Entrevistas

MORBID TALES RECORDS – Dedicação, resistência e sangue em prol do underground

Joe Barzotto

Fomos conhecer um pouco mais sob a história do selo Morbid Tales Records situado em Cascavel no oeste paranaense, que está na labuta desde o início dos anos 2000, e lançando várias bandas do submundo brasileiro e internacional. Com a palavra o nosso amigo Joe Barzotto que é o big boss por trás do selo e também conta um pouco de sua história no submundo.

Joe Barzotto, sejas bem-vindo ao site The Old Coffin Spirit zine e para nós é uma honra ter esse bate-papo com o nobre amigo e irmão do submundo. Para iniciarmos nos diga como você descobriu o mundo do Rock/Metal e o que mudou em sua vida desde então.

Joe Barzotto: Fala Waltinho, tudo tranquilo? Sempre é bom bater um papo com nossos amigos deste imenso universo metálico. Bom, meu início no meio da música pesada se deu lá pela metade dos anos 80. Tinha uma loja aqui na cidade que vendia instrumentos musicais, discos e fitas cassete e num certo dia passando pela frente da loja entrei e me deparei com o Killers – Iron Maiden e Tokyo Blade – Tokyo Blade. Levei as duas fitas por curiosidade e pelas imagens das capas. Chegando em casa coloquei para ouvir num velho toca fitas de um velho Corcel do meu pai. Aquilo ali foi um tapa na orelha tamanha surpresa que tive quando começou a The Ides Of March com todo aquele clima e preparação para em seguida entrar Wrathchild. Depois disso foi só ladeira abaixo com fitas do Slayer – Show No Mercy, Venom – At War With Satan entre tantas outras conseguidas com suor do dinheiro da merenda da escola kkkkkkkkkkkk. Logo após rolou o primeiro Rock In Rio e logo percebi que nem só de fita cassete vive o Banger, sendo assim tive que juntar um dinheiro e comprar meu primeiro toca-disco usado e começar a ir atrás dos discos de vinil. Logo após começou a interação com outros Headbangers de outros estados através de cartas, zines, shows e estamos aí até hoje.

Depois que você descobriu o Metal e o submundo o que é algo que todo Metalhead queria fazer, era participar da cena. Joe,você chegou a montar alguma banda? O que te motivou a virar músico e tocar em bandas de Metal?

Joe Barzotto: Acho que a grande maioria do pessoal que começa a escutar som pesado e que começa a ir em shows logo se imagina tocando em uma banda e comigo não foi diferente na época. Pegar uma fita cassete ou um disco de vinil colocar no volume máximo e ficar batendo cabeça tocando uma guitarra, baixo ou batera imaginária fez e faz parte de muitos que estão por aí até hoje. E para encontrar outros com os mesmos gostos musicais e com as mesmas ideias não foi difícil e logo saíram as primeiras bandas. Não tocávamos nada mas fazíamos um barulho da porra. kkkkkkkkkk Toquei nas bandas Divine Gore, Hammerdown, Bloodshed e Lugubrious Hymn.

É engraçado que parece que todo mundo descobriu o METAL da mesma forma. Só muda há época,cidades e estados. Época onde tudo era mais  difícil ter acesso aos lançamentos em vinil, informações, shows ou mesmo comprar instrumentos musicais. E você escolheu ser baterista, né? Lembra porquê escolheu a bateria? De todas as bandas que você citou, eu só não conheço a Divine Gore e então, provavelmente essa foi a sua primeira banda, certo?

Joe Barzotto: Minha escolha pela bateria acho que foi natural pois sempre escutava as músicas prestando mais atenção nas batidas e levadas dos bateristas. Antes da Divine Gore tínhamos outros projetos que não passaram de poucos ensaios.

Eu lembro de ver a Hammerdown na metade dos anos 90 em alguns shows em Foz Do Iguaçu e em Cascavel. O Hammerdown era uma banda respeitada no cenário local e regional. Vocês deixaram algum material gravado físico para posteridade ou não? Além de Você, quem tocava na banda na época? Tens contatos com eles ainda?

Joe Barzotto: Hammerdown se não me falha a memória começou em 1992 e parou suas atividades em 97/98, tendo gravado uma demo em 95 chamada Death Symphonies seguindo uma linha Death Metal e com alguns sons pendendo para o Doom Metal. Entrei na banda em 96 como vocalista e fiquei até o encerramento das atividades. A formação no início era Daniel,Evandro, Vanderlei e Idalgo. A banda foi bastante ativa tendo tocado em algumas cidades do Paraná onde destaco o festival em Curitiba no ano de 93 junto com Dorsal Atlântica, Sarcófago, Exterminio, SexTrash, Pentacrostic, Amen Corner, Genocídio e outras.  Abrindo para o  Krisiun em São José /SC no ano de 1998 juntos as bandas Khrophus e Caibalion que depois virou Osculum Obscenum. Tendo tocado também em Assunção/PY e interior de São Paulo.

Olha que legal em 1998, eu morava em Foz do Iguaçu e estava descobrindo o Krisiun ainda…Mas conheci o Khrophus neste ano também em Assunção no Paraguai em um fest chamado: Arasunu Rock.  O Caibalion é uma lenda em Floripa, assim como é a Osculum Obscenum. Joe, então você realmente ficou feliz com toda história do Hammerdown e fechou a tampa do caixão com a banda ou existe a possibilidade de a banda retornar algum dia, ou fazer um show para as novas gerações?

Joe Barzotto:Sim, são bandas que já estão nos livros de histórias do Metal em Santa Catarina bem como muitas outras que lá surgiram. Um salve ao Adriano da Khrophus e Diego da Osculum Obscenum. Hammerdown está morto e sepultado há muitos anos e que assim seja.

