

Fomos conversar com o guitarrista Mike Martinez, que fez parte da lenda do Thrash Metal paraguaia The Force, banda bem conhecida no Brasil e também do Overlord, ambas estão inseridas no Thrash Metal. Agora com sua nova banda NightBound, ele está investindo em um som com uma pegada mais Hard ‘N’ Heavy, ele nos contou mais sobre esse promissor nome da cena paraguaia.
Saudações Mike Martinez, seja bem vindo ao nosso portal! Gostaria que você apresentasse a NightBound para os metalheads brasileiros e gostaria de saber porque você resolveu montar a NightBound e apostar nessa sonoridade que vai de influências de Thin Lizzy, Scorpions,Riot e passando pela N.W.O.B.H.M., entre outras sonoridades mais setentista?
Mike: Saudações, Walter e ao The Old Coffin Spirit! Muito obrigado pelo apoio. Bem, a ideia de criar uma banda como a Nightbound remonta aos velhos tempos do Overlord, que foi minha primeira banda em meados dos anos 90, início dos anos 2000. Tocávamos Thrash Metal, mas com muitas influências da N.W.O.B.H.M. Sempre tive muitas ideias tradicionais de Heavy Metal que às vezes pude usar no Overlord, e ainda mais no The Force (minha segunda banda e provavelmente a mais conhecida no Brasil). Mas às vezes alguns riffs ou mesmo músicas pediam mais para um som Hard Rock ou um estilo mais Heavy Metal do início dos anos 80, e isso pedia um cantor melódico. Então, esse desejo de experimentar essas ideias com um cantor que fosse capaz de cantar melodias e fazer harmonias foi crescendo cada vez mais até que finalmente vi a oportunidade quando comecei a trabalhar com Arianna Cuenca, nossa vocalista e baixista. Começamos em 2018. Então, como você pode ver, além do Thrash clássico, minha música favorita SEMPRE foi de bandas como Black Sabbath, Thin Lizzy, U.F.O, Scorpions, Saxon, Judas Priest, Loudness, Krokus, Vandenberg, Y&T, Riot etc. desde os meus primeiros anos descobrindo o metal no começo dos anos 90!
A banda nasceu em 2018 e desde o início a ideia era montar uma banda com essa sonoridade mais Hard & Heavy e contando com uma vocalista feminina, e como você conheceu Arianna Cuenca? Como você analisa o trabalho dela na banda e na sua opinião como é trabalhar “musicalmente com uma mulher” nos vocais?
Mike: Essa é uma ótima pergunta, porque começamos a trabalhar lentamente com a Arianna em um projeto musical em 2015. O motivo pelo qual a convidei para vir aqui e experimentar algumas músicas foi porque a vi cantando um cover de Saxon na internet; ela soou ótima e todo o fraseado e estilo fluíram naturalmente. Isso é algo que realmente me chamou a atenção, diferente de muitas cantoras no Paraguai ou em outros lugares. O fato de ela ter uma bela extensão melódica média é algo que ajuda o Nightbound a alcançar seu próprio som; ela não precisa gritar ou cantar alto para entregar suas falas; ela tem um som natural que transmite muito sentimento e paixão e combina perfeitamente com a música. Ela também é uma baixista incrível; ouça nosso novo disco, e se surpreenda com o ataque desse baixo! Aliás, as primeiras músicas que experimentamos naqueles primeiros dias foram covers de bandas como Diamond Head, Baron Rojo e Europe, primeiro apenas como uma dupla, violão e voz. Tudo se desenvolveu lentamente com o passar do tempo.

Sim, cara no The Force, Apesar de ser um Thrash Metal na veia old school, a gente conseguia notar essas influências mais Heavy Metal, com bastante melodias no instrumental da banda. Já que estamos neste papo, digamos mais técnico. Gostaria de saber suas influências como guitarraista. Quem são seus heróis nas seis cordas e que te fizeram escolher a guitarra como instrumento para você expressar seus dons musicais?
