Entrevistas

NEURÓTICOS – Death metal brazuca na terra dos Samurais

A globalização e a internet nos proporcionam dores de cabeça mas também trazem coisas boas. Que o digam os nipo-brasileiros do Neuróticos, uma banda com nome em português, com dois integrantes brasileiros, dois japoneses, cantando em inglês, morando no Japão! Formada em 2004 estão lançaram digitalmente o álbum “Kill for God” em 2019 e agora em 2021 estão apresentando este trabalho em formato físico. Nesta entrevista conversaremos com o vocalista Bruno Matsuda sobre a banda e outros detalhes envolvidos.

(Leonardo Bernando)

Saudações galera! É um prazer conversar com vocês. Pra iniciar, uma pergunta até redundante neste momento: como vocês estão lidando com essa pandemia. Imagino que aí no Japão deva ser bem diferente daqui do Brasil.  

Bruno Matsuda: Comparando com o Brasil, aqui até que está “de boa” mas o governo aqui só tá fazendo merda que nem aí no Brasil. No momento estamos em “estado de emergência” mas estão querendo realizar os jogos da Olimpíadas e está uma confusão. Pra vocês terem uma ideia, um cara que trabalha na comissão se matou essa semana, se jogando na linha de trem. Imagina a pressão!

A história da Neuróticos é bem diferente pois vocês já existem há quase 20 anos e só agora saiu o debut. O que houve para essa demora? 

Bruno Matsuda: Realmente demorou bastante tempo. Nós lançamos um split em 2014 e um EP em  2016. Fizemos bastante shows e tours pela Ásia e uma turnê pelo Brasil. Até o lançamento do “Kill for God”, já chegamos a gravar algumas vezes, mas nunca ficamos satisfeito com o resultado. Tivemos várias oportunidades de shows e turnês rolando e ficamos meio que acomodados com a situação e então focamos mais em nos apresentar ao vivo, e não me arrependo com isso, pois ganhamos muito reconhecimento na estrada. Mas agora estamos bem focados em novas músicas e tivemos bastante tempo em casa com a pandemia, então o processo está bem rápido agora. 

Mesmo tendo dois japoneses na formação, o nome da banda é em português. Qual critério de escolha para isto?

Bruno Matsuda: A banda foi formada aqui no Japão, e na época eram três brasileiros e achei interessante colocar um nome em português. Mas ver uma banda de death metal, no Japão, com integrantes brasileiros e cantando em inglês é bem louco, né? 

Capa: Alcides Burn

No álbum vocês exploram bastante as vertentes mais cruas do death metal. Quais as principais influências de vocês?

Bruno Matsuda: Temos várias influências. Desde pequeno, em casa, tocava Black Sabbath, Led Zeppelin e outras várias bandas dos anos 60 ~ 70. Meu pai que nos colocou nesse mundo do rock e metal. Aí na adolescência começamos a escutar os som mais pesados como Slayer, Sepultura, Metallica Krisiun, Deicide e várias outras. Mas na hora de fazer música, naturalmente acaba ficando um Death metal.

Como foi feita a escolha gráfica do álbum, a cargo do pernambucano Alcides Burn? Como surgiu o conceito? 

Bruno Matsuda: Eu tinha a ideia de ter três  figuras no topo, controlando o caos que a religião e políticos, que são a mesma merda, causam no mundo todo. E estava procurando um artista pra criar isso. Pesquisei e perguntei para amigos do meio da música uma indicação e o Kaká, da Xaninho Discos, me passou o site do Alcides. Eu não conhecia o trabalho dele e pirei ao ver. Aí mandei pro resto da banda e a galera topou na hora. Eu só passei a ideia e as letras pra ele e saiu esse trabalho incrível. Uma coisa interessante é que o disco estava pronto mas não tinha o título, aí ele pegou um título aleatório do disco e colocou na arte pra ter uma ideias de como ficaria, e quando ele me mandou a imagem e pensei “Kill For God” ficou muito foda”! Então firmou assim. 

Inicialmente o álbum saiu apenas em formato digital, mas recentemente saiu em formato físico por um coletivo de distros. A ideia inicial de vocês era atender apenas a galera mais digital ou já pensavam no público de saudosistas (como eu), que prefere ter em mãos um cd?

Bruno Matsuda: Lançar digital sempre é a última opção para nós. Aqui no Japão, o CD físico foi lançado em junho de 2019 e depois nas plataformas digitais. Fizemos uma turnê de lançamento aqui no Japão com 7 shows, ia rolar Europa e América do Sul, algumas datas na Ásia e mais uma turnê no Japão pra encerrar, mas foi adiado por causa da COVID. Era pra ser lançado mais rápido ai no Brasil, mas tivemos esse maldito vírus e atrasou tudo.  E em breve vai ter distribuição em Dubai também.

Geralmente eu via os japoneses curtindo muito estilos bem distintos como o heavy melódico e o grindcore. Como é a cena e a aceitação do público com o som de vocês?

Bruno Matsuda: Aqui a cena é muito boa, tem muitas bandas boas no underground e muitas bandas do “mainstream” que lotam os show, tipo Cannibal Corpse é gigante e coloca mais público do que várias banda melódicas da Europa.  Japão tem a melhor cena na Ásia sem dúvidas.

Quais os planos de vocês para a banda? Já tem material novo? O que nos espera no futuro?

Bruno Matsuda: O plano é cumprir as datas da Europa que foram adiadas e lançar novo disco e sair pra estrada de novo, pra falar a verdade já começamos a gravar o novo disco e a bateria já foi gravada. Agora temos que ver como vai ficar o lançamento e essas turnês que já estão agendadas. Essa pandemia bagunçou o esquema de todo mundo!

Pegando o gancho: há alguma possibilidade da banda se estabelecer no Brasil novamente??

Bruno Matsuda: Eu acho bem difícil, mas nunca se sabe. Nós  estamos muitos bem aqui no Japão e gostamos daqui. Temos mais amigos aqui do que no Brasil e meus pais moram aqui também. Mas vai saber!  No passado até já pensamos em morar na Europa, mas sair do Japão eu acho bem difícil.

Gostaria de agradecer seu tempo, parabenizar pelo trabalho e deixar o canal aberto para suas considerações finais.

Bruno Matsuda: Eu que agradeço o espaço. Se tudo der certo em 2022 voltaremos para o Brasil e espero encontrar  vocês de novo na estrada. Grande abraço!

NEURÓTICOS online:

https://www.instagram.com/neuroticos.official

https://www.youtube.com/c/NEUROTICOSOFFICIAL

Related posts

ANARKHON – Morbidez e maturidade musical em um massivo death metal subterrâneo

Fábio Brayner

SILENT EMPIRE – Death metal franco e avassalador vindo das terras do Sul do país

Walter Bacckus

CLAYMOREAN — Épico, majestoso, dinâmico e melodioso. A força do Heavy Metal sérvio.

Fabio Miloch