Outra banda importante que você participou foi a Lugubrius Hynm e de certa forma, para a cena local e regional da época vocês eram vanguardistas. Lembro da primeira vez que eu os vi ao vivo em Foz do Iguaçu em 1998 e foi um choque no bom sentido, é claro. Lá em Foz do Iguaçu na época, os Metalheads só ouvia Thrash Metal e algumas bandas gringas de Death Metal e eu e o Jeff Menzen (Azathoth Zine) éramos os únicos de nosso círculo que ouvia Doom Metal e nossos amigos não gostavam do estilo ou não conheciam. E estávamos descobrindo a trindade inglesa: My Dying Bride, Anathema e Paradise Lost, e já tínhamos alguns CDs dessas bandas. Imagina o impacto que foi ver o Lugubrius Hynm em um palco com luzes brancas/ pretas, candelabros, velas negras, e incenso. O vocalista surge em meio à escuridão tocando um violino e enche o recinto com uma áurea negra e melancólica. Joe, o que você lembra desse show em Foz do Iguaçu em 1998 e o que representou para você essa história da Lugubrius Hynm, no cenário Underground da época?

Joe Barzotto: Acho que o Doom Metal sempre foi o estilo mais difícil das pessoas digerirem. Seja pelo andamento arrastado das músicas, pelas letras ou pelo clima depressivo que proporciona. Talvez o “é para poucos” define bem o estilo.  Essa trindade inglesa a que você se refere é só o My Dying Bride que ainda mantém aquela velha fórmula de fazer Doom Metal, o restante já se perdeu no tempo. Foz do Iguaçu além de ser uma cidade turística com suas belezas naturais sempre teve uma cena metálica muito forte com muitas bandas de variados estilos no Underground. Lembro que nos anos 80/90 rolavam muitos shows e os Bangers e Punks daqui da cidade sempre viajavam pra lá para ver as bandas, trocar ideias, sons, informações, etc. E no show com a Lugubrious Hymn não foi diferente, apesar do clima melancólico e depressivo na apresentação no final a confraternização e a festa tomaram conta do lugar.

Ah, sim, a cena iguaçuense nos anos 80 e 90 era bem forte, assim como a cena de Cascavel e muito deve se aos pioneiros Morthal e Tumulto que lançaram o clássico split vinil, juntos em 1991 e foi o primeiro registro vinílico da região oeste. E em Cascavel tinha o já citado Hammerdown e o lendário Kreditor. Mas a cena cascavelense continua forte e ativa no cenário com ótimas bandas contemporâneas, grandes festivais voltado ao submundo, existe um bar que abre as portas ao metal e existe um selo também. Como está a cena hoje em dia por aí? Você mantém contato com a cena iguaçuense atualmente?

Joe Barzotto: Sim Sim, Morthal teve uma contribuição enorme pra cena do Paraná. Nilton Bobato (vocal) fez muitas coisas boas na época. Nilton fomentava a cena de Foz e região organizando shows com bandas de várias partes do Brasil, bem como bandas do Paraguay e Argentina. Também editava o Kratos zine que foi referência em se tratando de zines no estado do Paraná e criou a M.U.F.I (Movimento Underground de Foz do Iguaçu) que tinha o intuito de reunir todas a bandas, zineiros, artistas da contracultura e bangers em geral para palestras, reuniões, informativos, onde eram debatidas as formas para melhorar a cultura underground na cidade e região. Cascavel sempre foi uma cidade ativa em termos de shows, bandas de diferentes estilos, zines, lojas, bares, espaços para shows e um público sempre sedento por música pesada.Hammerdown e Kreditor não foram as pioneiras mas posso dizer que foram as mais barulhentas em suas épocas.  Hammerdown gravou somente uma demo em 95 já a Kreditor gravou 3 demos, participou de 3 coletâneas e em breve estará saindo Evil Will Prevail – The Complete History Of Kreditor” (Compilation) pelo selo Pictures from Hell. Cascavel nos dias atuais ainda está mantendo a chama acesa com várias bandas, entre elas destaco as quais conheço mais de perto sendo Headtrashers, Gorgona, Crepúsculo dos Ídolos, World Suppuration e Voivodka. Temos um bar (Adega Bar) que sempre apoia os eventos abrindo suas portas para as bandas se apresentarem. A cena de Foz meio que se perdeu no tempo, não vejo falar em bandas que estão ativas ou de shows que estejam rolando por lá. Ainda tenho velhos amigos que moram em Foz e que às vezes aparecem por aqui em algum show.

Mas voltando ao passado e continuando a falar do Lugubrius Hynm. Na página do Metal Arquives está cheio de desinformações sobre a banda. Está lá que a banda iniciou – se 1999 e não foi né? Porque assisti o primeiro show de vocês em 1997 ou 1998. Lá também está que o único membro é Wander’Son e que inclusive fazia o vocal, tocava violino e teclados. Mas o fato é que você também fez parte da banda desde o início, certo. Poderia nos fornecer mais detalhes sobre essa grandiosa banda de Doom Metal paranaense. Existem poucas informações na grande rede sobre a mesma. Além do já citado Wander’son (Pacato) quem era os outros integrantes?

Joe Barzotto: Sim, Lugubrious Hymn foi formada em 1999 (96/97 ainda tocávamos na Hammerdown) O Wanderson tinha montado uma banda também de Doom Metal chamada Anthem Anguish alguns anos antes.  Fizeram alguns shows mas não gravaram nenhum material oficial.  Após o fim das atividades desta banda formou-se a Lugubrious Hymn no ano de 1999 sendo Wanderson (vocal, violino e teclados) Daniel (Baixo) Alexandre e Ney (Guitarras) e eu (batera/vocal). Gravamos uma demo ensaio e tocamos em algumas cidades. Em 2002 eu sai da banda e entrou no meu lugar o Renato que nos anos 80 tocava numa banda de Thrash Metal chamada Tribulation junto com o baixista Daniel, logo ele também saiu e entrou o GB que também ajudou a formar a antiga Hammerdown.

No início dos anos 2000, vocês lançaram a clássica demo tape”Serene Pain” em 2002, foi a vez “The Revelation of Depressed”. O que você lembra dessa época tipo composições, produção e você ficou feliz com os frutos colhidos para a banda nesta época com esses dois trabalhos?