Mike: Nossa, cara, essas perguntas são realmente incríveis, principalmente porque eu adoro falar sobre essas coisas hehe. A razão pela qual escolhi a guitarra foi porque as duas primeiras bandas que ouvi e pelas quais fiquei obcecado foram The Beatles e Guns N´; Roses quando eu tinha 9 anos, e o principal motivo dessa obsessão foi a guitarra. Esses sons de guitarra me fizeram querer ouvir mais e mais sobre esse som distorcido, poderoso e estrondoso que me fez sentir eletrificado. Sobre o assunto dos meus heróis das seis cordas, bem, podemos continuar falando sobre isso por dias. O panteão principal pertence a deuses como Tony Iommi, Michael Schenker, Gary Moore, John Sykes, Rory Gallagher etc. Mas os que eu realmente gosto de mencionar são o que você pode chamar de músicos como Scott Gorham do Thin Lizzy, Paul Quinn do Saxon, Mark Reale do Riot, Frank Marino, Piggy do Voivod, Adrian Vandenberg, Gary Holt do Exodus, Tony Bourge do Budgie.
Uma das facilidades dos dias atuais, é ter acesso à internet e as plataformas de streaming, temos acesso a todos os lançamentos quase em tempo real. E sim, eu ouvi o novo lançamento “Coming Home” e achei fantástico! Ouvindo o trabalho da banda e os vocais da Arianna realmente combina com o estilo adotado pela banda. Aliás, a voz dela é suave, melodiosa e tem até uma pegada “digamos Pop” porém achei em algumas partes meio agressivo tipo aquela pegada do Blues. Quais são os vocalistas masculino ou feminino que a influenciaram ?
Mike: Obrigado pelo comentário sobre “Coming Home” fico feliz que tenha gostado! E também é muito legal que você tenha notado as influências de Blues e Pop dela, porque isso é uma das coisas que a ajudam a criar melodias e ganchos tão cativantes. Pode ser chocante dentro da cena metal falar sobre esse tipo de influência, mas os artistas que nos inspiram vêm principalmente do passado, quando a música era feita com muito cuidado e sinceridade, havia autenticidade em todos os gêneros. Os vocalistas favoritos da Arianna são de pessoas como Ronnie James Dio, David Coverdale, Paul Rodgers, Biff Byford, David Byron, Glenn Hughes, Pat Benatar, Sean Harris etc. Meus cantores favoritos incluem muitos dos dela, além de caras mais durões como Phil Mogg e Dan McCafferty.

Como já comentamos a banda nasceu em 2018 e no mesmo ano lançaram a Demo Tapeque leva o nome da banda. Em 2019, vocês relançaram a mesma como um EP contendo as três faixas da Demo: Nightbound,Time Is on Your Side,The Fighting Never Ends e acrescentaram uma cover dos ingleses do Deep Purple, para a música: Soldier Of Fortune. Como foi o contato com o selo chinês Awakening Records e porque escolheram fazer o cover para esse clássico do Deep Purple?
Mike: Depois de terminarmos de gravar a primeira demo, enviamos centenas de e-mails para gravadoras Underground. Entramos em contato primeiro com a Analog Overdose, do Equador, para lançar a fita e, em seguida, a Awakening Records entrou em contato conosco. Eles estavam apenas começando, éramos o terceiro lançamento deles. Eles fizeram um trabalho fantástico de promoção, recebemos muitas críticas e cobertura no mundo todo. Escolhemos a música do Deep Purple porque tocamos ao vivo uma vez em um programa de TV, apenas guitarra e voz, e usamos a mesma gravação para o EP. O que você ouve é ao vivo, sem overdubs. David Coverdale é o herói da Arianna e Ritchie Blackmore é um dos meus.
Em 2024, vocês lançaram o full length, The Night Is Calling. Por que vocês lançaram o full álbum de forma independente? O selo chinês não se interessou em lançar esse trabalho ou vocês resolveram lançá-lo independente por querer ter controle total sobre a obra de vocês?
