“Ascension” — CD 2021
Black Lion Records — Importado
9/10
DATA DE LANÇAMENTO/RELEASE DATE: 17/09/2021
Não apenas um delirante exercício de criação, mas também um mergulho numa sonoridade cuja densidade e intensidade são absurdamente assombrosas. Atmosfera e melodia como elementos a serem trabalhados em conjunto num ambiente marcado pela unificação e elevação dos mesmos. A música dos italianos GHOSTHEART NEBULA assim navega — ora em torrentes de desespero e apreensão, ora em cursos calmos e contemplativos.
Passados 4 anos de sua fundação e 3 do lançamento de seu ep de estreia, o elegante “Reveries”, o quinteto formado por Nick Magister (guitarra), Giovanni Feroldi (baixo), Aron Corti (guitarra), Maurizio Caverzan (vocais) e Panta Leo (bateria), regressa agora com seu primeiro registro devidamente cheio, intitulado, “Ascension”. Título esse que terá seu lançamento concretizado pela sueca Black Lion Records.
O trabalho de 7 composições dá sequencia à parceria da banda com a ilustradora e vocalista grega Gogo Melone (Luna Obscura, Aeonian Sorrow), que atua no disco, também, cedendo sua voz à quinta faixa e primeira parte da trilogia “Ascension”, “Ascension Pt. I Cosmic River”. O (Borknagar) Øystein G. Brun (Sojourner, Obsolete Theory, The Troops of Doom) foi o responsavel pela mixagem e masterização.
Transpondo uma hora de duração, o álbum floresce em “Mira” — composição essa de instrumental forte e esparso, cujos arranjos e estética abrangem tanto o Funeral Doom quanto o Atmospheric Doom Metal. Os vocais de Maurizio são assombrosos e o contraponto conduzido pela etérea performance de Lucia Amelia Emmanueli (Sojourner) fazem desta um dos maiores destaques do disco. “Chrysalis” e “Hikikomori” são mais dinamicas e progressivas em seus percursos, munidas de belas linhas de guitarra e de uma bateria que explora diversos ritmos. Os detalhes e concepções de ambas são meticulosamente surreais.
“The Cage” é de uma construção musical lenta e devastadora, sendo um exercício criativo criterioso e sensorial, por vezes assustador, graças as (geniais) intervenções de Jon Liedtke e seu inusitado teremim. A portentosa faixa título, “Ascension”, encerra o disco dividindo-se em uma trilogia — “Ascension Pt. I Cosmic River”, “Ascension Pt. II My Burial Dream” e “Ascension Pt. III Nebula”. Enquanto a primeira abraça por completo o Funeral Doom Metal mais versátil e melodioso de nomes recentes como Clouds e do já citado, Aeonian Sorrow, exibindo não apenas as sutilezas dos mesmos, mas também momentos preciosos de alta emotividade, vide as linhas vocais sempre encantadoras e potentes da convidada Gogo Melone. As outras duas partes portam igual magnificência e podem ser compreendidas por momentos de embriaguez sonora guiadas por arranjos caprichosos, devaneios atmosféricos e erupções de Post-Rock.
“Ascension” consagra estes italianos como uma das maiores e mais gratas revelações do Doom Metal dos últimos tempos. Não mais uma promessa, mas uma realidade sólida. Um álbum bonito em sua estética, bonito em seu conteúdo — arranjos, melodias, vocais e ambientações. A GHOSTHEART NEBULA justifica o respeito que a Itália recebe quando o assunto é o “gênero maldito”. Duvida? Ouça esse trabalho e ouça também o Tethra, o Ars Onirica, o Veil Of Conspiracy, o Abyssian, o Oceana, o Invernoir e o Rome In Monochrome, e descubra toda a riqueza e diversidade que as bandas das formosas terras de Caravaggio possuem. “Malinconia italiana della migliore qualità!”
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