NECROVOID NIGHT FESTIVAL (Porto Belo/SC)
Bar do Castelo – 24/06/2023
Fotos por Paty Vanzin/Juliana Luzardo
Bandas: SEPULCRO (SC), VOORISH (SC), EREBOROS (RJ)
Sabe aquele fim de semana que você não tá a fim de sair? Quer ficar em casa, de boa e tranquilo. Pegar uma cerveja, escolher alguns cds e colocar no cd player; sentar no sofá da sala e ali ficar em paz… Mas já fazia alguns dias que sabia desse evento no Bar do Castelo e não conhecia as bandas que estavam no cast. “Dei um Google” e achei algumas coisas relacionadas à elas. Mas, a princípio, não me chamaram muito atenção. Um evento na porta da minha casa e pensei: vou!? Meu amigo, Lucas Dias, que está morando há pouco tempo na minha cidade, não deu certeza se iria, e, em cima da hora resolveu ir e me convidou, resolvi ir no evento. E lhes digo, me surpreendeu!
Chegando na frente do bar eu já vi uma boa movimentação, e uma galera jovem, que não tinha esbarrado ainda nos eventos da região. Aliás, em todos os eventos que fui até agora em 2023, tenho visto uma molecada nova, sedentos por metal, descobrindo o submundo, e isso é muito bom!
A primeira banda a subir no palco do Bar do Castelo era de uma molecada nova (faixa de 18/20) vindo de Florianópolis (SC). E não se enganem, apesar de serem novos, fizeram um death metal de gente grande.
SEPULCRO é uma banda relativamente nova, que acabou de lançar nas plataformas digitais “Post-Mortem Dreams” (2023). Um ep com quatro faixas próprias. A banda tem em sua formação, “Necrobraço” baixo & vocal, “Théo Luna Marques”, bateria, e nas guitarras “Pedro V. Halfen & Lucas Medeiros. Abriram o show com a faixa “Post-Mortem Dreams” é um som muito bom. Simples, mas direto! Um death metal com guitarras mórbidas, baixão pesado, bateria com partes rápidas e cadenciada, além do vocal cavernoso. A segunda música é “Anguish”. Um death metal cavernoso, obscuro, guitarras arrastadas. Antes de iniciar a próxima música o vocalista diz: que esse era o primeiro show deles fora de Florianópolis, e que estava muito feliz por tá tocando na cidade de Porto Belo. Era visível a felicidade estampada nos rostos de todos os integrantes. E mandam “Carnivore’s Night” e Cut.
Cara, o público recebeu muito bem essas duas faixas. O que me chamou atenção foi a pintura que os integrantes usavam nos olhos. Era uma tinta vermelha, parecendo sangue em forma de uma lágrima e, no mínimo, diferente. Depois do show, conversando com eles, me falaram que não são black metal, e não tinham porque usar um corpse paint e optaram por essa pintura em uma homenagem ao Dismember. Já que todos na banda são fãs deles. Segundo eles: as letras dos suecos falam muito em sangue e tiraram a ideia dali. E era nítido que o show deles surpreendeu os presentes. Seguem com “Napalm Third – Degree Burn” e “Justified Imprudence”, e dá-lhe metal da morte rápido e mortal. Fechando o set dos meninos com o clássico “Zombie Ritual” fazendo a alegria do público presente e amante da lenda Death. O Sepulcro é ainda meio tímido para se comunicar com o público, mas isso virá com o tempo e a experiência de palco. Pelo o que eu vi e assisti no show deles, estão no caminho certo.
A próxima horda a subir no palco do Bar do Castelo, era uma nova banda da cena de Florianópolis e que eu não conhecia. O VOORISH. Banda formada por músicos experientes da cena da capital catarinense e com passagens em outras bandas. Banda formada pós – pandemia e já estão finalizando as gravações do seu full álbum, ainda sem nome, e que daqui três ou quatro meses estará no submundo para todos os amantes de um black metal rápido, com boas melodias e agressivo. Lord Chaos (V). Servus Inferni (G) Malefic Phantom (B) e Lord Prophecy na bateria. Os quatro cavaleiros do apocalipse sobem no palco com toda a indumentária característica do velho black metal com corpse paint, roupas pretas, spikes, couro e rebites. O destaque vai para “o visual” do vocalista Lord Chaos que lembra muito o estilo de Nergal do Behemoth. E não pense que a banda abusa só de visual carregado não, os caras executam um destruidor metal negro.