Joe Barzotto: Serene Pain foi gravada no estúdio de ensaio que tínhamos. Um conhecido nosso levou alguns equipamentos de gravação, espalhamos alguns microfones pela sala e ensaiávamos enquanto o áudio era gravado. Na verdade Serene Pain é somente uma demo ensaio que ficou com uma qualidade audível e resolvemos divulgar e com ela surgiram convites para tocar em outras cidades Na época que gravamos só existia um estúdio profissional aqui na cidade e pelo alto custo inviabilizou de termos feito uma gravação profissional com a qualidade que as músicas mereciam. The Revelation of Depressed eu já não estava mais na banda então já não saberia te passar mais informações sobre a mesma.

Em 2020 saiu o trabalho “To Wither Forever” pelo selo Death Voice Records em uma edição especial com camiseta e CD. Eu achei importantíssimo esse lançamento e assim ficar eternizado o legado da banda e nos corações de quem gosta dela  e justiça seja feita. O que você achou desse lançamento, mesmo você ter saído da banda após Serene Pain?

Joe Barzotto: Esse lançamento da Death Voice ficou sensacional com uma qualidade gráfica excelente. O áudio foi dado uns pequenos retoques para dar um pouco mais de qualidade já que a gravação é a mesma da demo ensaio mas não desconfigurou em nada a gravação original. Gostamos bastante do trabalho da Death Voice em eternizar em cd nossas músicas.  Quando eles entraram em contato pra fazer esse trabalho a banda já tinha acabado a um bom tempo e ficamos surpresos pelo convite. Só temos que agradecer essa iniciativa da Death Voice e quem quiser adquirir cópias deste cd é só entrar em contato https://www.facebook.com/deathvoicerecords/

Joe Barzotto, e como você resolveu virar fanzineiro? Como surgiu o grandioso artefato impresso chamado: Morbid Tales Zine?

Joe Barzotto: Minha entrada nesse mundo de zineiros se deu por influências de vários outros zines que comprava na época de várias regiões do Brasil. Percebi que no interior do estado do Paraná além do Kratos Magazine de Foz do Iguaçu só existia outros zines na Capital do estado e assim comecei a editar o Morbid Tales junto com Heber Lobo. Em parceria editamos as duas primeiras edições, depois disso Heber resolveu abandonar o barco e eu continuei sozinho. Após isso editei o número 3 que foi todo impresso em offset com várias bandas nacionais e internacionais com tiragem de 500 cópias. Tivemos uma ótima aceitação pelos leitores e a partir deste número vários selos gringos começaram a enviar material promocional para ser resenhados e divulgados nas páginas. Nesta  edição de número 4 fizemos ele todo em papel couchê preto e branco com impressão em offset com tiragem de mil cópias. Enviamos para todos os leitores que adquiriram cópias, para selos que enviaram os materiais, divulgávamos para outras mídias, em shows e estávamos pronto para começar a edição 5 mas tivemos algumas dificuldades financeiras, problemas de trabalho, tempo, entre outras coisas e o mundo foi tomado pelos Web Zines que apareceram como um temporal vindo de todos os lados e sumiram com a mesma velocidade. Sendo assim demos por encerrado este ciclo.

Inacreditável né, só quem viveu essa época sabe como a cena era forte e diferente, existia união e amor ao submundo. Falando hoje ninguém acredita, um zine sair com 500 cópias e logo depois mil cópias. Hoje para vender/trocar 50 cópias é uma árdua tarefa. Quantas edições você lançou e quais eram os critérios que você usava para bandas fazerem parte deste glorioso artefato de escritas subversivas?

Joe Barzotto: Realmente era uma época totalmente diferente, a internet discada estava começando a atingir a grande maioria da população e as informações e descobrimento de novas bandas se davam através de zines e das poucas revistas que circulavam e os contatos por carta ainda existiam. Foram lançadas somente 4 edições e as bandas que participavam com entrevistas eram bandas que gostávamos e as resenhas eram feitas dos materiais que recebíamos. Há tempos percebo que essa cultura de zines foi deixada  de lado pela maioria das bandas, selos e pelos próprios Bangers. Os zineiros hoje em dia merecem os parabéns pela persistência em manter viva esta arte impressa.

Pois é, lá por 1996 chegou em minhas mãos uma edição antiga do Kratos Magazine, e neste mesmo ano o meu amigo Jeff Menzen montou e lançou o Azathoth Zine e em 1999 saiu a segunda edição. Era mais voltado ao Black Metal e foi pouco divulgado na época. Era muito difícil fazer divulgação naquela época e eu fazia parte da staff com algumas entrevistas (minha primeira entrevista foi a Eternal Sorrow) e ajudava na divulgação. Você chegou a entrevistar bandas importantes do cenário nacional e de nível mundial. Você lembra qual banda foi mais prazerosa de entrevistar e teve algumas delas que foi uma desilusão e foi decepcionante, ou você não passou por isso?

Joe Barzotto: Kratos Magazine era uma de nossas influências em se tratando de zine. Começaram impresso em papel jornal e depois passaram a ser em xerox. Muitas bandas nacionais que estavam despontando na cena passaram pelas páginas da Kratos Magazine. Conheci o Azathoth através de suas mãos, não lembro em qual show em Foz do Iguaçu ou Cascavel você me apresentou ele. Sim, não era fácil a divulgação antigamente mas posso dizer com toda certeza que era mais fácil do que nos dias atuais. Bandas importantes que passaram nessas 4 edições do Morbid Tales Zine eu diria que todas foram, cada uma no seu tempo e no seu jeito. Bandas que na época estavam lançando seus primeiros trabalhos em vinil como Amen Corner (Ep), Valhalla (In the Darkness of Limb), Flesh Temptation (Beyond the vision), Dorsal Atlântica (Show de lançamento do Musical Guide from Stellium em Foz do Iguaçu, onde Carlos Vândalo respondeu a entrevista pouco tempo antes de subir no palco e tantas outras lançando suas demo tapes ou dando os primeiros passos ou bandas que já estavam a todo vapor destruindo tudo como foi o Headhunter DC divulgando sua promo 96 com 3 músicas onde já demonstravam que o próximo disco viria mais devastador e brutal. (demorou mas saiu o clássico And the Sky Turns to Black) Bandas gringas teve algumas que figuraram nas páginas como Masacre, Acheron, Ancient Rites, Desaster (Posso estar enganado mas acho que fomos a primeira publicação do Brasil colocar eles na capa ou até mesmo ter uma entrevista com eles) entre outras. Felizmente acho que todas as bandas que direcionamos entrevistas foram respondidas. Não lembro de não receber resposta de alguma mas se teve com certeza não fez falta.