Mike: Tivemos uma ótima experiência com a Awakening Records, eles se interessaram no início, na verdade começamos a gravar em 2020 um álbum inteiro que foi descartado ou deixado nas prateleiras por nós mesmos, isso porque tivemos muitas mudanças de formação no meio do caminho e problemas com o estúdio de gravação. Então tivemos que esperar até termos essa nova formação incrível com Monse na bateria e Dario nas guitarras para finalmente podermos terminar nosso álbum de estreia completo. Naquela época, Ader Jr. da Dies Irae Records do Brasil nos disse que estava muito interessado em trabalhar com a Nightbound, ele é um grande amigo meu e um colega geek de metal e música como eu, então na verdade lançamos o álbum primeiro em Streaming em nossa própria página, mas agora está finalmente disponível em uma incrível edição em CD da Dies Irae, no Brasil.
Pois é, cara, a NightBound começou com você, na guitarra e Arianna, nos vocais. Em seguida entraram outros integrantes no baixo e na bateria. Inclusive, também eram mulheres se não me falha a memória. Você poderia nos falar como foi os trabalhos com esses integrantes e chegaram a gravar em estúdio com a banda e porque, não ficaram na banda?
Mike: A primeira formação do Nightbound era composta por Miky Doldán na bateria e Katz Leiv no baixo, além de Arianna e eu nos vocais e guitarra, respectivamente. Gravamos a primeira demo e o primeiro EP com essa formação e fizemos nossos primeiros shows. Em 2019, Miky deixou a banda e foi substituída por Melissa Narvaez na bateria. Logo depois, Katz também deixou a banda e Arinn assumiu o baixo. Nesse ponto, nos tornamos um power trio. Isso durou até Richard Ferreira se juntar à banda como segundo guitarrista alguns meses depois, e então nos tornamos uma banda com apenas dois guitarristas. Dario Aquino assumiu a outra guitarra e Arianna além do vocal, assumiu o baixo.

Eu assisti o Dario Aquino ao vivo duas vezes aqui em Santa Catarina, com a banda Arcano, de Heavy Speed Metal, (Py) e que banda, foda! Ele também faz ou fazia parte do Arimã,(PY) que inclusive gosto muito e já entrevistei eles para o site The Old Coffin Spirit Zine. Como está funcionando essa formação com Darío e o que ele acrescentou para evolução da banda?
Mike: Desde julho/agosto de 2023, definimos nossa formação definitiva com Monse Diamond na bateria e Dario Aquino na guitarra. Monse entrou em meados de 2022 e Dario em meados de 2023. Eu já conhecia Dario há muitos anos, desde os tempos do Arcano, uma das minhas bandas favoritas, então quando Richard saiu da banda e precisava de um novo guitarrista, perguntei se ele estava interessado. O fato dele ter se mudado de Ciudad Del Este (lar de Arcano e Ariman) para Assunção por motivos de trabalho facilitou tudo. Ele não é apenas um ótimo músico, mas também um ótimo compositor, e entre nós quatro há uma boa química e amizade.
Aproveitando a conversa(…) Darío e o Arcano, tocaram em Santa Catarina, ficaram um dia aqui em casa e você tinha que ver a felicidade desses garotos entrando no mar pela primeira vez. Bombinhas Beach (SC) é uma das melhores praias do Sul do Brasil e eles ficaram encantados com a praia e a natureza exuberante daqui. Em 2019, fui junto com o pessoal da Battalion, banda de Itajaí (SC) para Foz do Iguaçu, em um show deles na Casa Urbana, evento organizado pela nossa querida amiga, Cris Peretto e depois fomos para Porto Franco, no Paraguai, bairro de Ciudad Del Leste, onde Dario reside. Ele nos recepcionou muito bem em sua casa com muitas cervejas Pilsen e ouvimos muito vinil, de bandas clássicas de Heavy Metal e comendo pizza. Acho esse espírito dentro do underground fantástico! Mike, você tocou duas vezes em Santa Catarina, com a banda The Force,né? O que você pode dizer da cena de Santa Catarina e como foi sua experiência por aqui?
Mike: Lembro-me de tocar em Santa Catarina com meus bons amigos da Battalion, e foi aí que também te conheci, Walter. Foi uma viagem fantástica, Santa Catarina é maravilhosa! Toco no circuito Santa Catarina,/Paraná/São Paulo/Rio de Janeiro há muitos anos, desde os tempos de Overlord e The Force. Fiz muitos amigos e conheci pessoas fantásticas no Brasil, sempre apoiando o Heavy Metal, sempre gentis e dando boas risadas também! Espero que com o Nightbound eu possa conhecer outras cidades/estados como Belo Horizonte, Porto Alegre, Mato Grosso, Bahia etc. algum dia.
