Falamos com o vibrante e criativo LASSE PYYKKÖ sobre o novo disco, suas influências e gostos musicais, e a trajetória consistente da banda, que se aproxima dos quinze anos.
Saudações LASSE, bem-vindo ao The Old Coffin Spirit Zine / Portal. O HOODED MENACE entrega o seu sexto álbum completo de estúdio, o poderoso “The Tritonus Bell”. Ele soa para mim como uma progressão natural após os dois últimos álbuns, especialmente o “Silhouettes”. Como foi para você adicionar o som do Heavy Metal clássico dos anos 80 ao Death Doom Metal que já é marca registrada da banda?
Lasse Pyykkö: Olá, obrigado por me receber! Bem, depois que as duas primeiras músicas estavam escritas, o direcionamento do álbum começou a se moldar com uma vibe mais voltada ao Heavy Metal dos anos 80, e com a incorporação de ritmos um pouco mais rápidos. Nosso terceiro álbum mais recente, “Darkness Drips Forth”, era muito fúnebre e lento, e por mais que nós gostássemos do som, nós não curtimos tanto tocar aquelas músicas no final das contas, então eu tenho certeza de que essa experiência nos fez querer acelerar um pouco o passo no “Ossuarium Silhouettes Unhallowed” – ainda que não seja muito mais veloz que alguns dos nossos trabalhos do passado – e ainda mais rápido no “The Tritonus Bell”. Eu suponho que a minha tendência em escrever coisas um pouco mais rápidas apenas tenha se desenvolvendo naturalmente, por causa de todas essas experiências e, adicionalmente, pelo fato de eu ouvir sem parar o Heavy Metal dos anos 80. É claro que o Death/Doom clássico ainda me inspira, mas o fato é que, na maioria das vezes, eu acabo tocando um velho favorito meu dos anos 80, como o “Restless and Wild” do ACCEPT ou o “The Ultimate Sin” do OZZY. É o tipo de coisa que está mais profundamente enraizado na minha mente, e me parece totalmente natural canalizar algo disso para dentro da nossa música, especialmente agora que nós já estamos atingindo o nosso sexto álbum. É importante manter as coisas interessantes, e em constante evolução.
Por favor, nos conte um pouco sobre o processo de gravação do álbum. Além disso, como foi trabalhar com o “Andy LaRocque”, que o co-produziu com o HOODED MENACE? Eu estou errado ao presumir que ele seja uma das suas influências como guitarrista?
Lasse Pyykkö: O processo de gravação foi bem normal. Mas sim, dessa vez nós nos juntamos ao “Andy LaRocque”, o que foi uma grande sacada, porque foi muito fácil trabalhar com o “Andy”, e mais importante ainda, ele nos fez soar melhores que nunca. Claro que o “Andy” é uma das minhas influências, não só como guitarrista, mas também como compositor, e foi um pouco estranho trabalhar com alguém que você tem admirado desde que você era um moleque, mas ele facilitou tudo sendo um cara realmente humilde, pé no chão e agradável de se lidar.
O álbum “The Tritonus Bell” soa massivo, principalmente porque a banda foi claramente muito cautelosa ao adicionar os elementos tradicionais de Heavy Metal. Ele ainda é, certamente, um artefato super afiado e pesado de Death Doom Metal. Você sente que a banda alcançou um bom equilíbrio com esse trabalho?
Lasse Pyykkö: Sim, eu acho que ele ficou bem equilibrado. Eu não queria que as influências de Heavy Metal clássico se sobressaíssem como um peixe fora d’água, mas sim que elas se misturassem bem e com naturalidade. O que nós temos aqui é um álbum de Death/Doom incrementado com a energia do Heavy Metal dos anos 80. Acho que isso faz perfeito sentido.
“Those Who Absorb the Night” é uma das minhas faixas favoritas, ela é muito cativante. Ela também conta com um dos melhores trabalhos de guitarra. Como te ocorreram os riffs principais e as harmonias? Ela é um dos seus destaques pessoais do disco?
Lasse Pyykkö: O processo de composição é uma mistura de intuição, inspiração e experiência, além disso você precisa ter bons músculos na bunda (gargalhadas). Eu não sei se eu conseguiria explicar o nascimento dessa música de uma forma melhor que essa. Mas sim, a música é uma das melhores faixas no álbum. Entretanto, acho que “Blood Ornaments” é a minha preferida.
“Scattered Into Dark” é outro grande destaque. É bem fácil imaginar o público cantando o refrão junto com o “Harri” nos futuros shows. Você tinha isso em mente quando a estava escrevendo? Eu sei que você grava demos das músicas com bastante detalhes, quando você começa a trabalhar nos álbuns.
Lasse Pyykkö: Quando eu fiz os arranjos vocais para a música, criei esse refrão pegajoso, quase que excessivamente simples, mas eu gostei da simplicidade dele, e o mantive daquela forma. Sim, ele tem aquele tipo de qualidade que induz a cantar junto.
São quase quinze anos desde que você começou o HOODED MENACE. A discografia até esse ponto é definitivamente sólida, repleta de grandes álbuns, EPs, Splits e uma bela compilação. Como você vê a jornada até aqui, e quais são os seus principais objetivos olhando adiante?
