Uma das vertentes melhor exploradas no Death Metal atual, o chamado Death Doom, tem criado verdadeiras obras-primas e arremessado o ouvinte num abismo de escuridão infinita e desespero, deixando-o abandonado à própria sorte.
O HOODED MENACE é uma das entidades mais mortíferas em atividade nesse segmento do Metal Extremo, produzindo trabalhos cada vez mais sólidos. A banda teve origem na cidade de Joensuu, no sudeste da Finlândia, em 2007, quando tomou o mundo de assalto com a Demo “The Eyeless Horde”. No ano seguinte, tornou-se conhecida no underground global com o primeiro álbum de estúdio, o cultuado “Fulfill the Curse”.
O trabalho mais recente da banda saiu no exterior em 2018 sob o título “Ossuarium Silhouettes Unhallowed”, disponibilizado via Season of Mist, a gravadora francesa de grande porte no universo do Metal e célebre pelos lançamentos especialmente caprichados. Três anos após o lançamento no exterior, poderemos celebrar uma versão nacional em CD igualmente especial, que será oferecida em breve por meio dos esforços conjuntos entre os curitibanos da Mindscrape Music e os paulistanos da veterana Mutilation Records. A parceria já fechou também a versão nacional para o disco novo do próprio HOODED MENACE, previsto para o segundo semestre do ano.
O disco “Ossuarium…”, que corresponde ao quinto de estúdio, trouxe consigo uma mudança importante no lineup da banda. Pela primeira vez num disco de estúdio, os vocais foram conduzidos por “Harri Kuokkanen”, que ingressou em 2016 e havia gravado um Split com o ALGOMA, como sua primeira contribuição como membro efetivo. Os demais membros são o fundador e compositor “Lasse Pyykkö” (Guitarras e Baixo, vocalista anterior), “Pekka Koskelo” (Bateria) e “Teemu Hannonen” (Guitarra Rítmica);
Uma marca tradicional da banda é reproduzir com excelência ritmos profundamente ricos, ameaçadores e melancólicos, intimamente ligados ao Doom, porém sob a perspectiva veementemente extrema do Death Metal. O resultado são discos excepcionalmente pesados e hipnóticos, de atmosfera lúgubre e com aroma putrefato de catacumbas, masmorras medievais e cemitérios vandalizados. A partir dessa amálgama, surge o monolito nefasto intitulado Ossuarium Silhouettes Unhallowed “.
Sob a ótica das referências, há diversos colossos do estilo que podem ser mencionados. Desde os suecos do “RUNEMAGICK” e do “CANDLEMASS”, passando pelos norte-americanos do “AUTOPSY” e do “WINTER”, os britânicos do genial “PARADISE LOST” e os holandeses do “ASPHYX”. Pode-se considerar que o HOODED MENACE absorveu características fundamentais das bandas acima, e deu um passo atrás no que tange ao andamento das composições, quase sempre bastante cadenciadas, letais e, em alguns momentos, mirando até mesmo o chamado Funeral Doom.
Estilisticamente falando, o álbum atual mantém a carga ultra maciça de melancolia do antecessor “Darkness Drips Forth” de 2015, porém adicionando a sonoridade épica midtempo e agressiva dos primeiros álbuns, e acrescentando melodia, o que resultou em uma de suas mais bem-sucedidas obras.
O tempo total do disco marca 45:55 minutos, distribuídos entre as primeiras seis faixas autorais (a sexta é uma curta Instrumental) e a sétima, um cover que homenageia os Suíços do reverenciado CELTIC FROST, de “Tom Gabriel Warrior” e companhia.
1 – “Sempiternal Grotesqueries”
2 – “In Eerie Deliverance”
3 – “Cathedral of Labyrinthine Darkness”
4 – “Cascade of Ashes”
5 – “Charnel Reflections”
6 – “Black Moss”
7 – “Sorrows of the Moon (Celtic Frost Cover)”
Destaques: “Sempiternal Grotesqueries” é o tema de abertura da obra, e sua faixa de maior duração, acima de dez minutos. Raras vezes, alguma entidade foi capaz de produzir uma única música que pudesse representar tão bem, de forma isolada, um subgênero. É o caso aqui, um single fantástico tomado de atmosfera cáustica, riffs massivos, crescendos triunfantes e performance conjunta espetacular dos membros. A segunda “In Eerie Deliverance” é outo destaque grandioso, executado brilhantemente pela banda. As mudanças de ritmo são repletas de emoções contraditórias e exacerbadas (a sensação de desalento típica do Doom contrastando com a fúria colérica do Death Finlandês). Duas faixas que resumem bem demais uma obra sólida e diferenciada por completo.