CD/EP/LP

OBSKURE – Overcasting (2020- Reissue)

OBSKURE (Brasil) “Ovescasting” – CD 2020 (Relançamento) Burn Art Records, Your Poison, Vertigem Discos – Nacional 9/10

Já parece uma eternidade desde que o ano de 1997 trazia das terras cearenses o lançamento desse debut álbum da banda OBSKURE, uma banda que já era muito respeitada dentro da cena nordestina e nacional. “Overcasting” marcava uma mudança enorme na sonoridade da banda que vinha de demo tapes totalmente sujas e brutais, mas ainda assim mostrava um trabalho realmente muito bem feito para a época.

Com uma boa produção, tanto gráfica quanto sonora, o OBSKURE adentrava por caminhos que uniam uma vasta gama de influências que passavam pelo death metal, pelo thrash, pelo doom, enfim, trazia diversas camadas a serem descobertas pelo ouvinte. Agora em 2020 a Burn Art Records, Poison Records e a Vertigem Discos se uniram para disponibilizar novamente esse registro histórico de uma banda que continua na ativa e produzindo trabalhos cada vez melhores.

Toda a arte do CD foi atualizada pelo artista gráfico Alcides Burn, que reimaginou a arte original e o resultado final é definitivamente incrível. A remasterização deu mais brilho ao álbum. Todo o disco soa bem homogêneo, com músicas que investem pesado em andamentos mais cadenciados (ainda que a brutalidade esteja lá também) e que trazem um excelente uso dos teclados, que ajudaram a criar arranjos bem interessantes como na música “Fury and Motion”, por exemplo. Ouvindo esse trabalho hoje em dia, mais de 20 anos de seu lançamento eu consigo perceber uma influência das bandas da velha Holy Records, o que pode ser uma coincidência. Tem um grau de originalidade nos arranjos e vocalizações que ficam mais evidentes hoje em dia.

Se você quer músicas com uma pegada quase punk “Eternal and True” é uma boa pedida, ainda que essa pegada se torne pura brutalidade. A faixa “Overcasting: Part II: Absence of Knowledge” é uma das melhores músicas do álbum pois traz tudo aquilo que a banda tinha a oferecer em termos musicais. O riff principal é muito legal. Já “Feel Me God” me trouxe o velho Nightfall e o Nocturnus à mente com os arranjos de guitarra e teclado e a própria gravação. Os solos dessa música são muito bons. Outra música que está entre as melhores é “Aton´s Servant”.

Fechando o álbum a banda regravou “Overcasting: Part II: Absence of Knowledge” e “The Singing of Hungry” e ambas as músicas cresceram de forma absurda em termos de qualidade. Tudo ficou mais massivo, mas preenchido, obviamente o vocal mudou,estando aqui mais gutural, o que sinceramente somou ainda mais às duas composições. Definitivamente ouvir essas versões só deixou a vontade de ouvir o álbum inteiro regravado.

É uma pena que isso não seja possível, pois o que foi feito nessas duas regravações é incrível. Ouça “The Singing of Hungry” que se tornou ainda mais densa, pesada e emocional, mostrando o quanto essas faixas já eram boas em 1997. Realmente esses relançamentos resgatam partes da história da nossa cena e devem continuar acontecendo, mesmo contra a vontade de alguns velhos empacados que já estão fedendo a putrefação.

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