DEATH SLAM/THE MIST/OBITUARY
23/09/2022 – Toinha Brasil Show
Brasília/DF – 20:00
O público de Brasília não tem do que reclamar do período pós pandemia em termos de eventos. Temos tido diversos shows internacionais e com mais vários vindo por aí. Se por um lado isso movimenta o público e oferece também uma visibilidade maior ao estilo, me pergunto aonde se encontram os shows mais undergrounds ? Poucos tem ocorrido, mas enfim, isso é um conversa para outra postagem. Os americanos do OBITUARY vieram mais uma vez ao Brasil e Brasília teve a chance de receber o primeiro show da Complete Control Tour. Com cerca de uma hora de atraso, os brasilienses do DEATH SLAM entraram no palco e mostraram seu grind death com profissionalismo, mas sofreram bastante com a qualidade do som que deixou os instrumentos não tão homogêneos. Apesar dos problemas com o som, a banda deu seu recado e recebeu uma excelente resposta do público. O veterano vocalista e batalhador da cena local Felipe CDC deu seu recado e direcionou toda a sua indignação aos problemas nacionais.
Os mineiros do THE MIST vieram na sequência. Para mim seria o segundo show que veria da banda. O primeiro foi quando ainda morava em Recife e aconteceu no início dos anos 90, quando do lançamento do álbum “Hangman Tree”, um evento que marcou a todos naqueles tempos. Com um setlist calcado em músicas mais antigas e algumas do seu último lançamento a banda entregou aquela sonoridade clássica de forma que começou a colocar o público para começar a agitar. O vocal de Vladimir Korg é inconfundível e um dos melhores da cena nacional e isso ficou claro no palco. Destacaria a execução da fudidíssima “Scarecrow”, onde a cabeça do próprio personagem estava presente nas mãos do vocalista. Um show excelente, mas que também sofreu com a deliberada qualidade inferior do som. O thrash metal é um estilo que precisa de qualidade sonora e isso não se viu durante toda a apresentação, com um paredão de graves que ao meu ver, prejudicou bastante a qualidade final do evento.
A próxima banda seria a headliner do evento e após um tempo razoável de organização do palco o OBITUARY entrou em palco e destruiu. Esse foi o terceiro show da banda que pude presenciar e foi de longe o mais poderoso de todos. A banda entrou e foi recebida por um público que já lotava o local e que se portou de forma insana, o que fez com que os músicos demonstrassem visivelmente a sua satisfação em estar ali tocando. O curioso é que nas duas oportunidades anteriores em que pude ver o OBITUARY no palco fiquei com uma impressão não muito positiva, já que parecia que a banda não estava nada satisfeita em estar ali, quase que por obrigação apenas. Mas felizmente os caras vieram com uma energia incrível e esse foi um show para ficar na memória. Com uma discografia já considerável e onde há momentos geniais e outros nem tanto assim, é normal que um show dos caras não seja uma unanimidade em termos de setlist.
Foram 14 músicas tocadas em um curto set de um pouco menos de 1 horas de duração. A faixa de abertura foi “Redneck Stomp”, do álbum “Frozen in Time” e seu início acaba casando como uma luva para iniciar um show desses. As próximas foram a porradeira “Sentence Day” e a mais cadenciada “A Lesson in Vengeance”, do álbum “Obituary”, de 2017. “Visions in my Head”, “A Dying World” deram seguimento ao caos que se instaurou no Toinha Brasil. Tudo ficou mais infernal com “Find the Arise” e “Dying” do clássico “Cause of Death”, uma cacetada nos tímpanos. Do já não tão clássico “World Demise” veio “Don´t Care”, seguida da já mais visceral “Threatening Skies” do álbum “Back from the Dead”. Do mesmo álbum, eles mandaram ainda a faixa “By the Light”. Voltando às raízes novamente, foram disparadas “Turned Inside Out” e “Chopped in Half”, do “Cause of Death”. O show ainda contaria com uma trinca de pérolas. “Deadly Intentions” do primeiro álbum, “I´m in Pain” do “The End Complete” e finalmente a música mais esperada por qualquer fã do OBITUARY que se preze, a ultra fudida e esporrenta “Slowly We Rot”, que ecoou estrondando todo o local. O vocal do John Tardy simplesmente estava uma desgraceira. Perfeito.
Um show que realmente precisava ver desses mestres do metal da morte da Flórida. Com certeza todos saíram extasiados, apesar dos comentários gerais sobre a duração do show, que poderia ter durando mais uns 20 minutos, pelo menos… Mas enfim, foi o que tivemos e felizmente, foi muito fudido.
O ponto negativo fica para essa mania desgraçada que se faz presente em eventos no Brasil dessa famigerada pista vip. Em um local do tamanho do Toinha, criar uma pista vip é uma simples manifestação de mercenarismo mesmo. Até porque já é o segundo show seguido em que vou e a pista vip é simplesmente invadida pelo público. Ou seja, quem pagou mais caro por esse “luxo” acaba ficando com cara de idiota. O mais correto é NÃO existir isso.
OBITUARY setlist:
Redneck Stomp
Sentence Day
A Lesson in Vengeance
Visions in My Head
A Dying World
Find the Arise
Dying
Don’t Care
Threatening Skies
By the Light
Chopped in Half / Turned Inside Out
Deadly Intentions
I’m in Pain
Slowly We Rot