Infelizmente ou felizmente é outra época e as coisas mudaram.  Pois é, como já comentamos antes, era outra época e o Underground tinha uma união, todos que estavam inseridos dentro dele queriam fazer parte de algo, e ajudar de todas as formas, divulgado as bandas e os zines. Hoje em dia a gente entrevista as bandas e faz resenhas de seus trabalhos e algumas não divulgam na própria página deles em suas redes sociais. Felizmente eu só passei por isso uma vez, o cara respondeu e não deu a mínima para a divulgação, uma banda do Paraná e ainda tá na fase de EP gravado de forma simples e eu quis dar uma força para eles e era como se o cara estivesse fazendo um favor para mim. Mas tudo bem, só não divulgo mais nada deles! Mas ainda relacionado às escritas, do submundo o Morbid Tales Zine, realmente adormeceu em uma tumba fria e mórbida para sempre, ou existe possibilidade de despertar algum dia?

Joe Barzotto: Não vejo muitas bandas divulgando o próprio material que dirá material dos outros, mesmo que a mesma tenha sido inserida nas páginas de um zine por exemplo ou cartaz de show. Tem muitos caras que tocam em bandas e querem ter suas músicas lançadas em cd/vinil/cassete aí tu vai ver os caras só escutam músicas em plataformas digitais e ainda criticam que compra material físico.  Essas bandas não merecem nem serem citadas quem dirá divulgadas. Só aparecem em shows quando tocam. Morbid Tales Zine está enterrado e assim ficará.

Hoje os tempos são outros, tudo mudou! Diferente da época do seu zine, por um lado mudou, mas, por outro lado, continua na mesma. Ou seja, dentro do Underground se faz por amor e infelizmente, no Brasil não se ganha dinheiro com Metal/Underground. Hoje existe Webzine e as informações são mais rápidas e mais fáceis de se atualizar em relação a shows ou lançamentos de material. Porém, o fanzine ainda é o meio de divulgação do submundo que registra no papel a história da cena e é atemporal, chega nas mãos de quem ainda vive e ama realmente o submundo. Não estou dizendo que quem acessa Webzine não apoia a cena, mas quem compra zine, lê zine é da geração que tem o hábito de ter o físico em mãos. Você prefere Webzine ou fanzine impresso?

Joe Barzotto: Minha preferência sempre foi o fanzine impresso, mesmo que nos últimos tempos não tenha ido muito atrás de novas edições. O último que recebi foi o Maléfica Existência que está com uma qualidade muito foda. Webzines sempre que posso estou dando uma olhada no Lucifer Rex (Antigo Lucifer Rising) The Old Coffin Spirit e Sepulchral Voice que tenho que pegar a nova edição impressa que saiu recentemente.

Nota do Entrevistador – Realmente o Sepulchral Voices é um dos melhores zine impresso no Brasil. Meu amigo André Chaves me convidou para participar desta edição e aceitei é claro, já que tenho quase todas as edições (faltam só as duas primeiras) e sou fã do trabalho dele. Entrevistei meus amigos da Bahia, o Töhill que faz um Death Metal na linha old school, com temática sob os Maias. Em breve sairá o debut deles e vai dar o que falar. Grande banda! fique atento!

Você adormeceu eternamente o fanzine e quando foi que você resolveu montar um selo/distro e por quê? Aliás, seguiu com a mesma alcunha do zine e a escolha foi porque a Morbid Tales já tinha um nome consolidado na cena?

Joe Barzotto: Depois de enterrar o zine o tempo foi passando e eu me senti um velho aposentado sem ter  idade para isso. Senti falta dos contatos que tinha, aquele lance de fazer algo pela cena, mas retornar com o zine não seria uma opção, então resolvi montar uma distro em 2007 e no ano seguinte começamos a lançar cds/lps e estamos aí até hoje tentando sobreviver nesse mundo onde o físico se tornou obsoleto. Morbid Tales Rec. é como se fosse uma extensão do zine, resolvi manter o nome porque gosto dele, do logo (presente de Christophe Szpajdel na época)  e também por ser o 1º Ep do Celtic Frost.

Você lembra qual foi a primeira banda que você lançou pelo selo? E nos diga quantos títulos você já lançou pela Morbid Tales Records e quais as novidades para um futuro próximo?

Joe Barzotto:O primeiro lançamento digamos 100% Morbid Tales Records foi a banda carioca Prophecy com o álbum Legions Of Violence com uma tiragem de mil cópias com pôster tamanho A2 para divulgação. Até a data de hoje (13/10/23) se não me falha a memória foram lançados e relançados ao todo 38 títulos entre Cd/Vinil e Ep sendo 13 bandas nacionais e 23 bandas gringas. Alguns desses títulos foram lançados em parceria com outros selos. De novidades, agora no mês de Outubro estamos relançando dois títulos em CD; Incantation – Dirges of Elysium e Thanatos – Violent Death Rituals.

38 títulos lançados no Brasil é muita coisa, em um país que infelizmente o Metal nunca teve apoio e respeito, por pessoas que não gostam/entendem o estilo. Destes lançamentos existem alguns especiais e que você jamais imaginaria sair pela Morbid Tales?