Já inicia com as faixas “Prey”, Satan’s Falls” e “You Are Nothing”. Essa noite, foi de surpresas. Mais uma banda que me chamou atenção, tamanha qualidade de suas composições, técnica, fúria e maldade! O som dos caras vai numa vibe de bandas contemporâneas como Behemoth e as lendas do velho black metal noroeguês dos primeiros trabalhos Satyricon e Emperor. E o público presente batendo cabeça. E mais pedradas satânicas “Dark Ages” e “Rigth Ways”. Guitarras afiadíssimas, frias e com belas bases e melodias. Bateria com uma pegada rápida e baixo matador! O vocalista Lord Chaos tem um ar agressivo, psicopata, frio e teatral. Chama atenção sua presença no palco, olhando nos olhos do público presente, chega assustar o ar maldoso que transmite. Fechando o set “Over My Hands” e “Make It Real”.
Mais um show foda! O Voorish traz muita fúria em seu som, belas melodias de guitarras, passagens trabalhadas, agressividade e atmosfera fria. Outra banda que vamos ouvir falar muito e vai dar orgulho para cena de Florianópolis, com certeza.
Fechando o “Necrovoid Night Fest” na cidade de Porto Belo, os cariocas do EREBOROS. Os cariocas tocaram na sexta-feira em Castro, interior do Paraná, e no sábado no litoral catarinense. É estrada! No domingo voltariam para o Paraná e tocariam em Curitiba. Vale uma nota aqui. O Bar do Castelo, já virou ponto de referência para bandas do submundo que estão de passagem pela região da costa esmeralda. O bar tem um bom atendimento e o casal administrador Léo e Lilian são sempre atenciosos. O bar é cheio de artes medievais e de uma acústica muito boa.
Outra nota importante aqui, que quero divulgar, é que o Bruce Baiocchi e Rudolph Hille que estão por trás da “Necrovoid Produções”, estão fazendo um bom trabalho. Já fizeram vários festivais com bandas do underground, com bandas mais conhecidas, e também desconhecidas ainda pelos metalheads. Em breve mais novidades. Sabemos que não é fácil organizar e correr atrás para fazer a cena acontecer, mas é por isso que o underground metálico nunca vai morrer! Sempre tem alguém na resistência!
Então, outra banda nova que nasceu na pandemia, mas que conta com músicos experientes e que já passaram pela Europa, Estados Unidos, América do Sul e Brasil, com suas antigas bandas. Estão passando pelo sul do Brasil divulgando o recém lançado ep “Ereboros”, de 2023, composto de cinco faixas. E os cariocas já chegaram destruindo tudo com um violento blackned death metal destruidor e com nuances mais modernas. Já iniciaram o set deles com pedradas do seu trabalho “Corrupption Signum”, “Dubium Sapientia Est” e “Path Of Salomon”. Músicas poderosas com muita fúria nas guitarras, vocais viscerais e bateria rápida. Thiago Barbosa, baixo/ vocal, agradece o público e diz que está muito feliz por estar tocando em Santa Catarina e apresenta “Children Of The Grave”, cover dos deuses do Black Sabbath, em uma versão muito pesada e na pegada do Ereboros. Ficou foda! Mais uma música própria chamada “Blasphemous Era”, que me fez lembrar dos primeiros trabalhos do Behemoth e é certeza que a banda de Nergal tem uma grande influência no trabalho dos cariocas. Além do já citado vocalista Thiago, o Ereboros tem em sua formação: Wederson Felix, (G), Alexandre Carreiro (G) e Victor na bateria. Mais uma cover que fez os insanos metalheads presentes cantarem juntos, abrir rodas e trincar a moleira com “Troops Of Doom” do velho Sepultura.
E fechando apresentação deles com a música que dá nome ao quarteto. E mais rodas foram abertas; havia uma interação entre público e banda bem legal. O que nós não estamos acostumados é o show começar cedo e terminar cedo no Brasil e ainda mais em um sábado à noite. O show acabou um pouco depois da meia-noite, no Bar do Castelo. E todos ficaram felizes com mais uma edição do Necrovoid Night, e que venham mais festivais representando todas as gerações do metal nacional. Se eu tivesse ficado em casa não teria me surpreendido com três bandas que estão iniciando o seu caminho pelo submundo metálico.
Os guris do SEPULCRO representando o futuro do metal underground brasileiro. VOORISH com músicos trazendo experiências de outras bandas, e estão iniciando sua caminhada; e o EREBOROS, já com músicos que rodaram o Brasil e o mundo afora, com suas bandas: Forceps, Tellus Terror, Guted Souls e Hicsos. Mesmo com mais de 400 shows em seus currículos com suas outras bandas, uma nova banda é uma nova banda, e para mostrar o trabalho e ganhar respeito tem que cair na estrada e viver o underground.
