O submundo do Metal Extremo dessa pequena gigante nação europeia é, atualmente, uma das mais vibrantes e produtivas do mundo. O termo cunhado como “True Hellenic Black Metal” ou “Verdadeiro Black Metal Grego” já pode ser considerado um sinônimo de boa qualidade associada às produções de suas bandas.
Uma de suas fiéis representantes é a HUMAN SERPENT, originada na cidade milenar de Lamía, capital da região central da Grécia que possui população aproximada de 100 mil habitantes e de longa história de ocupações e conquistas militares. Uma das prováveis origens do nome da cidade é que tenha sido uma homenagem à filha de Poseidon, a divindade dos Mares e Oceanos da mitologia grega.
Vale uma menção especial ao logotipo da banda. O design é extremo, porém legível e bastante criativo. Trata-se de criação do renomado “Christophe Szpajdel”, artista belga conhecido por ter desenhado mais de 10.000 logos de inúmeras bandas, projetos e eventos, sempre com foco no universo do Death e Black Metal.
Uma dupla de pseudônimos “I.” e “X.” deu origem à banda em 2012, e uniu-se a “23” para produzir o seu Black metal de natureza ríspida, agressiva, beligerante, com muitos momentos brutais e, simultaneamente, dotado de boas doses de melodias. Não é um grupo facilmente comparável, o estilo singular que mescla brutalidade extrema às melodias pode fazer com que o ouvinte se lembre vagamente de algumas obras do DØDSFERD, outra entidade helênica, e da GOATS OF DOOM, da Finlândia.
O histórico dos gregos é repleto de lançamentos, não houve nenhum ano a partir de 2013, em que a banda não tivesse disponibilizado material inédito, sob variados formatos. “Heirlooms Eternal” saiu no final de janeiro de 2021, já é seu quarto disco de estúdio, e um dos seus melhores trabalhos até hoje.Um detalhe interessante e pouco usual é que os compositores misturam trechos das letras em inglês e grego.
A bateria de I. cria, em boa parte do disco, uma parede de som agressiva e com diversas linhas de percussão que acrescentam uma pegada militar / bélica ao play. De forma geral, fica claro que o baterista é habilidoso e experiente, e foge da utilização exclusiva de blast beats, diversificando em técnicas e gerando músicas mais interessantes.
Os vocais gritados de X. são imponentes e extremos durante a totalidade do álbum, garantindo uma ambientação sufocante e doentia. Ele também é o responsável pelas guitarras, muito inspiradas e colocadas à frente na produção. É exatamente no som das guitarras que se pode perceber ótimas referências da sonoridade tipicamente grega.
O baixo tocado por “23” está totalmente audível e presente na mixagem, com som pesado e encorpado. Algumas das linhas se sobressaem e acrescentam peso e personalidade, como na quarta faixa, que possui o mesmo nome do trabalho, e na oitava e última.
As oito faixas que compõem o álbum possuem duração total de 41:40 minutos:
1 – “A Thousand Limbos of Mind”
2 – “Maze of Reminiscence”
3 – “Fuck Normality”
4 – “Heirlooms Eternal”
5 – “Memories are Rooms of Pain”
6 – “Vomiting the Herds”
7 – “The Diffusion in Chaos”
8 – “Mirrors”
Destaques: A abertura do álbum com “A Thousand Limbos of Mind” é brilhante, esta é certamente uma das músicas mais intensas e representativas do Play. Energética, bateria impiedosamente brutal, riffs e harmonias de guitarra excepcionais. A quarta música “Heirlooms Eternal” é outro highlight da obra, excelente sob todos os aspectos.