Joe Barzotto: Na verdade gostaríamos que fossem mais títulos lançados mas infelizmente não temos todo aquele recurso que gostaríamos e também a vendagem de mídia física não está como gostaríamos que estivesse, mas estamos aí firmes e fortes até quando aguentarmos. Todos os lançamentos e relançamentos que fizemos foram especiais porque sempre fizemos por gostarmos da banda ou do título lançado. É sempre uma felicidade quando chega aquele novo título lançado com a logo no verso e você pensa. Caralho que foda!!

E nos dias atuais, poucas pessoas compram CD ainda. Você acredita que o material físico estará com os dias contados? E o que você acha das plataformas digitais?

Joe Barzotto: Hoje em dia a maioria dos compradores de mídia física são colecionadores. Tem uma parcela mais nova que se renova mas nem sempre conseguem ficar comprando muito material pois muitos desses novos ainda não tem um trabalho e se tem o que ganham geralmente pouco sobra para investir em coleção. Eu acho que a mídia física cd/vinil/k7 sempre vai existir pois sempre vai ter aquele apaixonado pela arte num todo e não só pela música. As Plataformas digitais estão aí pra quem quiser usar. Penso eu que dá tirar proveito disso mas não posso falar nada referente a isso porque não uso essas paradas de baixar/escutar música. Sou um poser digitalmente. Kkkkkkkk.  Meu lance é material físico e quando estou no pc geralmente vejo vídeos no youtube.

Você é um Headbanger do século passado e mesmo assim, você compra CD, Vinil e K7 ainda? Você acompanha lançamentos de bandas contemporâneas nacional e gringa, ou tem preferência só pelas clássicas? Que bandas têm chamado sua atenção recentemente e você indicaria aos leitores do site?

Joe Barzotto: Não com a intensidade de antigamente mas sempre que posso estou adquirindo material (cd/vinil/camiseta) k7 já não compro mais, acho um formato foda só que pra mim esse lance de rebobinar fitinha já não serve mais.  Sempre estou de olho no que está saindo apesar de que não tem como acompanhar tudo pois é muito material saindo diariamente e por isso muitas bandas acabam passando despercebidas. Bandas clássicas hoje em dia está complicado, tá difícil pegar uma banda clássica que tenha lançado um disco recente que me agrada por completo, parece tudo artificial só para se manterem ativos e fazerem shows. Talvez por terem lançados discos matadores no passado temos em mente que o disco novo será na mesma linha, talvez esteja errado pensando assim mas é o que sinto. Prefiro as novas bandas tocando no estilo antigo do que as bandas antigas tocando músicas novas. Bandas que tenho acompanhado nos últimos meses e que seguem tocando com aquele velho espírito metalizado seriam Necrogosto, Sevo, Wolflust, Fossilization, EvilCult, Podridão, Amazarak, Evil Corpse, Grave Desecrator entre outras tantas nacionais que com certeza devo estar esquecendo muitas. Bandas gringas tenho escutado Cruel Force, Deathhammer, Eurynomos, Century, Hellripper, Megathérion, Urn entre outras.

Meu amigo Joe, obrigado pelo tempo dispensado a nós para esse bate-papo e é sempre bom conversar sobre Metal/Underground com pessoas que realmente entendem o que é Underground, e o que ele representa, e acima de tudo tem história, e respeito por dentro o submundo. Palavras finais suas. Abraços e força – Sempre!


Joe Barzotto: Eu que agradeço pelo bate-papo e por sua dedicação e resistência em manter acesa a chama do Underground com publicações impressa, sei que não é fácil este trabalho e por isso tens meu respeito bem como todos os outros sérios e dedicados zineiros/webzineiros espalhados pelo Brasil. Abraço e que a chama do antigo Metal queime os novos tempos.

ENGLISH VERSION:

We went to learn a little more about the history of the Morbid Tales Records label located in Cascavel in the west of Paraná, which has been working since the early 2000s, and releasing several bands from the Brazilian and international underworld. In the words of our friend Joe Barzotto, who is the big boss behind the label and also tells a little about his history in the underworld.

Joe Barzotto, welcome to The Old Coffin Spirit zine website and for us it is an honor to have this chat with the noble friend and brother of the underworld. To start, tell us how you discovered the world of Rock/Metal and what has changed in your life since then.

Joe Barzotto: Hey Waltinho, is everything ok? It’s always good to chat with our friends from this immense metallic universe. Well, my beginnings in heavy music took place in the mid-80s. There was a store here in the city that sold musical instruments, records and cassette tapes and one day, passing by the store, I went in and came across the Killers – Iron Maiden and Tokyo Blade – Tokyo Blade. I took both tapes out of curiosity and because of the images on the covers. When I got home I played it on an old tape player from my father’s old Corcel. That right there was a slap in the ear, such a surprise that I had when The Ides Of March started with all that atmosphere and preparation for Wrathchild to follow. After that it was all downhill with tapes from Slayer – Show No Mercy, Venom – At War With Satan and so many others made with sweat from school lunch money lol. Soon after, the first Rock In Rio took place and I soon realized that Banger doesn’t live on cassette tapes alone, so I had to save some money and buy my first used record player and start looking for vinyl records. Soon after, interaction with other Headbangers from other states began through letters, zines, shows and we are still there today.

After you discovered Metal and the underworld, which is something every Metalhead wanted to do, was participate in the scene. Joe, did you ever start a band? What motivated you to become a musician and play in metal bands?

Joe Barzotto: I think the vast majority of people who start listening to heavy music and start going to shows soon imagine themselves playing in a band and it was no different for me at the time. Picking up a cassette tape or a vinyl record, turning it up to full volume and headbanging while playing an imaginary guitar, bass or drum was and is a part of many that are still around today. And finding others with the same musical tastes and the same ideas was not difficult and the first bands soon emerged. We didn’t play anything but we made a hell of a lot of noise. kkkkkkkkk I played in the bands Divine Gore, Hammerdown, Bloodshed and Lugubrious Hymn.

