CD/EP/LP

SWALLOW THE SUN – New Moon (2022 – Reissue)

SWALLOW THE SUN (Finlândia)
“New Moon” – CD Reissue 2022
Cold Art Industry Records/Mindscrape Music – Nacional
9/10

Em novembro de 2009 o SWALLOW THE SUN entregava ao mundo mais uma parcela de sua meticulosa arte sonora — o fabuloso: “New Moon”. O álbum, quarto da carreira e segundo pela Spinefarm Records, foi gravado, mixado e masterizado no Fascination Street Studios, em Örebro, Suécia, sob as atenções do produtor executivo Jens Bogren (Opeth, Draconian, Katatonia, Moonspell, Paradise Lost, Insomnium, Amorphis).

A banda vinha, até então, de uma sequência irrepreensível de lançamentos. Trabalhos como: “The Morning Never Came”, “Ghosts Of Loss”, “Hope” e o EP “Plague Of Butterflies” já haviam ganhado as graças da crítica e conquistado incontáveis fãs ao redor do globo, contudo, era necessário evoluir — aprimorar ideias, polir conceitos, reconfigurar mosaicos e finalmente triunfar. Assim sendo, “New Moon” não poderia ser apenas mais um avanço discográfico e sim, um gigantesco salto usando botas de sete léguas. E assim foi.

A produção do álbum é de um preciosismo absurdo. Todas as camadas instrumentais são nítidas, potentes e degustáveis (com exceção do baixo, um tanto discreto). Os sustentáculos atmosféricos foram melhor lapidados e postos em maior evidência; as guitarras de Juha Raivio e Markus Jämsen soam integralmente épicas — em timbres imponentes e melodias arrebatadoras. A bateria, nele registrada por Kai Hahto (Wintersun), é assustadoramente bem articulada e poderosa. Por fim, os vocais de Mikko Kotamäki, que no álbum apresentam-se com ainda mais vigor que nos registros anteriores — seja nos momentos regidos pela fúria ou nos períodos onde a cadência impera, exigindo atuações suaves e emotivas.

A paleta musical da banda também apresenta notáveis progressos. O melodicismo característico de seu Death/Doom Metal foi preservado, mas em “New Moon” ele recebe acréscimos generosos de elementos oriundos do Black Metal e também elegantes coreografias tipicas do Rock/Metal Progressivo. Nada enfadonhamente técnico, mas sim, na forma como as faixas foram construídas e em seu desenvolver. A combinação de diferentes texturas sonoras e seus contrastes é perfeita e explorada a todo instante — tanto em expansões sutis quanto em explosões ruidosas e implacáveis.

Do delicado início de “These Woods Breathe Evil” até seu apogeu instrumental — intenso e até certo ponto “cru”. As guitarras crescem num peso assustador e vão se fechando como intransponíveis muralhas ao redor do ouvinte. Mikko rompe sem qualquer receio com vocalizações que muito remetem ao Black Metal dos anos 90. Faixa de abertura perfeita! Simplesmente épica! “Falling World” e “Sleepless Swans” são exemplos irretocáveis de como SWALLOW THE SUN cria e explora diferentes padrões musicais. Suaves, mas não doces; robustas, mas não previsíveis; atmosféricas, mas não cansativas. “… and Heavens Cried Bloodmergulha ainda mais fundo nessa dicotomia entre recolhimentos melódicos e apoteoses emocionais.

O canto etéreo da saudosa Aleah Stanbridge (Trees Of Eternity) abrilhanta o início e o percurso de “Lights On The Lake (Horror Pt. III)”. Atmosférica e profunda, a faixa cresce por entre tensões instrumentais que tangem, ora os feitos dos compatriotas Insomnium, ora algo mais puxado para o Melodic Black Metal. A faixa título apresenta belos arranjos, belas harmonias e hasteia um dos refrões mais bonitos do disco. O solo é sucinto, mas ao ponto da composição. “Servant Of Sorrow” não apresenta muitas novidades em relação as anteriores, embora traga em seu meio uma marcante transição melódica/climática. O desfecho se dá com a épica “Weight Of The Dead”. Nela temos o momento mais Doom do disco — uma simetria perfeita entra o peso esmagador do mesmo, sua melancolia gloriosa e as suavizações tão habilmente compostas pelos finlandeses. Um final grandioso em todos os sentidos.

“New Moon” marca o fim do SWALLOW THE SUN como sendo mais uma excelente banda da Terra Dos Mil Lagos e a coloca como mais um gigante do Doom/Death Metal mundial. A partir dele vieram trabalhos cada mais elaborados, épicos, complexos (por vezes) e aclamados como: “Emerald Forest And The Blackbird”, “Songs From The North I, II & III”, “When a Shadow Is Forced Into the Light” e “Moonflowers”. O disco chegou ao Brasil para o deleite dos fãs, através de uma parceria entre a Cold Art Industry e Mindscrape Music. A qualidade com a qual os selos trabalham em seus relançamentos já é conhecida e elogiada tanto pelos fiéis aficionados pela banda quanto por ela mesma. Que venham mais títulos!

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