Estamos ansiosos para celebrarmos o Metal com o Nightbound em Santa Catarina, e espero que isso não demore muito! Então, a NightBound desde o seu nascimento contou com integrantes mulheres. Além da baixista Arianna, que também é vocalista, conta com a baterista Monse Diamond. Aqui no Brasil, nós temos duas bandas que deram muita visibilidade para bandas com mulheres. A Nervosa e a Crypta. Elas estão trazendo muitos garotos e garotas, mais jovens para dentro do Underground e acho isso muito bom! O Rock/Metal precisa se renovar e os mais velhos tem que abrir as portas e apoiar essa nova geração, no meu ponto de vista. Eu respeito o trabalho dessas duas bandas citadas, porém não é a minha praia. Já fui em shows delas e as garotas destroem em cima do palco, mas não é a minha área. Prefiro a Valhala, de Brasília,(DF) que foram pioneiras no final dos anos 80 e início dos 90 e lançaram materiais fodas! Executando um Death Metal poderoso! Os metalheads paraguaios aceitaram bem o Nigthbound com integrantes mulheres? Como é para você Mike, trabalhar com mulheres e de certa forma,vocês levantaram uma bandeira progressista dentro do submundo?

Mike: Cara, esperamos tocar em Santa Catarina muito em breve, estaremos bem perto do Paraná (Cascavel e Foz do Iguaçu) no mês que vem! Essa pergunta é muito interessante, responderei com a maior sinceridade possível. A verdade é que o fato de Arianna e Monse serem mulheres não importa para nós, o que importa é a qualidade individual, independentemente do gênero ou ideologia. Para todos nós, a química musical é o que buscamos e a encontramos da maneira perfeita desde que Monse e Dario se juntaram. Arianna e Monse são realmente talentosas e temos sorte de tê-las, e o que você mencionou sobre inspirar a nova geração de músicos de Hard Rock e Heavy Metal, meninos e meninas, é incrível!!! Esperamos que sim! O fato é que temos um grande número de seguidores no Paraguai, mas há uma pequena parcela do público que tem problemas com garotas em bandas. Não nos importamos, apenas fazemos o nosso trabalho e continuaremos fazendo. Levantamos a bandeira do bom rock pesado!
Pois é, cara, vi o cartaz que meu querido amigo Ricardo Barros, baixista da banda cascavelense Górgona, me enviou. Eles são uma ótima banda de Heavy Metal. Gostaria muito de ver esse evento com o Harppia, Górgona e Nigthbound. Pois é, no Brasil também temos esse mesmo problema de uma parcela do cenário não apoiar bandas com integrantes mulheres. Acredito realmente, que o que importa mesmo é se o som me agrada e a postura da banda, e não me importa se é homem ou mulher, que estejam por trás da banda. Como você vê o atual cenário do submundo paraguaio, ou melhor, do underground em geral, na América Latina e no resto do mundo?
Mike: Eu realmente acredito que estes são tempos emocionantes para o Underground, porque como você disse antes, há uma nova geração de jovens entrando na cena, e eu não via isso há muito tempo, pelo menos aqui no Paraguai. Agora você pode ver a velha guarda de headbangers com os novos e isso é ótimo. Ainda temos que lutar contra a apatia que a era da internet nos trouxe, mas também acho que as pessoas estão começando a viver suas vidas com mais equilíbrio, não apenas no celular ou na tela do computador, mas também saindo para o mundo real. Precisamos encorajar mais isso, mais shows, mais festas, mais feiras de discos, encontros cara a cara e compartilhar! A propósito, eu adoro o álbum Górgana, é fantástico! Também tocar com Harppia será incrível, ouvir Salém A Cidade das Bruxas ao vivo!
Já que estamos nessa vibe(…) O que você pensa sobre o radicalismo dentro do cenário metálico? Acredita que nos dias de hoje é mais difícil ser radical dentro do underground?
