“Cathedral Of Despair” – Digital 2022
Talheim Records
8,5/10
O catarinense LACRIMA MORTIS está na ativa desde 2016 — e é atualmente formado por: Dread (vocais), Requiem (guitarras), Dark Shade (baixo), Priest Condemned (bateria) e Baud (guitarras). Dando sequência a sua discografia, no final de abril eles lançaram o single “Cathedral Of Despair”. O mesmo entra na galeria discográfica da banda, composta por dois EPs: “Optare Mortem” e “Miserere | Blackheart”; pela estreia completa “Posthmous” e pelo split “The Last Breath Ov Fading Consciousness” (junto aos russos do Omnivoid). Todos esses registros foram lançados entre 2017 e 2020 — lembrando que ainda em 2020 a banda participou do tributo brasileiro Ao My Dying Bride — sua atuação foi marcada por uma excelente versão para o clássico “The Sexuality Of Bereavement”.
“Cathedral Of Despair” foi composto integralmente pelo guitarrista Requiem e gravada em diferentes cidades de Santa Catarina. As guitarras e linhas de baixo em Blumenau; a bateria em Indaial e os vocais em Brusque. Os arranjos de teclado e demais escritos orquestrados foram compostos pelo renomado músico curitibano Fernando Nahtaivel (Eternal Sorrow, Great Vast Forest, Insane Devotion) e registrados no Insane Studio. O single possui duas produções — uma assinada por José F. Metzger (Cebola) e realizada no Sonority Studio — e outra assinada por Fabio De Paula (HellLight), concluída no Dual Noise Estúdio. Interessante dizer que ambas são semelhantes em essência, mas completamente distintas em força e apresentação. A primeira, mais forte, melhor lapidada e definida — com mais “punch”, por assim dizer. A segunda, no que lhe concerne, é mais “seca”, levemente empoeirada e um tanto mais soturna. Ambas ótimas, fluidas e atendendo com perfeição aos propósitos da composição.
A faixa inicia-se com um crescendo misterioso de teclado e vai dilatando-se em atmosferas e cantos gregorianos — o sagrado e o profano dispostos lado a lado como adornos e como preenchimentos. Aos 38 segundos surgem as guitarras, pesadas e imponentes, e com elas, a bateria, cujos avanços são lentos e precisos (mas não monótonos). A composição avança e eis que surgem as emanações vocais de Dread — sob a forma de guturais profundos e ininteligíveis. Os sete minutos que integram a malha passam longe da previsibilidade, e embora sejam sutis, as mudanças existem. Ela vai gradualmente ganhando mais vigor, mais expressividades melódicas e uma atmosfera cada vez mais espessa e envolvente. Difícil afirmar se foi pensando ou não, mas senti o Lacrima Mortis um tanto mais próximo do Funeral Doom/Death Metal e mais distante da padronização do Death/Doom. Em todo caso, é ótimo poder ouvir uma banda que realmente explora todas as possibilidades de seu DNA musical.
“Cathedral Of Despair” é um single bem-composto, bem produzido e devidamente imbuído de sentimentos (nenhum deles positivo, que fique claro). Espero realmente que o mesmo seja apenas um fragmento de algo muito maior, um novo EP ou mesmo um novo álbum. A banda é excelente e merece um maior apoio por parte dos fãs do gênero e também da mídia. Pena que essa última quase sempre está mais focada em mesmices, polêmicas e futilidades.
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