metal da morte faixas que encontram – se no ep “No Man is Truly Free/2014 e do Full Length “Consciousness Awakening”/2020. Feel The Dirt, Unbreakable Duel e No Man is Truly Free, já deixou todos perplexos com tamanha fúria, violência e técnica desses cultuadores do death metal. Continuando a devastação “Ignoble Redemption” e “Ceaseless Pain”. Todos que estavam prestigiando o show do Ethel Hunter estavam boquiabertos com a presença de palco e o poderoso vocal da Larissa Pires. Essa garota tem um vocal furioso, cavernoso e caótico. Vejam só, existem muitas mulheres “desconhecidas” na cena underground levantando a bandeira do metal extremo, e tem orgulho de serem mulheres, e pertencerem ao submundo. Vêm mais cacetada com Relentless Hunt, Flesh Blood, By Nightfall; e que show incrível! O guitarrista Gerson Watanabe executa bases e solos poderosos e muito bem executado, e o baterista Weliton Lisboa espanca sua bateria, sem dó e sem piedade, mas o músico que chama atenção, é o baixista Hernan Oliveira. O cara é um monstro no seu instrumento. Toca sem palheta e com uma técnica absurda. Com muito virtuosismo. Fechando set matador com as últimas duas faixas : Near The Light e Nomade. Fizeram um show destruidor!
A sexta banda a subir no palco do Underground Devastation e continuando com o metal da morte os catarinense de Jaraguá do Sul, e seu death metal calçando na sonoridade mais old school do estilo. Orthostat inicia o set de forma devastadora e sem piedade “Tezcatlipoca e Orthostat” com riffs cortantes e frio, brutalidade pura! David Lago nos vocais/guitarra e Rudolph Hille também guitarrista executam solos e bases obscuras e cavernosas. A terceira faixa chama -se “Ambaxtoi” que abre o full lenght “Monolith Of Time”/2019, uma faixa poderosa. Igor Thomaz é um polvo atrás de seu kit. Esse garoto toca muito com partes rápidas e momentos mais cadenciados. David Lago agradece ao amigo Elias Silva (Ar Da Desgraça, Bistellar) por tirar as músicas do set o mais rápido possível e substituir o baixista original da banda Eduardo Arbigaus, que por motivos pessoais não pode participar desse show, mas que no próximo já estará de volta ao seu posto. Elias fez um ótimo show! E um monstro nas quatro cordas. A próxima faixa é The Will Of Ningirsu. Quem conhece o debut – cd dos catarinense sabe que o som dos caras vai naquela linha Incantation, Autopsy, Malevolent Creation e com uma pegada brutal, um death metal com técnica apurada e sem ser chato. Com temáticas voltadas a civilizações antigas, estou ansioso para o novo trabalho deles. Hora de tocar outra faixa nova “Gravity” que saiu um single em dezembro/ 2022 e que também estará no próximo trabalho. Pelo o que escutamos nesta faixa o som tá mais direto, trabalhado e o vocal cavernoso de David tá um pouco mais audível. Solos de guitarras com mais melodia, baixo dando o peso e bateria com umas quebradas aqui e ali e muito peso. Fechando o set com “Incitatus” o famoso cavalo romano que tornou -se senador na Roma antiga. Na minha opinião, Orthostat é a melhor banda de death metal do sul do Brasil quando o assunto é aquele death metal com pegada mais old school e com toques de doom metal.
A penúltima banda da noite a subir no palco são os paulistas de Itapetininga e seu death metal competente e classudo. Banda formada em 1995 e com uma discografia de respeito e muitos shows pelo Brasil,além de abrir para bandas do nível de Dark Funeral, Belphegor, Pestilence, Incantation, entre outras. Os abutres paulistas já começam o set com “Unholy Grave”, faixa do disco The End Of Agony/2020. A faixa é um violento death thrash metal com guitarras matadoras, e passagens com boas melodias, peso e velocidade. As próximas “Murderous Disciplines” e “Omnscient Ignorance” são duas faixas mais na linha death metal direta e agressiva. O Vulture nos cinco álbuns de estúdio lançados sempre gravaram uma música em português e o restante em inglês. Agora a primeira na língua de Fernando Pessoa, “Mórbido Poder”, lançado em dezembro/ 2022, em Single. Faixa rápida e direta! E a destruição não pode parar e tomem cacetada na moleira e “Retaliation” e “Riders Of New Age”. Faixas matadoras! Muita brutalidade, violência e ótimas melodias, e solos contagiantes. Fechando sua apresentação “Evil War Domanation” e também a música mais conhecida deles que tem um belo clip no YouTube. “Abençoado Seja o Homem Ateu”. Os caras tocaram um set list passando por toda a discografia deles, o show foi muito bom e conquistando o público presente.
