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NIGHTFALL – Festival The Darkness With – Florianópolis/SC (19/05/2024)

Festival The Darkness With

Bandas- Nigthfall, (Grécia) Finita, (RS) Heia,(GO) Tressultor,(SC) Sepülcro,(SC) Cujo (SC)

Local – Haôma Bar/Florianópolis-SC

Data – 19/05/2024

O Nightfall foi formado em 1991, em Atenas, Grécia, e vem divulgando seus mais recentes lançamentos, o álbum “At Night We Pray”( 2021) e o EP “In The Temple of Ishtar”.( 2022) Os gregos tocaram pela primeira vez no Brasil em 2023, no Setembro Negro. E agora retornando ao país com a sua “Darkness Forever Over Brazil Tour 2024″. Com o suporte da Tumba Productions e da produtora catarinense Necrovoid Productions, desembarcaram em solo catarinense, passando por  Blumenau, no sábado, e Florianópolis,(SC) no  domingo de muitas chuvas pelo estado e  acompanhados pelos blackmetallers goianos da Héia. 

Contando com bandas do sul do Brasil no cast de abertura. Um bom público compareceu no Haôma Bar e presenciaram um grande show “de todas as bandas”. 

Os garotos prata da casa subiram no palco na hora marcada, às 16:00 horas em ponto. E o Sepülcro fez um bom show, aquecendo o público que estava chegando. Um set curto e direto.

Agora era a vez dos blackmetallers de Goiânia,(Go) Héia, era  uma banda que sempre tive curiosidade de vê-los ao vivo e seu ritual negro e blasfêmico não decepcionou! Com um visual carregado com roupas pretas, pentagramas e Corpse paint. Eles iniciaram sua celebração com a música   “Mother of choleric chaos”, do último disco “Magnun Opus”.(2021) 

Esse é o primeiro trabalho deles lançado com letras em inglês. Místico Cultus, (Guitarra,Vocal) Groe (G) e Desgraça na bateria. A banda tocou sem baixista e os graves de baixo fizeram um pouco de falta, sim pois não  deixou o som tão brutal! Mas nada que tenha prejudicado o show deles! Começa a missa negra com os rituais profanos “The precipice Between…” último single lançado em 2022. Mais um chute no rabo cristão, com The cult of death, música do EP lançado em 2022 chamado: Ordeal Of The Abbys. O baterista Desgraça teve problema com o prato de ataque que não queria ficar no lugar, mas a banda não se incomodou com isso e mandou mais alguns hinos profanos como: The Dark Infinity, Horn Empress. A banda executou muitas faixas do último trabalho completo de estúdio. 

A próxima, pela introdução da guitarra, o público já sacou o que iria rolar. Místico anuncia: Midnight Queen. Cover dos mineiros do Sarcófago e com certeza é uma das influências da banda e o público gostou. Finalizando o ritual satânico com as duas últimas músicas, the veil of darkness e Magia Negra. Héia é uma grande banda de Black Metal que faz aquele metal negro dos anos 90, com momentos viscerais e outros momentos mais cadenciados e maléficos. Apresentou um show muito bom, com riffs cortantes, gélidos e muita agressividade e maldade. A entidade Héia merece respeito e admiração por quem realmente curte o metal negro e a arte profana! Existem os posers, mas existem também os reais.

Direto de São Bento Do Sul, a capital de móveis no estado catarinense, o power trio Tressultor, executando um Thrash Death Metal violento e grooveado. Adoradores de tequila e empadinhas de carne humana, Hans Kechele,(Bass/Vocal) Renahn “Virose” Grosch (G) e Lucas Cruz, na bateria, não deixaram pedra sobre pedra. Abriram o set com as faixas: Epidemia/Mande a Merda, que é da primeira demo “Epidemia”.(2014) Segue com “Tenho Um Nome a Zerar” que encontra no Debut-CD (2021) e leva o nome da banda. Insanos metalheads que faixa foda! Tem uma vibe meio Dorsal Atlântica do início de carreira, porém mais violenta e uns riffs matadores! Surgem as primeiras rodas da noite e os insanos pareciam possuídos pelo cão e tomam mais pedrada na moleira: Juarez possuído pela tequila, e O Ateu. Puta merda, sem palavras! Juarez Possuído… Tem um riff no início bem Death Metal e do nada cai em um violento “thrashão” é pura insanidade. Os caras mesclam umas passagens mais grooveado, mais cadenciadas, com riffs brutais e insanos que não têm como ficar parado. O Ateu já é um pouco mais cadenciado e vai na linha Death Metal. A próxima faixa é Cheiro De Cão, música nova que sairá em breve em um single nas plataformas digitais. Apesar de ser um instrumental, ela é bem violenta, que mescla o Thrash e o Death Metal.