Mike: O mundo é tão diferente agora em comparação com o que era há apenas 10 ou 20 anos. O radicalismo tinha um propósito naquela época: manter a essência do espírito do Metal viva e, assim, preservar a própria integridade como indivíduos. Hoje, a integridade HUMANA é muito mais importante. Somos cada vez mais empurrados para um mundo virtual com a IA se tornando parte integrante da sociedade. Nós, como Nightbound, vemos um lado muito negativo em tudo isso. É por isso que temos uma mensagem positiva de união, consciência e espiritualidade (não uma religião dogmática e organizada). É importante manter a realidade, a humanidade e a união para que possamos lutar pela liberdade, como deve ser.
Gostaria que você nos desse mais detalhes sobre o segundo full length “Coming Home”? (2025) Quem produziu o álbum, estúdio que foi gravado, e quem criou a arte de capa? Achei fantástica!
Mike: O álbum foi uma colaboração com o produtor Marcel Westermann. Ele estava terminando a faculdade e precisava de um projeto para sua tese, que resultou no álbum “Coming Home”. Trabalhamos por um mês para finalizar 4 músicas novas, já tínhamos outras 4 prontas. Entramos no estúdio TM em 14 de outubro de 2024 e terminamos a gravação em 13 de novembro de 2024. A mixagem e masterização foram feitas por Macel Westermann nos estúdios TM em dezembro de 2024 e janeiro de 2025. A capa do álbum é da artista chilena The Comtesse, ela também fez a capa do nosso primeiro álbum, “The Night Is Calling”. Concordo com você, é um desenho fantástico que transmite perfeitamente os temas do álbum.
Se não estou enganado Coming Home, vai sair no Brasil pelo selo carioca, Dies Irae Records. Como surgiu o contato com o selo brasileiro? E o selo também será responsável pelo lançamento mundial?
Mike: O Dies Irae lançou recentemente nosso primeiro álbum, “The Night Is Calling” em CD, e a ideia é promover agora esse álbum e, em seguida, lançar também “Coming Home” Eles fizeram um ótimo trabalho na embalagem de “The Night Is Coming” e a gravadora também apoia totalmente suas bandas em turnê.
Sei que o disco acabou de sair do forno. Mas vocês já têm um feedback da imprensa especializada e do público? Como eles estão reagindo a esse novo trabalho?
Mike: Embora o álbum seja bem novo, já temos ótimas críticas no Reino Unido, França, Argentina etc. Nosso público também está muito animado com “Coming Home”, a maioria diz que é nosso melhor trabalho até agora, com respostas muito positivas.
Cara, realmente acho Coming Home um ótimo trabalho! Riffs marcantes, solos técnicos e melódicos. Baixo, dando peso e uma bateria muito bem trabalhada e executada, aliada à vocais lindos e melódicos! Minhas músicas preferidas são logo de cara: Live For Today e Polaris. Quais são suas preferidas e qual música desse novo trabalho o público tem reagido melhor ao vivo?
Mike: Obrigado, Walter! Sem dúvida, este é o nosso trabalho mais forte e coeso, estamos muito orgulhosos de “Coming Home”. Para mim, o fato de haver uma grande variedade de estilos e atmosferas no álbum, mas tudo acabar soando como nós, como um álbum do Nightbound, é uma grande conquista; encontramos nosso som e crescemos muito como compositores. Adoro todas as 8 músicas, todas são cativantes, poderosas, melódicas e cheias de significado. A instrumental “Arakuaávy” mostra muitos estilos diferentes em uma única música, assim como “El Viaje Del Héroe”
No full length, The Night Is Calling, vocês gravaram uma música em espanhol chamada: Tu Luz Interior. Acho essa música linda! Logo no início tem um riff e uma base que nos vêem Thin Lizzy na cabeça. E no decorrer da música ela tem vocais mais melódicos, quase Pop e um solo magnífico. Em Coming Home, vocês gravaram mais uma música em espanhol chamada El Viaje Del Héroe. Com guitarras e riffs poderosos,mas um pouco diferente de Tu Luz Interior. Achei ela mais pesada e direta, mas com muitas melodias. No final de El Viaje del Héroe, Arianna, declama umas palavras em Guarani e achei fantástico! Nós temos que ter mesmo orgulho de nossos povos originários, da América do Sul. Porque resolveram gravar essas músicas em espanhol? Será uma tradição em cada álbum do NightBound ter uma música em espanhol ou já pensaram em gravar um disco todo em espanhol, em um futuro próximo?
