“Darkness vs Light, The Perpetual Battle” – CD Reissue 2022
Sociedade dos Mortos Records / Old Shadows Records – Nacional
8,5/10
O cenário black metal sempre viveu baseado em uma imagem de rebelião e luta contra dogmas e religiões, mas sendo bem honesto, lutar contra esse tipo de coisa vivendo em países ocidentais com características democráticas é infinitamente mais fácil. Já criar uma banda de black metal em um país de características religiosas fundamentalista como o Irá é ir para outro nível. Só o fato de estar em uma banda de metal te coloca um alvo nas costas para possíveis perseguições.
O FROM THE VASTLAND foi formado em Teerã, em 2010 e posteriormente se baseou na Noruega, onde a banda vive hoje em dia. Esse álbum que agora ganha sua versão nacional foi lançado originalmente em 2011 e logo de cara se destaca pela produção realmente excelente que o disco tem. O black metal executado pelo FROM THE VASTLAND é focado em partes mais trampadas, com forte veia melódica, mas os momentos rápidos e mais tradicionais estão por toda a parte também. A qualidade das composições é excelente. Pelo menos nesse álbum não temos uma banda investindo de forma aprofundada em sonoridades que reproduzam características étnicas do seu país de origem, algo que é muito presente no som do Melechesh, por exemplo. Existem melodias aqui e ali, mas nada exagerado. Mas a música do grupo é excelente.
A primeira faixa, por exemplo, “Dawn”, é um música que começa contida, climática e vai crescendo aos poucos. Ainda que seja uma instrumental, ela prepara o ouvinte para o lado agressivo que se impõe na faixa seguinte “Ancient Dream”. O trabalho das guitarras criando climas e texturas musicais é muito bom e efetivo durante todo o álbum. “Eternal Antagonist of Vohu Manah” é uma música que tem uma baita atmosfera, criada de forma matadora pelas guitarras. A próxima é “The Light of Revelation” e mantém o clima criado na faixa anterior, como um foco forte nas melodias.
“Glacier” é mais uma faixa instrumental, simples, mas bem interessante. O peso retorna com “Tishtrya the Rain Client”, uma faixa que tem uma longa introdução para quase aos quatro minutos explodir nas caixas com brutalidade e riffs cortantes. As outras faixas são “Nine-Day Battle (Keresaspa the Brave)”, “Serpent Empire of Angra Mainyu” e “Thousand Years of Eternity”, todas mantendo um equilíbrio entre momentos mais contidos e trabalhados e outros que são puramente extremos.
O álbum finaliza com outra instrumental intitulada “Vayu”, que abraça uma calmaria que encerra tudo de forma etérea. Um excelente disco de estreia. A banda tem mais cinco álbuns, tendo o último “The Haft Khan”, sido lançado em 2020. A produção dessa edição nacional é muito boa, como tem sido uma constante nos últimos anos. Espero que os selos estejam planejando lançar outros álbuns do FROM THE VASTLAND.