E como todas as bandas têm um horário limitado, era hora das duas últimas músicas do set e mandaram: sentinela noturno e Deliciosas empadinhas de carne humana. É difícil classificar o som do Tressultor. Como já citado, tem influências do Thrash Metal na vibe oitentão, puxando para as clássicas bandas brasileiras da época, tem aquela pegada Death Metal clássico, tem aquela pegada grooveado dos anos 90, e tem algo grind pelo vocal gritado e insano de Virose em seus backing vocals. O que dá uma identidade própria para a banda, mesmo no meio de “toda essa mistureba boa” que os catarinenses sabem usar a seu favor.

Saíram do palco aplaudidos e a galera pedindo bis. Mas não rolou, porque tinha um cronograma a seguir e a casa só poderia ter bandas até às 22:00, e ainda faltavam três bandas para subir no palco. Aliás, essa casa é muito legal, com boa infraestrutura, um ótimo lugar, bem localizada no centro de Floripa, e toda a staff da casa é muito educada com seus clientes.

A quarta banda da noite era os gaúchos da Finita. Outra banda que tinha curiosidade de vê-los ao vivo. Já tocaram várias vezes em solo catarinense, mas por falta de tempo não consegui assisti-los. Porém, tudo tem o seu tempo, lugar e hora. E que banda, me surpreendeu muito ao vivo! Confesso que em estúdio não me chama muito atenção, mas não é porque é ruim, longe disso. É gosto mesmo! Acho que tenho que ouvir com mais atenção seus trabalhos, já que a banda é muito boa. Formada por: Luana Palma, (V) Bruno Portela(G) , Allison F. Back,(B) Guilherme Gindri (Teclado) e Pablo de Castro na bateria. O som desses gaúchos vai do Black Metal, Death Doom Metal e passa pelo Gothic Metal e até passagens de música nativista gaúcha. 

Parece estranho, mas não é. Pelo contrário, dá um ar mais melancólico às composições da banda. Apesar de todas essas influências musicais, eu acredito que o som da Finita vai na linha Dark Metal. Começando a apresentação dos gaúchos com a faixa Lucifer’s Empire, que inclusive tem um ótimo videoclipe lançado no YouTube. Uma faixa muito bonita que inicia com vocais líricos e depois cai em uns guturais, riffs brutais e no meio dela passagem atmosférica. A próxima faixa é Doomsday mais direta, riffs carregados de peso e bateria mesclando partes retona e o teclado dando um ar tétrico. Um solo de guitarra muito bonito e cheio de sentimentos. 

Valsa Dos Exumados, é cantada em português e ficou muito foda! Outra faixa, que vai na vibe metal extremo e  pelo Death Doom Metal com peso, melodia e mais uma vez a música nativista faz-se presente em seu instrumental. Com um solo de guitarra de arrepiar e sem dúvidas nenhuma a banda é muito competente no que faz, mas não tem como não citar mais uma vez a técnica e o sentimento que a vocalista transmite aos presentes. A dança dos amantes e sinfonias triste contínua com: Ascension e The Fall. Realmente, a banda ao vivo é um espetáculo, eles entregam um ótimo show com técnica, peso agressividade, melodia e uma presença de palco bem teatral ao vivo. E o clima mais obscuro e tétrico continua com as músicas: Circle Of The Damned e Luana Palma deu uma aula vocal. Ela entoou nessas músicas vocais limpos, guturais, rasgados e aquele vocal típico da milonga gaúcha que, apesar de ser limpo, é meio áspero e melodioso. Aliás, milonga é um estilo de música gaúcha, que tem sua gênese no Uruguai e na Argentina.

Antes de fechar o set da banda, o guitarrista Portela agradece as bandas, organizadores e  público presente, e diz que todo o merchandising vendido da banda nessa turnê seria revertido para os conterrâneos deles, que estão sofrendo com a tragédia das enchentes no estado gaúcho. Eu peguei os dois CDs que só escutava pelas plataformas de streaming e assim, além de tê-los na minha coleção, é por uma boa causa. E fecharam com Gates Of Oblivion, uma apresentação que deixou todas com um sorriso no rosto.