It’s funny that it seems like everyone discovered METAL the same way. It only changes at times, cities and states. A time when everything was more difficult to access vinyl releases, information, shows or even buy musical instruments. And you chose to be a drummer, right? Do you remember why you chose the battery? Of all the bands you mentioned, I just don’t know Divine Gore and so, this was probably your first band, right?

Joe Barzotto:I think my choice for drums was natural because I always listened to the songs paying more attention to the beats and rhythms of the drummers. Before Divine Gore we had other projects that were nothing more than a few rehearsals.

I remember seeing Hammerdown in the mid-90s at some shows in Foz Do Iguaçu and Cascavel. Hammerdown was a respected band on the local and regional scene. Did you leave any physical recorded material for posterity or not? Besides You, who was playing in the band at the time? Do you still have contacts with them?

Joe Barzotto: Hammerdown, if my memory serves me correctly, started in 1992 and stopped its activities in 97/98, having recorded a demo in 95 called Death Symphonies following a Death Metal line and with some sounds leaning towards Doom Metal. I joined the band in 96 as a vocalist and stayed until the band closed. The lineup at the beginning was Daniel, Evandro, Vanderlei and Idalgo. The band was very active, having played in some cities in Paraná, where I highlight the festival in Curitiba in 93 along with Dorsal Atlântica, Sarcópago, Exterminio, SexTrash, Pentacrostic, Amen Corner, Genocídio and others. Opening for Krisiun in São José / SC in 1998 together with the bands Khrophus and Caibalion, which later became Osculum Obscenum. Having also played in Assunção/PY and in the interior of São Paulo.

Look how cool in 1998, I lived in Foz do Iguaçu and was still discovering Krisiun…But I met Khrophus this year also in Assunção, Paraguay at a fest called: Arasunu Rock. The Kybalion is a legend in Floripa, as is the Osculum Obscenum. Joe, so were you really happy with the whole Hammerdown story and closed the lid on the coffin with the band or is there a possibility of the band returning someday, or putting on a show for new generations?

Joe Barzotto: Yes, these are bands that are already in the history books of Metal in Santa Catarina, as well as many others that emerged there. Shout out to Adriano from Khrophus and Diego from Osculum Obscenum. Hammerdown has been dead and buried for many years and so be it.

Another important band you participated in was Lugubrius Hynm and in a way, for the local and regional scene at the time, you were avant-garde. I remember the first time I saw them live in Foz do Iguaçu in 1998 and it was a shock in a good way, of course. There in Foz do Iguaçu at the time, the Metalheads only listened to Thrash Metal and some foreign Death Metal bands and Jeff Menzen (Azathoth Zine) and I were the only ones in our circle who listened to Doom Metal and our friends didn’t like the style or not. knew. And we were discovering the English trinity: My Dying Bride, Anathema and Paradise Lost, and we already had some CDs from these bands. Imagine the impact it was to see Lugubrius Hynm on a stage with white/black lights, candelabras, black candles, and incense. The vocalist appears in the darkness playing a violin and fills the room with a dark and melancholic aura. Joe, what do you remember about this show in Foz do Iguaçu in 1998 and what did this story of Lugubrius Hynm represent for you, in the Underground scene at the time?

Joe Barzotto: I think Doom Metal has always been the hardest style for people to digest. Whether due to the slow tempo of the songs, the lyrics or the depressive atmosphere it provides. Perhaps “it’s for a few” defines the style well. This English trinity you refer to is just My Dying Bride who still maintains that old formula for making Doom Metal, the rest has already been lost to time. Foz do Iguaçu, besides being a tourist city with its natural beauty, has always had a very strong metallic scene with many bands of different styles in the Underground. I remember that in the 80s/90s there were a lot of shows and the Bangers and Punks from here in the city always traveled there to see the bands, exchange ideas, sounds, information, etc. And the show with Lugubrious Hymn was no different, despite the melancholic and depressive atmosphere in the performance, at the end the celebration and celebration took over the place.

Ah, yes, the Iguaçu scene in the 80s and 90s was very strong, as was the Cascavel scene and owes a lot to the pioneers Morthal and Tumulto who released the classic split vinyl together in 1991 and it was the first vinyl record in the western region. . And in Cascavel there was the aforementioned Hammerdown and the legendary Kreditor. But the Cascavelense scene remains strong and active on the scene with great contemporary bands, big festivals focused on the underworld, there is a bar that opens its doors to metal and there is a label too. How is the scene out there these days? Do you currently keep in touch with the Iguaçu scene?

Joe Barzotto: Yes, yes, Morthal had a huge contribution to the scene in Paraná. Nilton Bobato (vocals) did a lot of good things at the time. Nilton promoted the scene in Foz and the region by organizing shows with bands from various parts of Brazil, as well as bands from Paraguay and Argentina. He also edited Kratos zine, which was a reference when it comes to zines in the state of Paraná and created M.U.F.I (Movimento Underground de Foz do Iguaçu) which aimed to bring together all bands, zinesters, counterculture artists and bangers in general for lectures , meetings, newsletters, where ways to improve underground culture in the city and region were debated. Cascavel has always been an active city in terms of shows, bands of different styles, zines, shops, bars, concert spaces and an audience always thirsty for heavy music. Hammerdown and Kreditor weren’t the pioneers but I can say they were the loudest in their time. Hammerdown only recorded one demo in 95, while Kreditor recorded 3 demos, participated in 3 compilations and Evil Will Prevail – The Complete History Of Kreditor” (Compilation) will soon be released on the Pictures from Hell label. Cascavel nowadays is still keeping the flame alive with several bands, among which I highlight the ones I know most closely being Headtrashers, Gorgona, Crepúsculo dos Ídolos, World Suppuration and Voivodka. We have a bar (Adega Bar) that always supports events by opening its doors for bands to perform. The Foz scene has kind of been lost in time, I don’t see any mention of bands that are active or shows that are taking place there. I still have old friends who live in Foz and who sometimes appear here at shows.

