Amigos leitores, o NEGATIVE PLANE é uma das formações mais únicas e excêntricas do Black Metal dos Estados Unidos, e praticamente onze anos nos separam do seu último álbum de estúdio. De fato, eu nem esperava que eles fossem lançar material inédito.
Descobri que havia um álbum a caminho entrevistando o genial músico britânico “S.” no ano passado, quando ele lançou o novo disco do QRIXKUOR. Na época, ele mencionou que havia ouvido as demos do novo NEGATIVE PLANE, e que o álbum era sensacional.
Eis que temos o lançamento de “The Pact” em vista, trabalho que será lançado fisicamente pelo selo irlandês “Invictus Productions” em CDs e Vinil, além da versão digital.
O título do álbum refere-se ao Pacto com entidades malignas, denominado em inglês “Faustian Pact”, onde um indivíduo oferece sua alma em troca de bens ou possessões terrenas e materiais, como riquezas ou sucesso temporários, muitas vezes não reconhecendo que o que ele tem a oferecer é muito mais duradouro e precioso do que a recompensa oferecida.
“A Work to Stand a Thousand Years” inicia a jornada sobrenatural com riffs e vocaisexcelentes, muito marcantes. O Black Metal melódico e cheio de influências e elementos de Heavy Metal tradicional toma controle após uma seção de percussão extrema. A sonoridade ritualística é pesadamente influenciada pelo melhor da primeira onda do Black Metal. É gratificante notar que a criatividade do fundador “Nameless Void” permanece intacta. Em suma, faixa que abre o trabalho brilhantemente.
“Poison and The Crucifix” remete de cara às primeiras demos do MERCYFUL FATE, com muita veemência. As guitarras inspiradas soam como uma versão gloriosa do Occult Rock que tantas bandas têm procurado reproduzir (sem sucesso) hoje em dia. Sensacional.
“Three Turns to the West” abre com as guitarras e baixo dando show. A percussão extrema de “Bestial Devotion” também não fica atrás. A impressão é de se ouvir uma superbanda da NWOBHM tocando com raiva uma versão Speed/Black Metal da era primoridial. Destaque para os riffs super cativantes, solos e leads velozes e o som incrível de baixo.
“The Wailing of the Immured” é um interlúdio de pouco menos de dois minutos, com violoncelos que soam, juntamente com as guitarras limpas, com um jeitão de pesadelo.
“Even the Devil goes into the Church” é a estrela do álbum, uma aula de Black/Heavy Metal. O título pode ser traduzido como “até o diabo entra na igreja”, e refere-se a uma frase que os integrantes da banda ouviram ao visitar uma catedral em viagem à Europa, para pesquisar in loco sobre o tema do “Pacto Faustiano”. Ótimas harmonias das guitarras, excepcionais melodias.
“The Other Door” tem início brando, passando a ideia de uma possível faixa instrumental, um intermédio. A percussão lenta e os vocais sussurrados a direcionam a um riff espetacular e dominante, que por sua vez a transformam em uma das faixas mais extremas e efetivas do álbum.
“And So It Came to Pass” é a colossal e épica faixa que fecha o disco, com mais de dezesseis minutos. A abertura é tétrica, com teclados e guitarras limpas. Os primeiros riffs extremos são destruidores, e o som oscila eficientemente entre passagens velozes e cadenciadas. É complicado manter uma música tão extensa interessante, mas os caras mais uma vez representam.
O NEGATIVE PLANE retorna após mais de uma década de isolamento e ostracismo com um trabalho maduro, excepcionalmente bem-produzido e de resultado triunfante. Material digno de listas de final de ano, com certeza. Recomendo a todo fã de Metal Extremo, sem exceção. Essencial para fãs de MERCYFUL FATE (DIN), MASTER’S HAMMER (CZE), ROOT (CZE), CULTES DES GHOULES (CZE), MALOKARPATAN (SLK), MORTUARY DRAPE (ITA), NECROMANTIA (GRE), MYSTIFIER (BRA), BATHORY (SUE), DEMONTAGE (CAN), CELTIC FROST (SUI), TORMENTOR (HUN).
Tracklist abaixo, duração total de 59:18 minutos:
1 – “A Work to Stand a Thousand Years”
2 – “Poison and The Crucifix”
3 – “Three Turns to the West”
4 – “The Wailing of the Immured”
5 – “Even the Devil goes into the Church”
6 – “The Other Door”
7 – “And So It Came to Pass”