CD/EP/LP

TULUS – Fandens Kall (Adv. CD 2023)

TULUS (Noruega)
“Fandens Kall” – Adv. CD 2023
Soulseller Records – Importado
10/10

O TULUS é um nome que não precisa de apresentações, especialmente se você acompanha a cena black metal com mais afinco. Tendo sido formado em 1991, a banda faz parte de uma época onde o black metal era temido, polêmico e considerado o ápice da música extrema transformada em ações. “Fandens Kall” é o sétimo álbum de estúdio do grupo e quebra um hiato de quase três anos desde o seu último trabalho, o excelente “Old Old Death”.

Esse trio construiu aqui uma obra matadora que honra de forma inequívoca a sonoridade do black metal nórdico, com uma qualidade poderosa e uma produção absolutamente sólida. São 10 composições que te arrastam por um turbilhão de grandes bases, riffs, andamento rápidos e outros mais cadenciados, mas tudo feito de forma contundente. Um dos pontos mais positivos desse álbum é que ele vai direto ao ponto do início ao fim. Não temos aqui músicas longas e pomposas. A maior faixa não chega a cinco minutos.

O álbum abre com a matadora faixa título “Fandens Kall”, uma música que mescla muito bem a velocidade e momentos mais trabalhados. Os riffs são excelentes, frios como esperamos que o black metal nórdico seja.  A segunda composição é pesada e com um ritmo contido que vai se desenvolvendo em torno de uma sequência de riffs e bases muito bons. Há momentos em que o som quebra mais e cria uma atmosfera quase progressiva.

“Slagmark” começa com uma linha de baixo diferenciada e muito pesada. Trata-se de outra música mais dramática e não focada na velocidade. Em certos aspectos, os riffs e a forma como eles são construídos e guiam a composição me lembraram o material dos também noruegueses do Enslaved.  Na sequência temos uma faixa que soa mais tradicional. “Allstøtt” tem momentos rápidos, mas não foca apenas nisso. Tem um groove próprio presente.

“Isråk” segue nessa mesma pegada. Invoca climas e atmosferas mais pesadas. Em vários momentos tem um andamento muito próximo ao que o Carphatian Forest fazia em várias composições mais clássicas de sua carreira. Uma faixa que constrói alguns climas muito interessantes, mais intimistas até.

“Samuelsbrenna” é carregada de climas mais pesados, dramáticos. A marcha lenta dessa faixa é sua melhor característica, já que aliada ao riff sorumbático que a guia, o resultado final é quase hipnótico. “Sjelesmerte” é uma faixa que carrega em sua essência algo do blues. Duvida? Ouça o início e pense em um bom blues. Pesada e com riffs clássicos. O uso dos corais em alguns momentos deu um toque de classe a mais na música.

“Bloddråpesvermer” retorna ao primitivo e entrega uma composição mais tradicional. Ainda que não seja uma música rápida o tempo todo, há momentos de mais explosão de energias e outros em que tudo desacelera, se permitindo até mesmo a utilização de um violão (com cordas de aço ???) e pianos.

As duas últimas músicas são “Snømyrkre” e “Barfrost”. Enquanto a primeira mantém o ritmo do álbum, a segunda nos presenteia com uma singela e melancólica peça de violão.

Foto por Mortem Syreng

Pelo menos em um primeiro momento, “Fandens kall” é o primeiro grande álbum do ano para o estilo. Obviamente ainda é muito cedo para afirmar se ele se firma nos melhores do ano, mas que é um começo de ano promissor, isso é.

TRACKLIST
01.Fandens Kall
02.Lek
03.Slagmark
04.Allstøtt
05.Isråk
06.Samuelsbrenna
07.Sjelesmerte
08.Bloddråpesvermer
09.Snømyrkre
10.Barfrost

(playing time: 32:16 min.)

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