Direto de Atenas, pela primeira vez no submundo da capital catarinense, os gregos do Nigthfall subiram no palco com uma aparelhagem própria e tudo muito bem ajustado, respeito ao público presente e musicalmente muito profissional. Foi muito bom ver uma banda desse nível tocando colado com o público e sem frescura, sem estrelismo, com sangue nos olhos e felizes por estarem ali em um palco simples, porém com um público energético. Efthimis Karadimas, (V) Mike Galiatsos, (G) Vasiliki Biza, (B) Kostas Kyriakopoulos e o baterista Fotis Benardo, que já tocou em várias bandas do Helenic Black Metal como:Septicflesh, Nightrage, Necromancia entre outras. 

Os gregos abriram sua apresentação teatral e obscura com a faixa: Killing Moon, que faz parte do último disco de estúdio. Um Death Thrash Metal rápido, violento, agressivo e com passagens cadenciadas e um ótimo solo de guitarra. A banda executou 11 invocações, entre elas: Ambassador Of Mass, As Your God e Dark Red Sky. Que banda realmente matadora ao vivo! Atuação de todos deixou os insanos metalheads encantados, fascinados com músicas que te levam para uma viagem para os calabouços frios e obscuros da alma. A banda fez um setlist que passou por todas as suas fases. O que chama atenção dos nativos do mediterrâneo é o pedestal que tem uma faca na ponta e o visual do vocalista Efthimis Karadimas com uma capa, capuz e parte do rosto coberto com uma máscara ou algo assim, que me fez lembrar do filme o Fantasma da Ópera (não sei porque, mas fez) e que deixa tudo mais teatral. Aliás, Efthimis, tem uma capacidade única de interpretar as músicas e passar um sentimento desesperador aos ouvintes. As próximas músicas são Diva e Sherr Misfit, numa pegada mais Dark/Gothic com vocais mais limpos. Músicas do álbum “Diva Futura” de 1999. Voltando ao novo álbum, eles executaram uma trinca do álbum “At Night We Prey”. Darkness Forever é mais direta com um riff pesado e a faixa vai mesclando Death /Thrash Metal com muito peso e melodia. Witches já tem um início mais cadenciado, com tambores mais ritualísticos e vocais assustadores e uma performance bem insana do Efthimis. A dupla de guitarrista faz seu trabalho bem concentrado e técnico. Já a baixista, sim, é uma mulher! Vasiliki Biza, seguro os graves com muita maestria e ainda agita muito, e nota-se em sua face que está feliz por estar ali apresentando seu trabalho e com muita personalidade. 

Já o baterista… o cara é um monstro atrás de seu kit de bateria. Toca muito! Precisão, técnica, com passagens rápidas e cadenciadas e sempre com um sorriso no rosto. É tão bom ver músicos com uma bagagem no submundo mundial,mas sem se comportar como rock star. E falar o que do mestre das vozes? Efthimis Karadimas, entrega um trabalho perfeito, que emociona a todos com um vocal cheio de sentimentos, identidade própria e muito teatral. Uma apresentação hipnotizante.

Chegamos a parte final do show. 

Infelizmente, tudo que é bom dura pouco! As duas últimas músicas dos gregos: Lesbian Show e Ishtar. A primeira é do álbum deles que eu gosto muito, que é o mesmo nome da música e foi lançado em 1997. Essa música evoca algo do gótico dos anos 80 com belas melodias que remetem ao Heavy Metal. E Ishtar é do primeiro disco “Athenian Echoes” de 1995. Ela começa com uma introdução que remete à cultura do mediterrâneo e tem melodias árabes e cai numa vibe que quem aprecia o clássico estilo “Helenic Black Metal” vai achar várias passagens que faz lembrar dos demônios gregos do Rotting Christ, Varathron, Necromancia e toda aquela época gloriosa dos anos 90 que Halläs, no presenteou e até hoje tem seus admiradores mundo afora.

Uma tarde de domingo, apesar da chuva, muito agradável, apreciando o underground em companhia de amigos e amigas com muito Metal. Infelizmente, não consegui ver a banda CUJÖ. Estava de carona e meu amigo Lucas Dias estava com a esposa e o filho no show. Ele precisava trabalhar, a noite não é guarda-noturno, mas tinha labuta de madrugada, pegamos a estrada e tínhamos quase 100 km pela frente.

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