CD/EP/LP

MYSTAGOS – “Azoth”

MYSTAGOS (Espanha) “Azoth” Black Seed Productions – Importado 9/10

One-man bands sempre são uma roleta russa quando se trata de qualidade, mas esse projeto espanhol chamado MYSTAGOS me surpreendeu exatamente no quesito onde a maioria das one-man bands peca: na qualidade musical. Tudo aqui foi composto e gravado por Heolstor, que fez um trabalho de respeito executando um black metal bastante carrancudo e com riffs matadores. As influências que se apresentam nesse segundo álbum de estúdio intitulado “Azoth” passam por diversas cenas, mas acredito que o black metal nórdico é o que mais se encaixa na sonoridade do MYSTAGOS. Fica evidente que o black metal aqui não vem em sua mais pura forma, mas se mixa a elementos que vão do avant-garde ao post-punk, mas mantendo sua frieza e dissonância.

O álbum abre com a matadora “Adam Kadmon”, que mescla de forma excelente momentos mais trampados e obscuros com outros mais rápidos. A saga continua com a climática “Solve” que realmente mostra de forma mais clara a diversidade musical que influencia esse espanhol na criação de sua música. Em alguns momentos os vocais se distanciam da agressão e se aproximam do post-punk e de bandas como o Tristitia. Grande trabalho melódico em toda a música.“Empire of Bones” vem a seguir e retorna ao básico e primitivo metal negro. É uma música mais direta, apesar dos riffs e bases não tão diretos em sua execução.“Ritual” também segue a mesma estrada e entrega uma composição poderosa. Mais uma vez experimentos bem interessantes com os vocais são um ponto a ser destacado. A estranheza de “Shamdon” te pega de surpresa e é de longe a música mais difícil de ser ouvida. Não é direta, é dissonante e os experimentos quase “operísticos” para não dizer teatrais dos vocais fazem essa composição se distanciar de qualquer lugar comum. É como se o Satyricon tivesse se unido ao Tryptikon e criado algo. Música interessante e longe do trivial.
“The Weight of a Burial Shroud” é a música que te acompanha na última travessia com o barqueiro. Absolutamente climática e sendo tocada das profundezas de abismos nunca antes vistos. A roupagem funeral doom e os vocais criam um ambiente opressivo e depressivo que relmente te envolve e te deixa para baixo. Causar isso a quem ouve uma música não é fácil e o resultado final aqui é magnífico. Minha música favorita com certeza. Ao se aproximar do final vai sendo incorporado e o resultado é matador. A faixa que fecha o álbum é “Wind of Death” que tem um inicial quase industrial e na sequência abraça o barbarismo e a crueza. Uma forma eficiente e caótica de encerrar esse ritual musical chamado “Azoth”.

Related posts

CEMETERY FILTH – Dominion (2020)

Daniel Bitencourt

JUGGERNAUT – La Bestia (2021)

Walter Bacckus

DEVOTION – The Harrowing (2021)

Daniel Bitencourt