O cenário do Black Metal Finlandês permanece fértil e produtivo, após décadas de atividade plena, gerando alguns dos nomes mais admirados e respeitados mundialmente dentro do estilo.
Uma das bandas que chamam mais atenção pela qualidade e frequência dos lançamentos é a MALUM, que em abril desse ano libertou, sob liderança do seu vocalista e compositor “Tyrant”, uma nova besta sobre a humanidade.
Seu quarto álbum nomeado “Devil’s Creation” chega dois anos após o fortíssimo antecessor “Legion”, considerado por muitos, e com toda justiça, o melhor da discografia.
O selo alemão “Purity Through Fire” encarregou-se das diversas versões, em CDs (sendo uma edição limitada no formato A5), fitas cassete e vinil.
A exemplo de todas as obras recentes da banda, a capa possui ilustração antirreligiosa e blasfema. O artista finlandês “Roni Ärling” assinou novamente, assim como já tinha feito nos dois plays full-length anteriores, “Night of the Luciferian Light” e “Legion”.
“Devil’s Creation” é um álbum que possui o DNA básico da sonoridade finlandesa, ou seja, Black Metal autêntico e satânico, músicas estruturadas sob Riffs em tremolo gélidos e cortantes, bateria impiedosa infestada de blast beats, som melódico e atmosfera carregada de negatividade e desesperança. Tudo isso comandado por vocais rasgados profundamente doentios, agudos e abissais.
Liricamente, segue o foco na cruzada contra as Religiões Abraâmicas. Letras até certo ponto simples e diretas, que investem na blasfêmia e a glorificação do mal.
Além das características ligadas à própria cultura do seu país, o disco tem a vibe norueguesa dos anos 90, típica das bandas da segunda onda do Black Metal. E o MALUM adiciona sintetizadores que reforçam o clima profanador e herético das suas obras. No caso de “Devil’s Creation”, esses teclados estão mais evidentes e menos sutis que em álbuns prévios, dando ar épico a algumas faixas. Para desgosto de muitos.
Apesar do som mais presente dos sintetizadores, há bom equilíbrio entre instrumentos e vocal na produção. Único detalhe negativo é o som do Baixo, que poderia (ou não?) ter ganho maior ênfase. Questão de gosto, ou até de seguir ou não seguir a tradição de tantas bandas que deixam os sons mais graves deliberadamente mais apagados, ou até inexistentes em alguns casos.
Destaca-se o excelente som de percussão ao longo de todo o disco, que ficoua cargodo recentemente contratado “Goat Aggressor”, também baterista do ARCHGOAT.
A primeira metade do disco contém as três melhores faixas. São mais diretas, agressivas e dão continuidade à linha trabalhada no antecessor “Legion”. A segunda metade conta com a mais fraca “The Curse”, de ritmo mais cadenciado e um tsunami de teclados.
Em geral, ótimo trabalho do MALUM. Não destrona o seu antecessor, mas consolida a banda entre as melhores bandas da Finlândia. Ao leitor que não os conheça, som definitivamente recomendado a quem goste de HORNA, BEHEXEN, VARGRAV, BAPTISM e FÖRGJORD.
São seis músicas no total, que totalizam os 38:40 minutos de duração:
1 – “Intro / Serpent of theAbyss”
2 – “Messiaan Kuolema”
3 – “Devil’s Creation”
4 – “The Curse”
5 – “Dead but Breeding”
6 – “Son of the Dracul”
Destaques: A segunda música, “Messiaan Kuolema”, ou “Morte do Messias” em tradução livre, é um hino do Black Metal Finlandês atual, excepcional. A terceira, que divide o título com o álbum, também é excelente. A quinta “Dead but Breeding” agrega uma pegada Crust Punk interessante.