But going back to the past and continuing to talk about Lugubrius Hynm. The Metal Archives page is full of misinformation about the band. That’s where the band started in 1999 and it wasn’t, right? Because I saw your first show in 1997 or 1998. It also states that the only member is Wander’Son and he even sang vocals, played violin and keyboards. But the fact is that you were also part of the band from the beginning, right. Could you provide us with more details about this great Doom Metal band from Paraná. There is little information on the wide web about it. Besides the aforementioned Wander’son (Pacato), who were the other members?

Joe Barzotto: Yes, Lugubrious Hymn was formed in 1999 (96/97 we were still playing at Hammerdown) Wanderson had formed a Doom Metal band called Anthem Anguish a few years earlier. They played some shows but didn’t record any official material. After the end of this band’s activities, Lugubrious Hymn was formed in 1999 with Wanderson (vocals, violin and keyboards) Daniel (Bass) Alexandre and Ney (Guitars) and me (drums/vocals). We recorded a demo rehearsal and played in some cities. In 2002 I left the band and Renato took my place, who in the 80s played in a Thrash Metal band called Tribulation together with bassist Daniel, soon he also left and GB joined, who also helped form the former Hammerdown.

In the early 2000s, you released the classic demo tape “Serene Pain” in 2002, followed by “The Revelation of Depressed”. What do you remember from that time like compositions, production and were you happy with the fruits harvested for the band at this time with these two works?

Joe Barzotto: This Death Voice release was sensational with excellent graphic quality. The audio was given a few small touches to give it a little more quality as the recording is the same as the demo rehearsal but it did not distort the original recording in any way. We really like Death Voice’s work in immortalizing our songs on CDs. When they got in touch to do this work, the band had already broken up for a long time and we were surprised by the invitation. We just have to thank Death Voice for this initiative and anyone who wants to purchase copies of this CD just get in touch https://www.facebook.com/deathvoicerecords/

Joe Barzotto, and how did you decide to become a fan zineiro? How did the great printed artifact called: Morbid Tales Zine come about?

Joe Barzotto: My entry into this world of zines was influenced by several other zines that I bought at the time from various regions of Brazil. I realized that in the interior of the state of Paraná, besides Kratos Magazine in Foz do Iguaçu, there were only other zines in the state capital and so I started editing Morbid Tales together with Heber Lobo. In partnership we edited the first two editions, after that Heber decided to abandon ship and I continued alone. After that, I edited issue 3, which was printed entirely in offset with several national and international bands with a print run of 500 copies. We had great acceptance by readers and from this issue onwards, several foreign labels began sending promotional material to be reviewed and published on the pages. In this edition, number 4, we made it entirely on black and white coated paper with offset printing with a print run of a thousand copies. We sent it to all readers who purchased copies, to labels that sent the materials, we promoted it to other media, at shows and we were ready to start issue 5 but we had some financial difficulties, work problems, time, among other things and the world was taken over by Web Zines that appeared like a storm coming from all sides and disappeared with the same speed. Therefore, we have closed this cycle

Unbelievable, right? Only those who lived at that time know how strong and different the scene was, there was unity and love for the underworld. Speaking today, no one believes that a zine comes out with 500 copies and then a thousand copies. Today, selling/exchanging 50 copies is a difficult task. How many editions did you release and what were the criteria you used for bands to be part of this glorious artifact of subversive writing?

Joe Barzotto: It really was a totally different time, dial-up internet was beginning to reach the vast majority of the population and information and discovery of new bands took place through zines and the few magazines that were circulating and contacts by letter still existed. Only 4 editions were released and the bands that participated in interviews were bands that we liked and the reviews were made of the materials we received. I’ve long noticed that this zine culture was left aside by most bands, labels and the Bangers themselves. Today’s zinesters deserve congratulations for their persistence in keeping this printed art alive.

Well, around 1996 an old edition of Kratos Magazine came into my hands, and that same year my friend Jeff Menzen set up and launched Azathoth Zine and in 1999 the second edition came out. It was more focused on Black Metal and was little publicized at the time. It was very difficult to promote at that time and I was part of the staff with some interviews (my first interview was Eternal Sorrow) and helped with publicity. You even interviewed important bands on the national and global scene. Do you remember which band was the most enjoyable to interview and were there some of them that were disappointing and disappointing, or did you not experience that?

Joe Barzotto: Kratos Magazine was one of our influences when it came to zines. They started out printed on newsprint and then became xeroxed. Many national bands that were emerging on the scene passed through the pages of Kratos Magazine.I met Azathoth through your hands, I don’t remember at which show in Foz do Iguaçu or Cascavel you introduced him to me.

Well, as we mentioned before, it was another time and the Underground had a union, everyone who was part of it wanted to be part of something, and help in every way, promoting the bands and the zines. Nowadays we interview bands and review their work and some don’t publish it on their own social media pages. Luckily I only went through this once, the guy responded and didn’t give a damn about publicity, a band from Paraná and is still in the EP phase, recorded simply and I wanted to give them a boost and it was like the guy was doing me a favor. But that’s okay, I just don’t share anything else about them! But still related to the writings, from the underworld, did Morbid Tales Zine really fall asleep in a cold and morbid tomb forever, or is there a possibility of waking up someday?

Joe Barzotto: I don’t see many bands publishing their own material, let alone other people’s material, even if it was included in the pages of a zine, for example, or a concert poster. There are a lot of guys who play in bands and want to have their music released on CD/vinyl/cassette and then you’ll see guys only listen to music on digital platforms and still criticize people who buy physical material. These bands don’t even deserve to be mentioned, let alone publicized. They only appear at shows when they play. Morbid Tales Zine is buried and will stay that way.

