CD/EP/LP

LE CHANT NOIR – La Société Satanique Des Poètes Morts (2021)

LE CHANT NOIR (Brasil)
“La Société Satanique Des Poètes Morts” — CD, 2021
Blood Blast Distribution/Personal Records — Importado
9/10

Dando prosseguimento à excelência de qualidade e a pluralidade musical demonstradas em seu registro de estreia, “Ars Arcanvm Vodvm” (2017), o LE CHANT NOIR lançou no dia 22 de outubro o seu segundo evangelho sonoro, “La Société Satanique Des Poètes Morts”. Uma obra ainda mais profunda, experimental e ambiciosa que o trabalho inaugural, cuja essência é muito mais ampla e de difícil contextualização. Todavia, prazerosa e inebriante.

O LE CHANT NOIR surgiu em 2016 e é formado por três músicos conceituadíssimos na esfera Underground — Lord Kaiaphas (ex-Ancient, Thokkian Vortex) nos vocais; Malphas a.k.a. Leonardo D. Pagani (Demoniac Harvest, Litosth, Mysteriis) na bateria, sintetizador, guitarra base, percussão; e Mantus a.k.a. Marcelo Vasco (Demoniac Harvest, I Gather Your Grief, Mysteriis, Patria, The Troops Of Doom, etc.) na guitarra solo e baixo.

Indo à anatomia musical; o trio pratica uma majestosa e enigmática quimera — um híbrido — nascido a partir do cruzamento do (inovador) Avant-Garde Metal com o Black Metal em sua face mais ortodoxa, mas não apenas, pois há, também, amplas lacunas preenchidas por Doom, Dark e até mesmo Gothic Metal (adorno). Não o suficiente, eles ainda recorrem a diversos elementos comuns ao Progressive e Symphonic Metal, de maneira equilibrada e fugidia, tanto das tão pretensiosas construções labirínticas que inundam o universo Prog quanto das pomposidades do Metal quando em trajes eruditos.

Dotado de uma produção avassaladora e de uma arte igualmente evocativa, “La Société Satanique Des Poètes Morts” desabrocha musicalmente na intro teatral “Messe Noir”, mas é em “Le Vampire” que toda a maestria da banda vem à tona. O tema avança com peso e uma desenvoltura impar por entre melodias sofisticadas e arranjos sinfônicos agradabilíssimos. Dos climas tétricos ao escopo cinematográfico atingido por todo repertorio. “Prière à Satan” abusa das dinamicas e transições que seu instrumental elástico se permite ter; assim como também resgata a aura negra das produções noventistas, embora (imprimindo) sempre sua assinatura. “Nuit De l’Enfer” é o velho e bom Dark Metal raiz — em definição e na lógica de confeccionar atmosferas densas, carregadas de contrastes e ornamentos.

Le Baron Sanglant”, o interlúdio “Marche Infernale”, “Les Métamorphoses Du Vampire” e “La Danse Macabre” são faixas espetaculares! Cada uma delas com suas próprias características e chamarizes. “Eloa, Le Bel Ange” é quase burlesca em seus segundos iniciais, mas logo retoma o caminho previamente traçado pela obra; sutileza e distopia — horror teatral e um disco todo como palco e trilha sonora para o mesmo. Sensacional! O poslúdio “La Morte Vivante” assina o fim dos 39 minutos de sensações musicais que o LE CHANT NOIR nos oferece.

Em “La Société Satanique Des Poètes Morts” ouvimos uma banda muito mais segura de si mesma, não que antes já não fosse, menos preocupada com as marcações de gênero e mais focada na criação de peças majestosas e épicas. As transições entre os estilos existem e são perceptíveis, mas apresentam-se fluidas e menos protocoladas. Talvez esse seja o grande segredo do encanto que há em “L.S.S.D.P.M.”, a naturalidade e a coesão à frente dos rótulos e suas delimitadas fronteiras. De todo modo, o que ouvimos aqui é uma combinação riquíssima de melodias inspiradas e sofisticadas, arranjos primorosos, por vezes, complexos, atmosferas misticas/cinematografias e caos sonoro projetado com exatidão. Longe de ser um álbum constituído por filosofias sonoras fragmentadas ou perspectivas vazias, mas sim, por razões e melodias grandiosas e coerentes. Puro esplendor alquímico — sonoro!

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Bandcamp: https://lechantnoir.bandcamp.com

Spotify: https://open.spotify.com/artist/7EuWSVS4NXPspSO24QnsHR

YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCUZphrtdsDbZdVODnYkhCCA

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