“V: Ecclesiae Mortii” – CD 2021
Drakkar Productions/South American Division
Nacional
8,5/10
Para aqueles que não estão familiarizados com a banda francesa MORTIFERA, o grupo foi formado em 2001 e já lançou cinco álbuns de estúdio, sendo esse “V: Ecclesiae Mortii” o seu mais recente trabalho, tendo sido lançado ano passado pela Drakkar Productions e recebendo alguns meses atrás uma versão brasileira que saiu pela divisão sul-americana da própria Drakkar. Para os iniciados no black metal europeu, o MORTIFERA é uma banda conhecida por sua fidelidade ao próprio som, não incluindo mudanças que alterem sua proposta música. Isso deixa claro ao ouvinte que o black metal do grupo segue inalterado e sempre calcado em uma sonoridade que usa e abusa da simplicidade rítmica. O som da banda segue uma linha que não vem em direção à brutalidade, mas se mantém dentro de um cadência e controle, usando bastante de melodias mais gélidas para criar climas mais obscuros. Em vários momentos é possível perceber na música da banda algo dos primórdios do infame Burzum, com linhas de guitarra ríspidas, mas melódicas.
Outra coisa que é possível perceber é que a dupla que forma o MORTIFERA aprecia o uso de momentos acústicos que servem de ponte para momentos mais pesados. Isso por si só acaba soando um pouco clichê, mas não deixa de ser efetivo dentro do que a sonoridade deles procura alcançar em termos de atmosfera. O vocal de Noktu procura passar um grau elevado de desespero e profundidade emocional e acredito o objetivo é relativamente alcançado. Algo que eu apreciei bastante é o som orgânico que o álbum possuí, com o som dos instrumentos soando bastante vivos, quase como um ensaio ou até mesmo em um show. São 10 composições que compõem esse quinto lançamento da banda e alguns destaques são a faixa “Nuit Glaciale”, uma faixa que tem uma sonoridade forte, ainda que seu andamento seja constantemente cadenciado.
Na mesma linha há “Horizon Pourpre”, que se recebesse uma produção mais poderosa poderia soa até mesmo como um post black metal. O trabalho das guitarras é muito emotivo. “Coma” é uma faixa que eu curti muito também. Como já falado anteriormente, aqui há o uso de uma linha acústica no início da faixa e logo na sequência há até uma parte mais rápida, mas que não prolonga tanto, logo retornando ao andamento característico do MORTIFERA. Belas melodias são apresentadas em “Congregatio” e o clima dessa música é totalmente obscuro e arrisco a dizer que é a melhor composição desse álbum. Fechando o trabalho vem a climática “Perspectivi”, uma curta outro acústica. “V – Ecclesiae Mortii” é um bom álbum, respeita a própria trajetória da banda e apresenta um black metal que, ainda que não se paute em originalidade, acaba se bastando pelo clima criado. Com certeza agradará os black metallers mais tradicionais.
- Cantus Mortii
- Pestii Sanguine
- Nuit Glaciale
- Horizon Pourpre
- Pourriture Astrale
- Coma
- Lost Poetry
- Congregatio
- De Profondis Clamavi
- Perspectivi
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