CD/EP/LP

GRAVESEND – Methods of Human Disposal (2021)

GRAVESEND(Estados Unidos)
“Methods of Human Disposal” – CD 2021
20 Buck Spin– Importado
9/10

Fazia muito tempo que não me deparava com um ótimo álbum de DeathGrind, ou de Grindcore propriamente dito. O trio nova-iorquino do GRAVESEND produz um blend dos mais imundos, efetivos e furiosos de Death e Black Metal com Grindcore, injetando elementos Industriais e de War Metal.

Seu primeiro e brutal álbum de estúdio é o “Methods of Human Disposal” lançado internacionalmente em fevereiro desse ano pelos norte-americanos da “20 Buck Spin”, gravadora conhecida por seu cartel invejável de bandas de metal extremo.

Como apontava a bem-sucedida Demo do ano passado “Preparations for Human Disposal”, a sonoridade é bastante direta, com riffs bem elaborados e de relativa simplicidade, que dão boa liga.O trabalho de guitarras é impecável. O vocal infernal aproxima-se do que costumamos ouvir no Black Metal ortodoxo.A bateria soa impiedosa, porém com versatilidade, não investindo unicamente em blastbeats incessantes. Há ótima variação e técnica, a performance de “G” é a mais impressionante do trio. O baixo soa sujo, visceral e estupidamente alto. A produção do álbum deixou todos os elementos identificáveis, mas é crua e distorcida o suficiente para não descaracterizar a demência da proposta.

As músicas são sempre curtas, odiosas e explosivas, como é usual no Grind,sendo a mais longa a intensa e doentia “Trinity Burning”, do alto dos seus 2:40 minutos. Ouvir o trabalho por completo gera a sensação de um passeio a pé por alguma Cracolândia gigante, durante uma noite fria e chuvosa, em meio a um confronto sangrento entre usuários e batalhão de choque da polícia.

Liricamente, a banda esfrega na cara da sociedade a miséria humana, sob muitas de suas facetas possíveis. O vídeo que a banda disponibilizou para a faixa “Needle Park” é ótimo exemplo. Decadência, vício em drogas pesadas, abandono, pobreza extrema, assassinatos e suicídios, condições de vida degradantes, imundície de toda sorte. Pensando um pouco, a vida humana e suas mazelas sempre foram campo fértil para a exploração desses temas.

 Há variação constante em termos de tempo e ritmo, ideal para que o álbum não se torne repetitivo em excesso, unidimensional, ou simplesmente chato. Dentro dos “Métodos de Eliminação Humana” do título do disco, estão as passagens ultra velozes, que destroem com a ferocidade de uma metralhadora ponto 50, carnificina total. Inteligentemente, a banda mescla esses momentos a passagens em meio-tempo e, em alguns casos, até mais lentas, quando abusa do peso, groove e atmosfera pútrida.

 “Fear City” funciona bem como introdução de pegada industrial, doentia com seus efeitos sonoros sintetizados, e antecipando a movimentação do tanque de guerra instrumental chamado “STH-10”. O som letal do baixo garante adição descomunal de peso. A faixa título vem na sequência, e demonstra a real face do Deathgrind do GRAVESEND: suja, impiedosa e horrenda.“Ashen Piles of the Incinerated” é um dos destaques do álbum, com riffs certeiros e mudança de tempo espetacular. “Subterranean Solitude” e “Absolute Filth” são ambas extremamente cativantes, com toques espertos de Hardcore e muito groove.

 As faixas fluem pisoteando crânios e perfurando os tímpanos do ouvinte, de forma devastadora. Os toques Death e Black bestial (ou War Metal, se você preferir), trabalham a favor do disco, tornando-o único e,ao mesmo tempo, desconfortável, desafiador e agradável de se ouvir.

Memorável álbum de estreia do GRAVESEND, a mistura ousada dos subgêneros mais detestáveis do metal extremo funciona, e muito bem. Deverá agradar em cheio aos fãs de atos tão distintos quantoINSECT WARFARE (EUA), NAPALM DEATH (ING), WORMROT (SIN), FULL OF HELL (EUA), TERRORIZER (EUA), REVENGE (CAN), ANAAL NATHRAKH (ING), YOUNG AND IN THE WAY (EUA) e GOATPENIS (BRA).

Relação das quinze faixas que compõem o trabalho:

1 – “Fear City”
2 – “STH-10”
3 – “Methods of Human Disposal”
4 – “Ashen Piles of the Incinerated”
5 – “End of the Line”
6 – “Subterranean Solitude”
7 – “Unclaimed Remains”
8 – “Verrazzano Floater”
9 – “Eye for an Eye”
10 – “Trinity Burning”
11 – “Needle Park”
12 – “Absolute Filth”
13 – “The Grave’sEnd”
14 – “Scum Breeds Scum”
15 – “Concrete Feet”

Duração total: 27:15 Minutos

Destaques: Álbum super compacto, deve ser ouvido e digerido como um todo, por mais que seja tarefa árdua aos não familiarizados com o estilo. Ainda assim, destacam-se individualmente faixas como “Methods of Human Disposal”, “Ashen Piles of the Incinerated”, “Endof the Line”, “Trinity Burning”, “Needle Park” e “ScumBreedsScum”.

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