A última banda da noite e fechando o evento os curitibanos do Thou Shall Not e seu heavy metal pomposo, trabalhado e com influências de Queensryche, Yngwie Malmsteen, Kamelot e Fates Warning. Ulysses Freire (B), Everton “Caos” Borges, (G) e Luxyahak,(V) músicos experientes que passaram pelas bandas; Camos, Steel Lord Archityrants, Hecatomb e Imperius Malevolence, e agregaram um músico da nova geração, Sidney Cj e que também faz parte da Hell Gun e Creatures. Então, já sabíamos que o show dos caras seria uma aula de heavy metal, e foi. Mesclando músicas dos dois álbuns lançados apenas nas plataformas digitais “I Am The Presente” / 2023 e “Synchronized Abductions”/2020, álbuns que no final de junho ganharão versão física pelo selo carioca Marquee Records.
Abrindo o show com “Psycosphere” e “Romanticize” faixas que estão no último disco de estúdio. Com guitarras muito bem tocadas por “Caos” com bases e solos cheio de técnica, peso e melodia. O baixo de Ulisses segurando tudo e “CJ” descendo a lenha nos pratos com pesos e velocidades na medida certa. Seguindo porque o metal não pode parar e lá vai “Black Sun Vortex”,
“Rebel Higher Level”, ambas do primeiro disco de 2020. A primeira é mais calma e já Rebel… é mais rápida, com peso e o destaque vai para o vocalista Luxyahak. O cara tem um vocal potente, rasgado, furioso, soturno e com muita personalidade. O público presente, apesar de o local não estar cheio, curtiu o som, e estava muito feliz com a apresentação dos curitibanos. Agora era vez de “Scanning Souls”, outra pedrada metálica na cabeça dos metalheads. Um heavyzão rápido, guitarras pesadas, baixo destruidor. Everton “Caos” é um show a parte. O visual do cara é influenciado pelo sueco Malmsteen e sua postura de palco lembra muito o mestre das seis cordas. As próximas “Devil Station” e ”Brothers Beyond The Words”, são músicas contagiantes e ver esses caras no palco é muito bom. Os músicos das cordas tanto Ulisses e Caos, são exímios músicos, e agitam no palco, batem cabeça, e Cj também, atrás de seu kit de bateria, espanca o seu instrumento. Mas o vocalista “Luxyahak” rouba a cena com seu vocal que me trás lembranças de mestres do nível de; Geof Tate, Roy Khan, Tony Martin e Ray Adler. Os caras executam a faixa “Repture Blues” e surpreendem a todos porque essa faixa vai numa pegada de Blues, e lhes digo: ficou muito foda!
A banda toda deu uma aula, provando que são músicos muito técnicos e mostrando cabeça aberta para ousar. Fechando o show com o grandioso cover das “irmãs Wilson” e um clássico das rádios rock dos anos 80 e tome “If Looks Could Kill” esse clássico do Heart está na minha playlist há muitos anos. O público cantou e agitou muito o final do show.
Como já disse, parabéns para organização! Fizeram um bom evento! É uma pena que o público deixou a desejar. Marcelo estava divulgando o show desde do início do ano e segundo fiquei sabendo, no mesmo dia, praticamente na mesma cidade, organizaram um show com o Rot em cima da hora, em Joinville, (40 km) e divulgaram 20 dias antes. Os promotores têm que se respeitar e se ajudar já é difícil organizar um evento underground com um cast só com bandas do submundo, e assim, todos perdemos!