CD/EP/LP

GURTHANG – Hearts of the Hollow (2022)

GURTHANG (Polônia)
“Hearts of the Hollow” – CD 2021
Immortal Frost Productions (Bélgica) – Importado
7,00/10

Sentimentos misantrópicos e autodestrutivos, depressão, angústia, visões de um ponto de vista privilegiado de mentes perturbadas e desequilibradas, tudo isso condensado e oferecido pelo GURTHANG nessa experiência sonora chamada “Hearts of the Hollow”.   

 Esses poloneses fazem um som que mescla Black e Doom Metal, e o nome da banda remete ao herói humano da Primeira Era do universo do Mestre “J. R. R. Tolkien”, referindo-se ao nome da espada do personagem “Túrin Turambar” (Leia o “Silmarillion” e “Os Filhos de Hurin”).

 Meu primeiro contato com a música deles. E confesso que os vocais de “A.Z.V.” não ajudaram. Após a primeira faixa, que é uma intro atmosférica, é possível escutar pela primeira vez os vocais em “Structures of Constriction”, e perceber que ele não se define conforme as características de nenhum dos subgêneros. Fica em cima do muro. Há um efeito constante e bem chato, por cima do vocal, fazendo-se soar em diversos momentos como um sussurro que acompanha as vocalizações.

 O instrumental, por outro lado, rende ótimos momentos. Principalmente pela percussão, executada cirurgicamente, com linhas criativas e bem variadas. As guitarras também contribuem para uma sonoridade potente, densa e ultra melancólica. Os teclados são muito sutis, dão um clima em algumas faixas (como em “Hearts of the Hollow”) mas não brilham.

 Li em algum lugar que a banda apresentava elementos de Funeral Doom na sua sonoridade. Ao menos nesse trabalho, isso não procede em nenhum momento.

  Belo destaque o som de baixo na faixa “Spasms of Reflection”, uma das melhores composições da obra. Os caras conseguem transmitir aqui, com muita eficiência, o clima de desalento e desesperança. Riffs excelentes, realmente uma puta atmosfera e um belo som.

 As ótimas ideias da banda não param por aí. A abertura de “Concealed Beneath” é ótima, investindo pesado em tensão crescente. E aí percebe-se outro detalhe importante: Faltou punch na produção do disco, uma dose extra de peso teria deixado tudo muito mais palatável. De novo, instrumental muito bom, composição e execução de qualidade.

 “Hearts of the Hollow” é um oásis de vocalizações mais extremas e pungentes em alguns segmentos. Resulta em um bom momento do álbum, juntamente com a sucessora “The Apathy of Decadence”, esta última dona de um riff principal majestoso, e mais voltada ao Doom.   

 A formação tem músicos de qualidade e que demonstram conhecer metal extremo. Faltaram uma produção melhor, mais abrasiva e pesada, e um vocal que aborde com mais foco uma linha Doom ou Black/Death, ou até mesmo que mescle as características, desde que o faça com a devida intensidade. Um bom disco, que teria ficado muito melhor com alguns ajustes.

 Tracklist abaixo, duração total de 43:07 minutos:

1 – “Vide de Couers (Prologue)”

2 – “Structures of Constriction”

3 – “Spasms of Reflection”

4 – “Concealed Beneath”

5 – “In the Shrines of Self-Creation”

6 – “Hearts of the Hollow”

7 – “The Apathy of Decadence”

8 – “Constriction (Reprise)”

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