Após um longo hiato de nove anos, os noruegueses do NEKROMANTHEON emergem do submundo com seu terceiro disco de estúdio, “Visions of Trismegistos”.
A banda de Thrash Metal formada em 2005 conta com músicos experientes e de talento inegável, incluindo membros do OBLITERATION (uma das bandas mais legais de Death Metal da Noruega).
Vale observar que o estilo tem prosperado por lá no novo milênio, dentro de um pequeno nicho, especialmente entre bandas que praticam suas versões mais perversas e tóxicas, unindo Thrash ao Black e/ou Death Metal. Casos da veterana AURA NOIR e das mais recentes DEATHHAMMER, INCULTER, EVOKE e TÖXIK DEATH. Muitas vezes, essa sonoridade evoca a época em que o metal extremo englobava todos os elementos e vertentes num mesmo caldeirão, impossibilitando desmembrá-lo num único estilo. Sim, os tão celebrados e longínquos anos 80.
Thrash direto, veloz e agressivo, porém não reto. Há certa dose de imundície no instrumental, que os aproxima do Thrash Black. Por outro lado, o vocal é mais tradicional, os distanciando da categorização mais extrema. Essa é a linha de som dos caras, apresentando como influências mais nítidas as fases de ouro de ícones como KREATOR, SLAYER, SEPULTURA, DARK ANGEL, MORBID SAINT e CELTIC FROST.
Na capa, ilustração interessante que mescla tradição e modernidade, abstrata e totalmente aberta a interpretação. Arte do concorrido e prolífico polonês “Zbigniew Bielak”.
“Visions of Trismegistos” é um disco que chama a atenção imediatamente pela qualidade dos músicos, hábeis e de performances seguras, pelo trabalho impecável de guitarras de “Arse Myren Torp”, bateria precisa e de boas variações de “Kick Holm” e os vocais corretos e sem agudos exagerados de “Sindre Solen”, também baixista na formação. O som de baixo, inclusive, é um destaque negativo da produção, que o deixou praticamente inaudível. Problema compensado pelo nível elevado das composições, tornando a audição fácil e muito agradável.
São oito golpes certeiros e demolidores na orelha do ouvinte. O álbum é coeso e flui com facilidade, oferecendo pouquíssimos segundos no corner para um respiro. A música de abertura, “The Visions of Trismegistos” funciona como ótima amostra do ritmo avassalador, e de toda a fúria desencadeada durante os trinta e dois minutos do trabalho.
“Seven Rulers of Faith” segue implacável, senão até mais brutal. Os poucos momentos cadenciados testemunham os solos, vibrantes e letais. “Faustian Rites” atropela com riffs e percussão infernais. É uma das faixas com os duetos de guitarras mais interessantes, e solos estupendos.
“Neptune Descent” tem em seu início um dos poucos momentos de calmaria, logo interrompidos furiosamente pelas guitarras. Som de variações marcantes no tempo e demonstrações virtuosas de técnica; “Scorched Death” engana com os efeitos sonoros de seu começo, os cavaleiros do apocalipse prosseguem e avançam irredutíveis.
“Dead Temples” outro festival de riffs e belos solos. Destaque para as incríveis linhas de bateria. Faixa que remete ao SLAYER em seus momentos mais odiosos; “Thanatos” é uma das melhores do álbum, agressiva ao extremo, porém com alternâncias rítmicas brilhantes.
“Zealot Reign” fecha o álbum em altíssimo nível, criando uma trinca das melhores da obra juntamente com sua antecessora e o tema de abertura.
Mais um excelente disco de Thrash lançado em 2021, que marca o retorno do NEKROMANTHEON às atividades em grande forma. Indicado aos fãs do estilo que curtam o seu som sem frescuras, com técnica refinada e doses fatais de violência e intensidade.
As oito músicas abaixo totalizam os 32:44 minutos de duração do álbum:
1 – “The Visions of Trismegistos”
2 – “Seven Rulers of Faith”
3 – “Faustian Rites”
4 – “Neptune Descent”
5 – “Scorched Death”
6 – “Dead Temples”
7 – “Thanatos”
8 – “Zealot Reign”