Lasse Pyykkö: Sim, tem sido uma jornada e tanto até agora. Você sabe, quando eu formei a banda em 2007, havia zero expectativas ou planos, além de lançar o álbum por algum selo super pequeno. Bem, claro que isso já é alguma coisa, ter um contrato para um disco, mas de qualquer forma, eu não pensava jamais em tocar nenhum show, não havia tirado nem fotos promocionais…Mas era muito inspirador escrever aquele tipo de música, eu realmente curtia aquilo. Mesmo que as influências fossem óbvias, o som em geral, toda a mistura ali tinha alguma originalidade. Não era como se eu tivesse criado mais um AUTOPSY ou uma banda de Death Metal no estilo Sueco, ou qualquer coisa parecida com algo com o qual a cena já estivesse ficando saturada. Isso definitivamente aumentou a minha motivação ainda mais. O álbum de estreia “Fulfill the Curse” também foi recebido com entusiasmo, o que também não machuca. Claro que estou feliz com a longevidade e continuidade da banda, e pelo fato de termos sido capazes de nos manter relevantes ao longo de todos esses anos. Nós não temos pensado muito sobre o futuro. O novo álbum está finalmente lançado, e é legal acompanhar como ele está se saindo. Nós temos tocado uma seleção de músicas, só para o caso de desejarmos tocar ao vivo novamente algum dia. Eu não sou absolutamente louco por shows, então o tempo dirá o que vai acontecer em relação a turnês e tudo o mais. Além disso, nós precisaremos discutir sobre um novo contrato de gravação para futuros discos em algum momento. O nosso contrato de dois álbuns com a “Season of Mist” está cumprido.
O lineup atual da banda soa extremamente sólido. Podemos esperar por novo material produzido por essa mesma formação?
Lasse Pyykkö: Esse é o segundo disco de estúdio com esse lineup, e espero que tenhamos mais por vir.
Você é claramente um fã das bandas de Heavy Metal dos anos 80 e dos álbuns fundamentais, e isso certamente influenciou o som atual do HOODED MENACE. Quanto ao Metal Extremo, que tipo de coisas você tem ouvido? Além disso, o cover do W.A.S.P. soa superdivertido. Como foi fazer esse cover (e adicionar uma tonelada de veneno à música, claro)?
Lasse Pyykkö: Sim, eu tenho estado preso principalmente às minhas coisas dos anos 80, mas com relação ao Metal Extremo que eu tenho ouvido recentemente, eu poderia mencionar bandas como MORBIFIC, MORTIFERUM, MORTUOUS, NECROT, UNDERGANG e os bons e velhos DISGRACE e FUNEBRE. Com o cover do W.A.S.P. nós queríamos sublinhar a influência do Heavy Metal dos anos 80 sobre o álbum. O W.A.S.P. é um favorito coletivo no acampamento do HOODED MENACE, então nós nem tivemos que discutir sobre isso. “The Torture Never Stops” soou como uma música que poderia funcionar pra gente. Ela tem aquele riff matador, e os vocais não são tão melódicos, então a versão ficou bem legal.
Eu normalmente pergunto aos músicos sobre os favoritos deles do Metal Brasileiro. Não poderia deixar passar a oportunidade. Quais são os seus, se é que há algum? Também gostaria de saber alguns dos seus álbuns favoritos de todos os tempos.
Lasse Pyykkö: SEPULTURA antigo, até o álbum “Arise”, são as minhas coisas favoritas do Brasil. Especialmente, o disco “Schizophrenia” é um álbum realmente importante pra mim. Ele influenciou muito a minha primeira banda propriamente dita, a PHLEGETHON. Claro que eu escutei bandas como SARCÓFAGO e VULCANO também, e por melhores que elas sejam, elas nunca me impressionaram tanto quanto o SEPULTURA. Alguns dos meus discos favoritos de todos os tempos? (Pensativo…) Eu teria que mencionar, pelo menos, o SLAYER – “Reign in Blood”, CANDLEMASS – “Epicus Doomicus Metallicus”, DEATH – “Leprosy”, NIRVANA – “Nevermind”, IGGY & THE STOOGES – “Raw Power”, RIDE – “Going Blank Again” (OBS: Banda britânica de Rock dos anos 90), OZZY OSBOURNE – “The Ultimate Sin”, IRON MAIDEN – “Powerslave”, PESTILENCE – “Consuming Impulse”, KING DIAMOND – “Abigail”, CRYPTIC SLAUGHTER – “Stream of Consciousness”, METALLICA – “Master of Puppets”… Cara, na verdade há discos demais pra listar.
O “The Tritonus Bell” será felizmente lançado oficialmente no Brasil. Dois dos nossos selos de Metal mais proeminentes – “Mindscrape Music” e “Mutilation Productions” uniram forças para oferecer aos fãs brasileiros uma bela versão limitada em CD Slipcase do álbum. Como você se sente, alcançando um mercado tão significativo com a sua arte extrema?
Lasse Pyykkö: Isso é incrível, sem dúvidas! Nós estamos muito felizes com isso, de verdade!
Há planos para o HOODED MENACE retornar às turnês, e promover o álbum ao vivo? Toda a merda relativa ao COVID parece estar melhorando e se tornando mais seguro, ao menos na Europa e América do Norte (claro, nós certamente gostaríamos muito de ter a banda tocando por aqui também).
Lasse Pyykkö: Como mencionei anteriormente, não tenho certeza quando, ou se nós vamos voltar a tocar ao vivo novamente. Eu não tenho tanto tesão por isso, mas vamos ver. Ao menos, nós temos praticado um conjunto de músicas, só por vias das dúvidas.
Muito obrigado pelo seu tempo, LASSE. Parabéns pelo novo e massivo álbum. A equipe do “The Old Coffin Spirit” deseja a você o melhor com o HOODED MENACE e com os seus demais projetos. Por favor, sinta-se à vontade para deixar uma mensagem aos nossos leitores:
Lasse Pyykkö: Obrigado pela entrevista e pelas palavras gentis! Agradeço muito! A todos os leitores que curtam Heavy/Death/Doom Metal, confiram a nossa música e, caso vocês gostem, adquiram uma cópia das versões brasileiras do “Ossuarium Silhouettes Unhallowed” e do “The Tritonus Bell”! Obrigado pelo apoio, e cuidem-se!
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