Today times are different, everything has changed! Unlike the time of your zine, on the one hand it has changed, but on the other hand it remains the same. In other words, within the Underground it is done for love and unfortunately, in Brazil you don’t make money with Metal/Underground. Today there is a Webzine and the information is faster and easier to update regarding shows or material releases. However, the fanzine is still the means of promoting the underworld that records the history of the scene on paper and is timeless, reaching the hands of those who still live and truly love the underworld. I’m not saying that those who access Webzines don’t support the scene, but those who buy zines and read zines are from the generation that has the habit of having their physique in their hands. Do you prefer Webzine or printed fanzine?

Joe Barzotto: My preference has always been the printed fanzine, even though recently I haven’t looked much for new editions. The last one I received was Maleficent Existence, which has really cool quality. Webzines whenever I can I’m taking a look at Lucifer Rex (Old Lucifer Rising) The Old Coffin Spirit and Sepulchral Voice that I have to get the new printed edition that came out recently.

Interviewer’s Note – Sepulchral Voices is truly one of the best zines printed in Brazil. My friend André Chaves invited me to participate in this edition and I accepted of course, since I have almost all the editions (only the first two are missing) and I’m a fan of his work. I interviewed my friends from Bahia, Töhill, who makes old school Death Metal, with a Mayan theme. Their debut will be out soon and it will give people something to talk about. Great band! stay tuned!

You put the fanzine to sleep forever and when did you decide to set up a label/distro and why? In fact, it continued with the same nickname as the zine and the choice was because Morbid Tales already had an established name in the scene?

Joe Barzotto: After burying the zine, time passed and I felt like an old retiree who wasn’t old enough. I missed the contacts I had, that thing about doing something for the scene, but returning with the zine wouldn’t be an option, so I decided to set up a distro in 2007 and the following year we started releasing cds/lps and we’re still there today trying to survive in this world where the physical has become obsolete. Morbid Tales Rec. is like an extension of the zine, I decided to keep the name because I like it, the logo (a gift from Christophe Szpajdel at the time) and also because it is Celtic Frost’s 1st Ep.

Do you remember the first band you released on the label? And tell us how many titles you have already released on Morbid Tales Records and what’s new for the near future?

Joe Barzotto:  The first release let’s say 100% Morbid Tales Records was the Rio band Prophecy with the album Legions Of Violence with a circulation of a thousand copies with an A2 size poster for promotion. To date (13/10/23), if my memory serves me correctly, a total of 38 titles have been released and re-released between CD/Vinyl and EP, 13 national bands and 23 foreign bands. Some of these titles were released in partnership with other labels. Newly, in October we are re-releasing two titles on CD; Incantation – Dirges of Elysium and Thanatos – Violent Death Rituals.

38 titles released in Brazil is a lot, in a country where Metal unfortunately never had support and respect, from people who don’t like/understand the style. Of these releases, are there any special ones that you would never imagine coming out on Morbid Tales?

Joe Barzotto: In fact, we would like more titles to be released, but unfortunately we don’t have all the resources we would like, and physical media sales are not what we would like, but we are firm and strong as long as we can handle it. All the releases and re-releases we made were special because we always did them because we liked the band or the title released. It’s always a joy when that new title comes out with the logo on the back and you think. Holy shit!!

And nowadays, few people buy CDs anymore. Do you believe that the days of physical material will be numbered? And what do you think of digital platforms?

Joe Barzotto: Nowadays most physical media buyers are collectors. There is a younger group that renews itself but they are not always able to buy a lot of material because many of these new people still don’t have a job and if they do have what they earn, there is generally little left over to invest in the collection. I think that physical CD/vinyl/k7 media will always exist because there will always be people who are passionate about art as a whole and not just music. Digital platforms are there for anyone who wants to use them. I think you can take advantage of this but I can’t say anything about it because I don’t use these stops to download/listen to music. I’m a digital poser. LOL. My thing is physical material and when I’m on the PC I usually watch videos on YouTube.

Are you a Headbanger from the last century and yet, do you still buy CDs, Vinyl and K7? Do you follow releases from contemporary national and foreign bands, or do you prefer just the classics? What bands have caught your attention recently and would you recommend them to the site’s readers?

Joe Barzotto: Not with the intensity I used to, but whenever I can I’m purchasing material (CD/vinyl/t-shirt) and I don’t buy it anymore, I think it’s a cool format but for me this tape rewinding thing doesn’t work anymore. I always keep an eye on what’s coming out even though there’s no way to keep track of everything because there’s a lot of material coming out every day and that’s why many bands end up going unnoticed. Classical bands nowadays are complicated, it’s difficult to find a classic band that has released a recent album that I completely like, it all seems artificial just to stay active and play shows. Maybe because they have released killer albums in the past we have in mind that the new album will be in the same vein, maybe I’m wrong in thinking that way but that’s what I feel. I prefer new bands playing old style than old bands playing new songs. Bands that I have been following in recent months and that continue to play with that old metallic spirit would be Necrogosto, Sevo, Wolflust, Fossilization, EvilCult, Podridão, Amazarak, Evil Corpse, Grave Desecrator among so many other national bands that I must certainly be forgetting many. Foreign bands I have listened to Cruel Force, Deathhammer, Eurynomos, Century, Hellripper, Megathérion, Urn among others.

My friend, Joe, thank you for the time given to us for this chat and it’s always good to talk about Metal/Underground with people who really understand what Underground is, and what it represents, and above all it has history, and respect inside the underworld. Final words from you. Hugs and strength – Always! 

Joe Barzotto:I thank you for the chat and for your dedication and resistance in keeping the Underground flame alive with printed publications, I know that this work is not easy and for that you have my respect as well as all the other serious and dedicated zineiros/webzineiros spread across the country. Brazil. Hugs and may the flame of old Metal burn in the new times

Related posts

FLESH GRINDER – A imundície nunca para

Fábio Brayner

HISSSARLION – “A hora do Dragão chegou… e que o diabo nos carregue!”

Walter Bacckus

AXECUTER – “Nós nunca nos limitamos a soar de uma única forma”

Walter Bacckus