Entrevistas

MALEFACTOR – Quase 3 décadas de serviços ao metal extremo brasileiro

Chegar a três décadas tocando heavy metal em um país como o Brasil não é tarefa fácil para qualquer um, mas os baianos do MALEFACTOR estão próximos de alcançar essa marca. Com vários álbuns lançados, shows pelo Brazil e no exterior, trocas de formação, mas acima de tudo muita resistência, a banda continua viva e relevante criando uma música de extrema qualidade. O vocalista e baixista Lord Vlad conversou longamente com o T.O.C.S portal e falou sobre o início da banda, mudanças de som e formação, a pandemia e planos futuros. Confiram abaixo:

Por Fábio Brayner

Lord Vlad (Vocal/Baixo) – MALEFACTOR

Saudações Vlad. Seja bem vindo ao portal do THE OLD COFFIN SPIRIT zine. Bom, falta muito pouco para o MALEFACTOR chegar a 3 décadas de dedicação ininterrupta ao metal extremo. Você poderia imaginar naquele longínquo 1991 que em 2020 a banda ainda estaria por aí?

Lord Vlad: Antes de tudo, obrigado pelo convite. Jamais irmão. Começamos essa jornada ainda muito novos, com fome de metal, mas totalmente inexperientes. Praticamente todas as bandas que começaram na nossa época já acabaram, e nós continuamos aqui. HAIL SATAN!

O início da banda se deu em uma época incrível de descobertas musicais, grandes bandas surgindo e principalmente no metal extremo, alguns dos maiores clássicos do estilo sendo lançados. Como o MALEFACTOR se tornou realidade naquele momento? O que os empurraram para dentro da cena metal?

Lord Vlad: Pouco antes de começarmos, a cena estava em total ebulição, com o metal extremo ficando maior e maior. Havia apenas um ano ou 2 desde o lançamento de clássicos como “Altars of Madness”, “Beneath The Remains”, “Deicide”, “Lost Paradise” e tantos outros. Estas bandas tomaram de assalto os zines, as revistas e até mesmo a TV lá fora, e aos poucos aqui, mas causando toda uma nova onda de metal extremo. Em 91, ainda éramos muito influenciados pelo Sepultura, Headhunter DC, Morgoth, Pestilence. Mas a gente tocava muito mal. E nessa época as bandas locais, em sua maioria, não se pareciam umas com as outras, e quando chegamos, já haviam bandas locais com discos lançados e tocando bem melhor, huahuahuahuahau.. Em 94, muito por culpa do senhor Fabio Brayner e outros amigos viciados em pesquisa no underground musical, tive acesso a mais material de bandas como Horrified, Rotting Christ, Crematory, Sentenced, e a cabeça entortou de vez. Estas bandas conseguiam mesclar brutalidade com passagens épicas/melódicas e eu enlouqueci e gravei estes e outros materiais para meus colegas de banda. Porque eu considerava o Malefactor uma boa banda de death metal, mas ainda achando seu estilo. Assim como todas as bandas passam, de uma forma ou de outra. Eu já estava indo a shows desde 89, e comprando discos desde 86, ainda na pré-adolescência. Então o metal para mim, meu primo Valdo (que formou a banda comigo e ficou até 1995) e Alemão, nosso batera no início e que ficou conosco até 2016, era algo muito presente desde pirralhos. Nossa pré-adolescência coincidiu com a explosão do heavy metal no mundo. O Rock In Rio de 85 foi realmente a primeira pancada no ouvido, só se falava disso no colégio. Iron Maiden com Dickinson quebrando o nariz no palco, Ozzy Papa Morcego , AC DC dando tiro de canhão, Scorpions gigantesco e tocando na FM. A gente pirou. Daí pra cena extrema foi questão de meses, porque estávamos no local certo e na hora certa. O bairro em que morávamos, a Pituba, era onde estavam rolando ensaios de bandas como Headhunter DC, Thrash Massacre, Sepulchral, Arsenal Heavy, e havia toda uma metaleirada novata nas escolas, trocando gravações, zines e informações. Quando o Sepultura veio em 91, a coisa explodiu de vez. Só um detalhe, por muito pouco eu não consegui colocar o ator Wagner Moura pra ser metalhead nessa época. Ele ia comigo para o colégio, e fomos juntos ao Sepultura, e ele pirou. Mas logo depois teve um show do A-Ha e ele nos disse que tinha achado o A-Há melhor, ai passamos a boicotar ele no nosso clube ultra mega radical de garotos de 14 anos na Escola. Hoje ele está rico, e eu, fudido, gastando dinheiro com metal até hoje. huahuahuahuahuahua

“Into the Black Order” – DT 1995

Em 1993 e 1995 a cena metal recebeu, respectivamente, “Sickness” e “Into the Black Order”, as duas demo tapes da banda que apresentaram um death metal mais tradicional e bruto e quando “Celebrate Thy War” foi lançado o som da banda tinha mudado absolutamente. Em que momento vocês perceberam essa mudança na sonoridade e como foi a aceitação da parcela mais purista da cena death metal ?

