CD/EP/LP

MESHUGGAH – Immutable (2022)

MESHUGGAH (Suécia)
“Immutable” – Lançado 01/04/2022
Atomic Fire (Alemanha) – Importado
8,00/10

Os mestres suecos da esquisitice extrema retornam com seu novo álbum após sete anos. Fui ouvir o tal “Immutable” sem expectativas, até porque não curti tanto os dois anteriores – “Koloss” de 2012 e “The Violent Sleep of Reason”, de 2016.  

 As minhas referências de qualidade na discografia deles são as obras-primas “Nothing”, de 2002 (regravado com novas guitarras e remasterizado em 2006) e “ObZen”, de 2008. Técnica absurda e o claro domínio da polirritmia são características inegáveis do quinteto, mas isso não basta. Se as composições não forem cativantes, empolgantes, tudo desanda e o som ecoa em direção ao vazio.

 O primeiro susto foi ler o setlist e constatar a duração do álbum… mais de uma hora e seis minutos. Veio a inevitável dúvida: Seria possível sustentar-se, sendo tão extenso? Sem mais, vamos à análise faixa a faixa:

Broken Cog” abre os trabalhos com a percussão caótica e fragmentada do genial “Tomas Haake”. Se puder, confira o vídeo, que é legal demais. É um som que progride e evolui em crescendo, com ápice em torno dos três minutos. As guitarras da dupla “Thordendal” e “Hagström” soam majestosas. Ótima escolha pra abertura, remete aos melhores momentos da banda.

 “The Abysmal Eye” vem em seguida, mais um single que ganhou um vídeo espetacular. Os riffs são gigantescos, dissonantes e épicos, como devem ser. Solos esquizofrênicos? Temos. Vocais cada vez mais doentios de “Jens Kidman”? Com certeza. Final apoteótico? Também temos! Até aqui, nada a reclamar, MESHUGGAH em grande forma.

 “Light the Shortening Fuse” consegue superar as antecessoras em termos de loucura e caos, com percussão impressionante e guitarras afiadíssimas, de ganchos cativantes dignos do headbanging mais desconexo e surreal possível. O groove desse som é irresistível. Que faixa foda!

 “Phantoms” tem uma estrutura estranhíssima, desconfortável, de camadas ainda mais complexas e bizarras a partir de sua metade. Pouco antes dos três minutos, as guitarras redirecionam totalmente a música com riffs colossais, passando a caminhar mais lentamente, como um se fosse um monstrengo mecânico, demasiado pesado e desengonçado.

 Ligature Marksé lenta e mega pesada desde o início, quando as guitarras se destacam com leads excêntricos. As harmonias são excelentes, a potência das guitarras e baixo dominam o som. “God He sees in Mirrors” soa mais impetuosa que a antecessora, mas a bizarrice não funciona tão bem aqui, e não há nenhuma reviravolta mirabolante. Entediante.

 “They move Below” é uma extensa instrumental de início contemplativo, regido por guitarras limpas (pro padrão da banda). O instrumental completo e extremo toma controle, progressivo e investindo na construção de tensão crescente. Tinha tudo pra dar errado, mas é uma boa faixa, apesar dos insanos e desnecessários nove minutos. “Kaleidoscope” não acrescenta muito, me lembra dos discos mais recentes, que têm momentos que se arrastam.

 “Black Cathedral” é a segunda instrumental, só que curta. E vale o show, com guitarras de timbre monstruoso e riffs titânicos, que abrem caminho para a hipnótica e alucinante “I Am that Thirst”, um verdadeiro mindfuck que poderia ser trilha sonora do filme “A Origem”, de “Christopher Nolan”.

 “The Faultless” soa divertidamente genial, de estrutura pra lá de singular e com os toques especiais únicos do MESHUGGAH. Em nenhum momento acelera, mas mantém um ritmo vigoroso, suficiente para reter a atenção do ouvinte. “Armies of the Preposterous” tira o fôlego com a quebradeira rítmica, o peso colossal das guitarras e baixo e a percussão absurdamente foda.

 “Past Tense” dá números finais ao álbum. É a terceira instrumental, sem percussão e de guitarras e baixo suaves e etéreas, algo misteriosas. Não faz muito sentido, honestamente.

 Ótimo álbum do MESHUGGAH, que só não é melhor porque perde um pouco do pique em algumas faixas da sua segunda metade. Ainda assim, o melhor desde “ObZen”, com algumas músicas excepcionais e momentos memoráveis. Sendo uma banda única na sua proposta, recomendável aos fãs de Metal Extremo de veia Progressiva e Técnica. Quem já não curte a banda, dificilmente mudará de opinião a partir desse disco.

 Tracklist a seguir, duração total de 66:52 minutos:

1 – “Broken Cog”

2 – “The Abysmal Eye”

3 – “Light the Shortening Fuse”

4 – “Phantoms”

5 – “Ligature Marks”

6 – “God He sees in Mirrors”

7 – “They move Below” (Instrumental)

8 – “Kaleidoscope”

9 – “Black Cathedral” (Instrumental)

10 – “I Am that Thirst”

11 – “The Faultless”

12 – “Armies of the Preposterous”

13 – “Past Tense”

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