CD/EP/LP

GHASTLY – Mercurial Passages (2021)

GHASTLY(Finlândia)
“Mercurial Passages” – CD 2021
20 Buck Spin – Importado
8,5/10

Algumas combinações costumam ser sinônimos de sucesso quase que automático. No caso da música, Finlândia + Metal Extremo é exemplo típico. GHASTLY é o nome dessa banda de Tampere, que vem praticando Death Metal desde 2011, seguindo algumas das características que tornaram o país um dos principais da cena mundial, e simultaneamente acrescentando seus toques pessoais (e um tanto exóticos).

O líder e responsável por toda a parte instrumental (Guitarras, Baixo e Bateria), além de parte dos vocais, é “Ian J. D’Waters”, tendo o vocalista principal “Gassy Sam” e o vocalista e guitarrista adicional ”Johnny Urnripper” ao seu lado na formação que gravou o trabalho atual.

Mercurial Passages” é o terceiro álbum de estúdio do GHASTLY, lançado no final de maio desse ano pelo renomado selo norte-americano “20 Buck Spin”.

O nome da banda, que pode ser traduzido livremente como “Medonho” dá uma dica ao ouvinte do que ele deverá encontrar, mas o produto é muito mais interessante. O Death Metal oferecido é quase sempre de velocidade média, de atmosfera carregada e macabra, com elementos obscuros de Doom que remetem às origens da sonoridade finlandesa do início dos anos 90, mergulhada em podridão. O que os diferencia dos compatriotas como um todo, é a fusão bem-sucedida de elementos psicodélicos e progressivos ao seu som.

Ouroborus” inicia a viagem em ritmo lento, com riffs cativantes e bateria intensa e pujante. Os vocais de “Gassy Sam” são potentes, e oferecem a gama completa de variações dentro do espectro do death metal. A aura misteriosa e psicodélica já se faz presente, reforçada pelo trabalho de guitarras e auxiliada discretamente por sintetizadores na sua seção final. Produção perfeita, crua e equilibrada.

Out of the Psychic Blue” tem início brutal, relembrando as clássicas instituições do Death Metal finlandês como DEMIGOD, RIPPIKOULU e DEMILICH. Riffs colossais compelem inevitavelmente ao headbanging. As mudanças de tempo são espetaculares, e ao final dos seus três minutos e meio, fica aquele gosto amargo na boca pelo término da faixa, e o anseio por mais.

 “Sea of Light” forma brevemente uma parede de som conduzida pelo peso absurdo de bateria e baixo, complementado pelas guitarras que lembram o Death Metal Suecooldschool. Logo, seus riffsvoltam a soar melódicos, obscuros, complexos, e o som ganha contornos progressivos. 

Perdition”um dos maiores destaques do álbum, rica em texturas que vão do Death Metal direto e tradicional ao Doom, com direito a passagens altamente viajantes e “proggy”.

Parasites” soa como Death Metal tradicional, com guitarras de timbre matador e percussão impetuosa de alta velocidade. O solo de guitarra é um dos poucos presentes do trabalho, vertiginoso e esquizofrênico.

 “Dawnless Dreams” é a mais extensa, inicia-se como uma mistura excêntrica de Death DoomProgressivoe Rock Psicodélico. As passagens seguintes são magistralmente interligadas, com diferentes tempos e intensidade instrumental. Mais uma vez, destacam-se os riffs de ótima construção e abundantes em melodia.

Mirror Horizon” a música final é igualmente extensa, e outra que se destaca pela composição intricada e sofisticada. Desenvolve-se prioritariamente em midtempo, e com atmosfera Doom

Excelente trabalho esse terceiro disco do GHASTLY, um passo à frente em termos de qualidade em relação aos dois discos anteriores de estúdio. Indicado a todo e qualquer fã de MORBUS CHRON (SUE), HORRENDOUS (EUA), CHAPEL OF DISEASE (ALE) e SWEVEN (SUE), além da fase inicial, mais Death Metal Progressivo do TRIBULATION (SUE).

O álbum é composto pelas sete faixas abaixo relacionadas:

1 – “Ouroborus”
2 – “Out of the Psychic Blue”
3 – “Sea of Light”
4 – “Perdition”
5 – “Parasites”
6 – “Dawnless Dreams”
7 – “MirrorHorizon”

Duração total: 40:21 Minutos

Destaques: A segunda “Out of the Psychic Blue” é excepcional, e infelizmente curta. “Perdition” é outro grande destaque, um híbrido contendo algo de todos os elementos que os finlandeses mesclam na sua sonoridade singular. “Dawnless Dreams” é a mais cativante dentre as músicas mais progressivas e complexas.

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