CD/EP/LP

HEAVY SMASHER – Heavy Smasher (2021)

HEAVY SMASHER (Brasil)
“Heavy Smasher”- Digital 2021
Independente – Nacional
9/10

Sem apresentar pomposidades ou malabarismos estéticos, tampouco revelando camadas e mais camadas de uma grandiloquência sonora que em nada agrega, a banda cearense HEAVY SMASHER chegou enfim, e merecidamente ao seu primeiro registro completo. Um tutorial metálico com pouco mais de 37 minutos e que compartilha do mesmo nome de seu criador.

Atualmente configurada por Luís Paulo (baixo), Bruno Rocha (bateria), Nando Smasher (guitarras), Diego Quântico (guitarras) e Nildo Gomes (vocais), a banda desenvolve seu Heavy Metal da maneira mais pura e tradicional possível, sem apelos a modernidade, sem experimentos e o melhor de tudo, primando por uma honestidade sonora cada vez mais rara nestes tempos. Cânones de incontestável importância como: Dio, Black Sabbath, Judas Priest, Iron Maiden e Accept são facilmente reconhecidos em sua identidade musical, mas não se engane, não temos aqui um fac-símile (como tantos que vagam por aí) ou um engodo fantasioso baseado em reciclagens, a banda tem assinatura e digitais próprias, e sua obra é, por fim, autentificada mais pelos acertos que pelas falhas. Que são escassas, diga-se.

Antes dos louros do resultado, o processo — o disco foi gravado e produzido entre setembro de 2018 e abril desse ano no VTM Studio, em Fortaleza. Tanto sua mixagem quanto sua masterização receberam a caligrafia meticulosa de Taumaturgo Moura; a produção foi certificada pelo mesmo junto ao próprio HEAVY SMASHER. A capa, que entoa Metal através dos traços, cores e nuances, é de autoria de Leandro Cotta. Sobre o repertório, ele compreende 09 composições autorais, dentre as quais, 04 foram extraídas do ep degustativo “Smasher And Loud” (2018), aqui, devidamente regravadas, anabolizadas e com maior ênfase no peso do instrumental. Guitarras tinindo, cozinha majestosa e os vocais de Nildo marcando as mesmas como suas. Aliás, como canta esse rapaz!

Rompendo as fronteiras da nostalgia “We Are Angels” e “Heavy Smasher Sound”; ambas com um cardápio apetitoso de ótimos riffs, bases sólidas e unificadas — baixo e bateria pontuais, solos azeitados e refrães que nos encaminham a algum clássico dos anos 80. Ainda sobre os últimos, é justo dizer que criá-los é uma arte e ao que parece o HEAVY SMASHER tem domínio sobre a mesma. Todos os refrães são fortes e memoráveis. “Sunrise Rebel” exibe o entrosamento dos músicos e seu metodismo. Solos empolgantes que convidam à antiga e sacra prática do “air guitar”, linhas de bateria desenvolvidas com uma precisão absurda, tanto no uso dos pedais duplos quanto nas frases e uso dos pratos. Forte candidata a hino caso já não seja.

Clash Of The Gods” e sua sucessora “Firefight” funcionam como dois momentos de combustão. Ambas coesas e dotadas de muita energia, mas uma energia visceral daquelas que extraem litros e mais litros de suor durante os shows, afinal, ficar estático durante os mesmos só é justificado se o fã estiver mumificado. “Face Up Reality” mantém a qualidade do disco e se reserva a mostrar toda técnica e feeling dos guitarristas Nando Smasher e Diego Quântico. “In The Abyss” e “Screaming All” apontam para o fim do disco, mas não sem antes brilharem como devem. Enquanto a primeira entrega o peso e a personalidade do Heavy Metal em solos precisos e bateria condimentada, a segunda, é um brinde ao saudosismo. Simples, concisa e direta ao que interessa, celebrar, claro!  Até porque, temos aqui um disco de Heavy Metal e não uma extensa e monótona obra conceitual que requer 05 livros e 10 tutoriais para ser compreendida. Se a bíblia de um fã é o encarte, seja do CD ou LP, seu quarto é seu templo e seu padre é o volume, então se curve e suba o mesmo. Eis o início do rito. Encerrando categoricamente o apanhado “To Be Strong”. Faixa bonita por sua intensidade e preciosa em sua cadência regida pelas guitarras, baixo e bateria. Ouso dizer que a mesma é a melhor composição de todo trabalho. Lembrando que gostos são subjetivos, certo!?!

Por fim, o HEAVY SMASHER prova uma vez mais que o Heavy Metal, seja em mãos brasileiras ou não, e em sua abordagem mais pura, está a envelhecer melhor que os modismos e definições de cada época. O tempo passa, calças jeans, gírias, cortes de cabelo e cervejas mudam, mas um ótimo riff sempre será um ótimo riff e sempre terá o seu charme! That’s all folks!

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Bandcamp: https://heavysmasher.bandcamp.com

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