Lord Vlad: Nós nunca nos repetimos. Sickness era um death metal com uma veia thrash suja. Mas tínhamos um ano  e meio de banda quando ela foi lançada. Era uma demo ensaio, mas com ela fomos convidados para ótimos shows, incluindo o lançamento do “Goetia” do Mystifier, e o Headhunter DC na mesma noite divulgando o “Punishment At Dawn”. Foi a primeira vez que eu notei os caras mais antigos da cena irem pra frente do palco bater cabeça no nosso som. Ainda nos olhavam desconfiados, porque éramos um bando de moleques com cara de menudo, que gostava de briga e birita, mas que até pouco tempo ainda tocava muito mal. Esse show, ao meu ver, foi a primeira vez que a cena realmente nos abraçou e foi surpreendida. Éramos uma banda relativamente nova, mas ficávamos dentro de uma garagem, todos os finais de semana por 2 anos, com ensaios de 6 a 8 horas. Pegamos a moçada com as calças na mão. “Into the Black Order” já foi a nossa tentativa de soar original e nos distanciar da sonoridade das bandas brasileiras de então. Incorporamos partes doom e heavy, linha vocal limpa (embora na demo tenha sido cantada pelo produtor, o austríaco Ephendy Steven – RIP) e alguns teclados. Ela foi a ponte para o “Celebrate Thy War” , que desagradou a alguns, pela quase ausência de metrancas/blasting beats, mas foi aprovado por muitos, porque era a primeira vez no país que uma banda trazia um som que mesclava, death/black com heavy metal e folk. As mensagens satânicas nesse disco, deram lugar a uma historia conceitual sobre Baal, mas de forma fictícia, cheia de devaneios, de letras feitas com muito vinho ruim e quando saiamos na noite e ficávamos ouvindo Bathory fase“Hammerheart/Twilight of The Gods/Blood on Ice”, Trilhas sonoras, principalmente a do “Conan, O Barbaro”, e muito, muito metal grego. A mistura disso tudo, resultou no “Celebrate Thy War” e foi ali que nosso começou de fato a ter uma cara própria e diversificada.

Jafet Almoedo (guitarra) – MALEFACTOR

O próximo álbum teve mais mudanças, mas não bruscas quanto as do primeiro álbum em relação às demos. Você acha que foi em “Darkest Throne” que vocês se encontraram musicalmente? Qual seria o álbum, na sua opinião, em que o MALEFACTOR chegou no ponto de construção musical que vocês buscavam?

Lord Vlad: O “The Darkst Throne” é o nosso disco preferido para muitos que conheceram nosso trabalho no início dos anos 2000. Mas ele é uma colcha de retalhos de certa forma. Praticamente cada música vai para um caminho, porque tivemos troca de formação durante essa época. Na verdade, ali seriam 2 EPs, que acabaram sendo juntados e saindo um álbum full. Mas metade do disco é uma line up, em um estúdio, e a outra metade outro estúdio e outra line up. Huahuahuahuahau. Mas tenho o maior orgulho daquele disco, porque chutamos o pau da barraca mesmo.

Em 2018 vocês lançaram o último álbum de estúdio da banda, “Sixth Legion” e houve uma mudança enorme na própria cara da banda com a saída de vários músicos que já estavam com a banda há muito tempo. Houve, em algum momento nesse período, dúvidas se a banda continuaria ou não ? O que mudou musicalmente falando dentro do MALEFACTOR a partir desse momento ?