Mike: “Tu Luz Interior” tem uma ótima história por trás. A gravação do álbum “The Night Is Calling” estava quase terminando quando eu criei esse riff estilo Thin Lizzy (nós amamos Lizzy!) e decidimos terminar a música e gravá-la ali mesmo no estúdio, e decidimos ali mesmo que ela deveria ser cantada em espanhol, foi uma adição de última hora ao álbum e se tornou uma música importante para nós. Algo semelhante aconteceu com “El viaje del héroe”, que é a primeira música que os quatro membros da banda escreveram juntos. Quando chegou a hora de gravá-la, eu criei uma melodia para tocar no final com guitarras limpas. Monse apontou que a parte estava em compasso 6/8, que é o ritmo da música folclórica paraguaia chamada Guarania, então decidimos fazer uma Guarania e ter um poema em guarani para finalizar a música e também o álbum. Ambas as músicas surgiram naturalmente do jeito que são; adoraríamos incluir mais influências folclóricas e nativas se fosse feito com autenticidade. “Arakuaávy” também é influenciado por uma tribo nativa do Paraguai e sua cosmogonia.

A penúltima faixa, é um belíssimo instrumental, é a música mais longa do disco. Com mais de Cinco minutos de duração e nesta composição a NightBound, mostra que seus integrantes são exímios músicos entregando uma faixa pesada, trabalhada, viajante e melódica ao mesmo tempo. Arakuaavy, o nome dessa música é em guarani, certo? Pesquisei no Google tradutor e não achei a tradução. Ela é em guarani mesmo e o que significa essa nomenclatura?
Mike: Esta é uma questão muito importante a esclarecer. Arakuaávy é uma palavra que se traduz como “Conhecimento do mundo” e é um dialeto relacionado ao guarani da tribo indígena Pai Tavytera, eles são intimamente relacionados aos Kaiowas no Brasil. Arakuaávy é a bíblia oral deles, a história em que os deuses criam o universo a partir de sua voz, entoando uma melodia que aumentava de volume à medida que criava a Terra, as estrelas, a floresta e todos os seres vivos. Achamos que seria o título perfeito para a música, porque é como você a descreve, psicodélica, com muitos estados de espírito e mudanças, parece contar uma história.
Mike, é quase impossível conversar com você e não lembrarmos da grande banda The Force. O The Force acabou ou está somente adormecida? Você poderia nos dizer como foi a sua parceria com o nosso querido Antônio Rolldão e a kill Again Records, aqui do Brasil?
Mike: Posso te dizer, irmão, que a The Force vai voltar, sem dúvida, mas não posso te dizer quando. Há alguns pré-requisitos que eu gostaria de ter antes de começar a trabalhar com a banda novamente, mas isso vai acontecer em algum momento, com certeza. Antonio Rolldão é uma lenda, tenho muito respeito por ele e sou grato por tudo o que ele fez por nós todos esses anos. Tenha certeza de que há mais por vir. Vida longa à Kill Again Records!
Para finalizarmos, quais os planos futuros da NightBound e suas palavras finais. Obrigado, pelo tempo cedido a nós. Fuerza Metal del Paraguay!
Mike: Walter, quero agradecer por esta conversa incrível e por reservar um tempo para ouvir Nightbound e suas gentis palavras sobre nossa música. É uma ótima oportunidade para nossos amigos brasileiros e a comunidade do heavy metal conhecerem mais sobre a banda. No momento, queremos lançar “Coming Home”em formato físico, com certeza a versão em CD ficará nas mãos da Dies Irae. Também gostaríamos de fazer mais shows no Brasil e no resto da América do Sul, e em breve teremos um novo videoclipe oficial do novo álbum, então fiquem ligados em nossos canais. Continuem firmes e fortes, meus amigos, um abraço!!!