Os mineiros do IMPURITY não precisam de apresentação. Esses caras são um nome lendário dentro daquela cena que rendeu ao mundo apenas nomes como Sepultura, Sarcófago e Sextrash, entre tantos outros nomes de peso. A BLASPHEMY PRODUCTIONS lançou recentemente dois álbuns da banda e resolvi fazer um review conjunto desses dois materiais como forma de criar uma visão mais clara de dois momentos da banda.
O primeiro álbum que ouvi foi o esporrento “Satan´s Will Be Done”, novo álbum do IMPURITY e esse material honra de forma irrepreensível o legado do metal extremo das Gerais. O álbum é caótico, ríspido e mostra uma banda que soa primitiva, mas ainda assim poderosa. “Intro, Satan´s Will Be Done” é uma música muito foda. Grande pegada dos velhos tempos. Essa pegada segue por todo o álbum, mas destacaria músicas como “From the Wall of Cemetery”, uma faixa até bem variada, mas que nos momentos certos baixa o sarrafo sem dó. Outra faixa muito foda é “When the Sky Burns in Red” que é quase ritualística e totalmente primitiva. Isso soa totalmente como os primórdios do black metal nacional. Imagino que seja uma música que funciona muito bem ao vivo. É um pouco repetitiva na sua estrutura, mas ainda assim muito foda. As quebradas de clima são o destaque nessa faixa e me lembraram um pouco o Samael.
O velho metal mineiro explode na direta “Legion”. Muito fudido o riff principal dessa música. Se esse álbum tivesse uma produção gringa só posso imaginar o peso que essa música teria nos auto-falantes. A última faixa é “Storm of Evil” que se inicia com o clássico som de chuva e trovões para na sequência liberar um início que é uma referência aos climas que o próprio Sarcófago criava em momentos mais arrastados. É uma base quase ingênua de tão simples, mas que cria a atmosfera correta para que a banda desenvolva sua proposta.
O outro álbum que recebi para resenha é mais antigo (de 2017), é intitulado “All in the Name of Satan” e foi o que curti menos. Não sei se a mudança de formação entre esse álbum e o novo tem um papel nessa impressão, mas é inevitável que algum tipo de mudança aconteça quando um guitarrista (aqui o único da banda) seja trocado. A primeira impressão que esse material mais antigo passa é que as músicas são repetitivas. Não são ruins, apenas repetitivas.
Gostei bastante da primeira faixa “Intro/Devil´s Shadows”. Outra música muito legal é “Smashing the Rotten Framing of Cross”, que vai por um caminho muito mais lento, mas que prepara o ouvinte para a total selvageria que se faz presente depois. “Bloody Rebellion” é a minha música favorita desse álbum pois ela deixa uma impressão de fugir um pouco de uma fórmula (ainda que ela esteja inserida em uma ou mais fórmulas). Talvez seja a batida quase punk em meio ao som agressivo.
Em “Black Presbyter Burns the Convent” a brutalidade se renova e aqui toda aquela época de bandas desgraçadas se materiliza. Beherit, Blasphemy, Sarcófago, Sextrash… Isso é que vc vai ouvir nessa faixa que se destaca. “Episcopal Disgrace” fecha de forma avassaladora esse álbum. Definitivamente gostei mais do novo álbum por sua maior diversidade na estrutura das músicas e pela produção mais robusta, mas “All in the Name of Satan” também é um bom álbum e ambos os álbuns honram essa tradição do metal extremo que marcou o mundo inteiro.
Se você tiver interesse em adquirir esses materiais entre em contato com a BLASPHEMY PRODUCTIONS.