Lord Vlad: Na verdade foi o contrario. A, saída destes integrantes, com todo respeito as nossas amizades, foi o combustível que precisávamos. Estava impossível viajar, ensaiar, compor da forma que estava. 6 pessoas é muita gente pra uma banda. Dificil dialogar. Dificil escolher repertorio. Os 3 que ficaram na banda queriam voltar a ter mais proximidade com o som da época de demos e do “Celebrate Thy War” e a outra metade queria continuar como estávamos. Rolou papo até de tirar totalmente os vocais guturais num disco inteiro, coisa que nunca irá acontecer. Fizemos o contrario. “Sixth Legion” é nosso disco mais porrada, mas ao mesmo tempo o mais técnico. E o novo, que já está em pre produção, atrasado pela pandemia, não seguirá formula alguma. Soltamos um single com gravação de home studio para “Medusa”, a nossa única música 100% epic heavy, meio Blood on Ice de vez, huahuahuauhahau, mas estão vindo outras ai, ultra mega porradas. Isso é meio frustrante para parte da cena, que gosta das bandas sempre parecendo estar parada no mesmo lugar, fazendo eternamente a mesma coisa, e nós nunca fazemos exatamente a mesma coisa. Temos 3 compositores na banda. E os 3 tem linhas de composição muito distintas.

MALEFACTOR

“Sixth Legion” trouxe mais maturidade, mas também acabou sendo um álbum de transição da banda após tantas mundanças. As músicas desse álbum já haviam sido compostas antes ou ainda tinha o dedo do ex-membros em sua criação ?

Lord Vlad: Posso estar enganado, mas acho que somente “Behold the Evil” e “Borgia” não existiam 100% até essa mudança na line up. Chegamos a gravar o disco com a formação da época, sem estas 2 musicas, mas não funcionou. Como ainda estávamos no começo da gravação, paramos tudo, reformulamos a banda, e so voltamos ao estúdio quando estávamos com todas as composições fechadas e depois de muito ensaio.

“Sixth Legion” (2017)

Já são três anos desde “Sixth Legion” e acredito que o grande número de fãs que a banda tem tem se perguntado quando haverá um novo álbum do MALEFACTOR. Musicalmente falando, como está a banda atualmente ? Houve alguma mudança significativa em relação ao que foi apresentado no último álbum ?

Lord Vlad: Para o próximo álbum, além de “Medusa” que veio nessa linha mais heavy e pesada, ainda vamos gravar uma musica de Danilo que é mais doom. Não temos uma musica realmente 666% doom ate hoje. As outras composições estão mesclando death metal como nas demos, e algumas com aquela veia de Greek Black Metal que está conosco há mais de 2 decadas.

A banda desde seu primeiro álbum sempre teve um line-up com vários membros e hoje em dia vocês se estabilizaram como um quarteto. Como tem sido em relação aos shows na hora de executar aquelas faixas com teclados, samplers, etc ? O MALEFACTOR é definitivamente um quarteto ou vocês pensam em agregar mais integrantes ?

Lord Vlad: Temos usado samplers, mas de forma comedida. Pra não virar playback. Usamos mais nas intros ou em partes de meio de musica. O Jafet que controla isso usando um pedal de sampler, algo relativamente simples, mas que muitos ainda usam notebooks para controlar. A maioria dos arranjos de teclado mais indispensáveis, fizemos arranjos para as guitarras e funciona muito bem. O que antes soava as vezes excessivamente melódico, ganhou ares mais crus e diretos. Não temos nenhum plano de voltar a ter 5 ou 6 membors. Já tivemos 7 uma época. Eramos os Titãs de Satanás. Começamos como um quarteto em 1991 (eu comecei tocando guitarra e vocal), e foi ótimo voltar a um instrumento de cordas. Hoje eu não me vejo mais sem o contrabaixo no Malefactor. Passei a interagir mais com os outros músicos no palco e no estúdio. Nos momentos instrumentais eu me sinto mais parte da música… me divirto mais fazendo as 2 coisas. Se eu tivesse o talento do Geddy Lee eu ainda investiria num teclado e naqueles pads que ele usa nos pés. Mas não acredito que eu va aprender piano aos 43 anos. E está ótimo dessa forma. Tenho certeza que depois que as pessoas se acostumaram com essa nova sonoridade, os shows têm sido cada vez melhores e mais enérgicos.

MALEFACTOR – 2020

Ainda sobre a questão da line-up, como o MALEFACTOR agora se comporta em relação à composição? Algo mudou no modus operandi da banda na hora de escrever as músicas?

Lord Vlad: Não mudou, porque os 3 que ficaram da antiga formação, são justamente os caras que faziam praticamente 100% das músicas. Geralmente os discos tem 2 músicas minhas, 2 de Jafet e 5 ou 6 de Danilo.

