A banda THE STONE pode ser desconhecida de boa parte do público brasileiro, mas já está completando em 2021 o seu vigésimo quinto ano de atividade. Foi fundada em 1996 em Belgrado, na Sérvia, sob o nome STONE TO FLESH, simplificando para o atual em 2001, após terem disponibilizado o primeiro disco de estúdio “Slovenska Krv”.
Nessa época, a banda ainda utilizava o alfabeto cirílico (sistema de escrita oficial de países eslavos, utilizado por Rússia, Ucrânia, Belarus, Bulgária, Macedônia e Sérvia) para nomear seus trabalhos. Essa tendência seguiu até 2009, quando o quinto álbum “Umro” foi lançado com a utilização do alfabeto latino.
O lineup atual é um quinteto, e conta como criador da banda e guitarrista “Marco Jerkovic– Kozeljnik”, o vocalista “Glad”, o baixista “Vrag”, o baterista “Honza Kapák” e o guitarra base “Demonetras”. Os cinco são músicos com ampla rodagem, tendo participado de inúmeros outros projetos. Destaque para o baterista tcheco, que já tocou no MASTER’S HAMMER e no AVENGER, duas das maiores entidades de Metal Extremo daquele país.
A sonoridade atual da banda é voltada integralmente ao Black Metal Melódico, executado de forma ortodoxa e impiedosa. A melodia é muito bem empregada, de forma a reforçar a atmosfera de peso e negatividade. Com efeito, é bastante extremo e agradável a qualquer admirador do estilo. As músicas foram compostas, parte em inglês, parte em servo-croata. O som da língua nativa dos músicos torna a audição uma experiência ainda mais extrema e exótica.
O trabalho é o nono álbum de estúdio deles, e recebeu o título “Kosturnice”. Foi lançado internacionalmente pelo selo belga “Immortal Frost Productions” durante o mês de Março/21, com edições limitadas em CD, Vinil e em formato digital. O nome da obra refere-se ao Ossuário da cidade de Sedlec, na República Tcheca. A igreja católica que abriga a capela eo ossuário no subsolo foi construída sobre um cemitério, e existe desde o ano 1400, aproximadamente. A capela é decorada por um número imenso de esqueletos humanos (fala-se em até 70.000).
Instrumental muito sólido, com o trabalho incrível de bateria se sobressaindo em cada uma das oito faixas. O experiente músico tcheco “Kapák” impressiona pela invejável precisão e dinamismo. As guitarras soam vigorosas e afiadas o tempo todo, com a criação de um sem-número de ótimos riffs, bastante melódicos, porém sombrios, hostis e de natureza destrutiva. O som do baixo, infelizmente, ficou menos perceptível na produção, um traço ainda comum a muitas bandas do estilo. Ainda assim, há momentos em que é possível distingui-lo com mais facilidade, e perceber linhas interessantes, bem compostas e executadas. Um exemplo positivo é a segunda faixa, “Okamenjen”, baixo pesado e “na cara”.
Os vocais de “Glad” destacam-se igualmente na obra. Apesar de não haver muita variação, são honestos e tradicionais do Black Metal da velha guarda, invocando rispidez e contundente desprezo pela humanidade e pelos valores das religiões Abraâmicas.
Em suma, um álbum que serve como boa oportunidade de conhecer o Black Metal da THE STONE, e que deverá despertar o interesse do leitor em aprofundar-se na discografia vasta dos Sérvios (até o momento, são nove álbuns Full, duas compilações, quatro EPs e quatro Splits).
Relação das oito faixas que compõem o Play, ao longo de 44:30 minutos:
1 – “Pramaglina”
2 – “Okamenjen”
3 – “Kosturnice”
4 – “Tremors Beneath the Ground of the Charne lHouse”
5 – “Ime koje su razvejali vetrovi”
6 – “Engulfedby the Abyss”
7 – “Omnicid”
8 – “Jebes pero, dodajmac”
Destaques: “Pramaglina” foi disponibilizada para streaming pela gravadora, durante a promoção do lançamento, com toda justiça. Abre de forma empolgante o álbum, com pegada certeira e boas variações. “Kosturnice” é outra que merece atenção especial. Esse som tem uma atmosfera única na obra, e riffs majestosos. “Engulfed by the Abyss” prende o ouvinte com facilidade, é uma das mais diretas e agressivas.