O MALEFACTOR sempre foi uma banda com forte presença em eventos Brasil afora e até mesmo na Europa. Nesse momento estamos vivenciando já há pelo menos 3 meses uma total paralização do underground metal em todo o mundo, principalmente no que diz respeito aos eventos. Como você enxerga essa situação e de que maneira você acha que as coisas irão ser daqui para a frente?

Lord Vlad: Cara, nós não vivemos da banda. Para nós a maior perda é da saudade de estar na estrada, porque adoramos isso, e de estarmos juntos fazendo música. Não tenho a menor ideia de quanto tempo vai levar para o underground mundial se reorganizar. Aqui em Salvador, quase 100% dos locais onde se faziam shows de rock e metal, fecharam as portas de vez durante a pandemia. Brasileiros hoje são persona non grata na Europa, devido à esse governo de merda que não fez um plano nacional de combate á pandemia, preferiu entrar em briga ideológica com governadores e prefeitos. Brasileiros estão proibidos de entrar na Europa. E bem sabemos, preconceitos ganham força nessas ações. Provavelmente, depois que brasileiros puderem voltar a fazer tour la fora, vao enfrentar muito mais preconceito e problemas na hora de fazer tour na Europa e Estados Unidos. E nossa meta era comemorar os 30 anos fazendo uma turnê europeia. Vamos depender do Euro desvalorizar no Brasil, da cena estar organizada e encaixarmos um cronograma para os 4 para podermos retornar pra uma tour europeia até o fim de 2021. Mas acredito que vai ser tanta banda e tanta tour espremida a partir do segundo semestrs de 2021, que vai ser muito difícil armar isso. Mas, vamos ver. Com certeza vamos preparar mais de uma forma de comemorar. Mas a tour europeia é algo que queremos muito. São 14 anos que não saímos do Brasil.

Falando dessa pandemia, a tecnologia agora atingiu a todos na cara. Até mesmo os mais resistentes tiveram que dar o braço a torcer em algum nível. Bandas tocando em lives para o mundo todo, bandas ensaiando e compondo via programas e aplicativos de vídeo. Isso pode vir a se tornar o “novo normal”, como tem sido falado por muitos? Quais seriam os pontos positivos e negativos sobre isso em relação à nossa realidade metálica?

Lord Vlad: Estamos no olho do furacão. É muito cedo para dizer o que vai ficar e o que vai sumir depois da pandemia. Esse formato de live as vezes é enfadonho. Já assisti dezenas e alguns eu so assisti por 10 minutos. É preciso criar alguns formatos mais interessantes quando não for música ao vivo. Fato é que muitos, como eu, estão estudando edição de vídeo, edição de áudio, por necessidade e por tempo de sobra, e com certeza isso será útil agora e depois da pandemia. Vi muita coisa de alta qualidade, nem sempre nos estilos que ouço mais, sendo feita por músicos da cena nacional. E estas pessoas não eram tao presentes antes. Tem sido bem legal também ver entrevistas que eu nuca imaginei, como a do Paulo do Sepultura junto com o Gegê do Sarcofago. Vai ficar muita coisa legal de arquivo depois dessa pandemia. Muito mesmo. Mas o formato, talvez não sobreviva nos moldes que está hoje. Espero que surjam coisas ainda mais criativas até la. Para mim que sou historiador, está sendo maravilhoso ver músicos como Vladimir Korg (Chakal/The Mist), Zhema e Angel (Vulcano), Gegê (Sarcofago), Paulo (Sepultura), Carlos Vandalo (Dorsal Atlantica), e tantos e tantos outros pioneiros, contando histórias muito particulares de suas cenas locais e do mundo. Sensacional.

Lord Vlad (baixo/vocal) – MALEFACTOR

Nos anos 2000 vocês estiveram tocando na Europa. O que vocês trouxeram na bagagem de lições que foram usadas na construção da carreira do MALEFACTOR? Obviamente que a realidade lá é bem diferente do que a nossa, então o que você acha que ainda nos falta para termos uma cena mais profissional (enorme e de qualidade isso já temos, ainda que fique quase sempre escondida de norte a sul do país)?

Lord Vlad: Foram experiências bem diferentes. Da primeira vez entramos numa van e passamos por 6 países, tocando, conhecendo lojas, produtores, bandas, squatchs e pubs. Mas nem sempre eram bons shows, o que é normal quando se tenta iniciar uma jornada em locais que nunca se foi. Na segunda vez fomos apenas para um show, mas no Wacken. O que traz muito mais visibilidade, milhares de pessoas de dezenas de países vendo você tocar, mas o show em si é meio tenso. Porque é muito corrido tudo. Então decidimos que so voltaríamos quando tivéssemos selos europeus, e saíssemos daqui com algo mais estruturado em relação a backline, caches e pelo menos 1/3 dos shows fossem em fests, onde relamente se consegue bom público na Europa. É comum bandas de médio porte tocando para 40 pessoas numa noite de quarta-feira na Europa. Imagina a gente que não tem uma carreira internacional de fato. Mas fomos adiando, todo ano alguém da banda tinha filho e pedia um tempo, depois algum ficava mal de grana e quando vimos, não tínhamos mais plano algum. Eu mantive conversa com alguns amigos brasileiros que organizam tours na Europa, e somente um me fez uma proposta que achamos realmente interessante. Fora isso, as propostas sempre foram pra banda investir caro, não ter certeza de quase nada em relação a estrutura e cache, e podendo fazer 20 datas. Sendo quase todas em pequenos locais. Melhor não ir, do que ir novamente sem fazer de fato uma tour. Tour é trabalho. A diversão é o bônus. Mas a maioria ainda pensa que é o contrario. Como temos hoje 3 selos que já lançaram material nosso la fora, podemos pensar em tocar justamente nos países destes selos, usando a rede de contatos dos mesmos nestes países, fora os contatos da booking agency e fecharmos algo razoável. Essa era a meta pra ano que vem. Mas com pandemia, tudo fica mais difícil ainda. Mas vamos aguardar.

Daniel Beans (bateria) – MALEFACTOR

A Bahia sempre foi e continua sendo um grande celeiro de grandes nomes do metal extremo nacional, principalmente para o death metal. O que, na sua opinião, alimenta até hoje essa máquina de moer tímpanos chamada cenário extremo baiano? Há algum nome escondido que a cena precise conhecer?

Lord Vlad: Realmente acredito que as coisas mais agressivas começaram muito cedo por aqui com Kranio Metálico em 84, Thrash Massacre, e com o Túmulo (pré Headhunter DC) em 86. Dessa semente nasceram inúmeras bandas de metal sujo e rápido, e os shows de metal já aconteciam na capital e no interior, desde a chegada do Zona Abissal em 83 com seu heavy metal. Mas o metal extremo sempre foi a maioria das bandas na cena metálica daqui. Acredito que seja assim no mundo todo, porque independente do estilo de extremo, é possível ter bandas boas mesmo que os músicos sejam ruins tecnicamente ou super técnicos. Tem espaço para todos. Não sei dizer o que alimenta esta cena, que inclusive é bastante complexa, nem todas as bandas se dão bem por aqui, algumas até renegam serem desta cena. Sei que bandas antigas tem voltado à ativa e todo ano surgem mais e mais bandas de death e outros estilos por aqui. Não sei se estão escondidos, mas as bandas que mais me impressionaram das mais novas (não so death metal) foram Infected Cells, Papa Necrose, Rottenbroth, Ynys Wydryn, God Funeral , Divine Pain, Electric Poison, Scathing Nocturnal, Erasy, Heretic Execution, Devouring. E diferente de outras épocas, todas já tem seus discos lançados. Podem comprar de olho fechado e ouvido aberto. Só tem banda foda nessa lista. Fora os mais antigos. Realmente tenho orgulho de pertencer à esta cena e de sermos umas das pouquíssimas que nunca terminaram desde sua fundação. E estamos aqui e produzindo metal profano.

Danilo Coimbra (Guitarra) – MALEFACTOR

Bom, acredito que isso é tudo dessa vez Vlad. Agradeço a paciência em nos atender e deixo aqui o espaço para que você dê seu recado final. Toda a sorte para o MALEFACTOR.

Lord Vlad: Muito obrigado pelo espaço. Obrigado pela sua amizade, pela sua lealdade ao metal underground e por também ser um apaixonado pela História das Guerras. Continuamos a mesma banda anti cristã, nunca apoiando líderes fundamentalistas cristãos de merda, combatendo através da arte e da idéia todo fanatismo religioso, e contando histórias sobre os povos antigos, suas guerras e a magia presente no cotidiano destas sociedades. HAIL SATAN ! STAY EVIL !!! Malefactor since 1991 !

 

 

 

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