CD/EP/LP

ETHEREAL SHROUD – Trisagion (2021)

ETHEREAL SHROUD (Reino Unido)
“Trisagion” – CD 2021
Northern Silence Productions (Alemanha) – Importado
9/10

Um único britânico, de nome “Joe Hawker” deu origem ao ETHEREAL SHROUD em 2013, e desde então, vem produzindo, de tempos em tempos, material de altíssima qualidade que pode ser enquadrado como uma fusão dos subgêneros Black Atmosférico, Black Depressivo e Funeral Doom Metal.

Nesta reta final de 2021, o músico presenteou os fãs com o segundo álbum completo de estúdio, o impactante “Trisagion”. Não vinculado a nenhuma gravadora, foi lançado independentemente, porém com versão em CD negociada com os alemães do selo “Northern Silence Productions”. São apenas três músicas, porém o tempo total gira em torno de uma hora e quatro minutos!

Naturalmente, não é disco para ser ouvido com pressa, ou desatenção. O registro é rico em emoções, transmitindo-as com elegância e contundência, no que pode ser definido como uma experiência espiritual. Almas perdidas e solitárias encontrarão aqui sua trilha sonora perfeita, e serão atingidos em cheio. Melancolia, vazio existencial, perda, desolação, desesperança, ressentimento, todos unidos sob uma obra que faz forte crítica aos pilares religiosos (daí o nome “Trisagion” e os três atos nos quais se divide) e à forma como a sociedade se organiza.

Chasmal Fires” é um colosso de vinte e sete minutos, e que inicia o álbum. Teclados etéreos, quase divinos, na sua abertura, transportam o ouvinte a uma dimensão impassível, dotada até de certa esperança, apenas para ser furiosamente dilacerada pelo instrumental extremo que se segue. Os andamentos são médios e acelerados, um Black Metal Atmosférico extremamente bem composto e executado, de ótima produção e com elementos constantes de Doom, principalmente nas melodias. Quando os vocais limpos de “Shannon Greaves” derem as caras, você já estará irremediavelmente seduzido pela sonoridade. As passagens velozes são arrebatadoras, desconcertantes. E belas. Há um fluxo incessante de riffs matadores, segmentos de tensão crescente, variações rítmicas inesperadas e atmosfera grandiosa, tudo isso contribuindo para resultar em uma das músicas mais épicas e sensacionais desse ano.

Discarnate” surge suave e enigmática, mas logo estabelece um ritmo intenso e tempestuoso. Após a violenta sequência, há uma breve seção atmosférica, onde os teclados formam uma parede quase impenetrável. O segmento posterior é mais progressivo, e lentamente atrai a faixa aos seus momentos mais impetuosos, de fúria ímpar. Encerra-se, de modo quase contraditório, com uma pegada sorumbática, típica do Funeral Doom.

Astral Mariner” os teclados criam um início pesaroso, e de ar progressivo. As guitarras assumem controle com muito peso, arrastando-se majestosamente, como se integrassem de fato um cortejo fúnebre. Os vocais de “Joe Hawker” se encaixam bem em todas as facetas da banda, inclusive em faixas como esta, onde se explora algo de todos os subgêneros pelos quais o ETHEREAL SHROUD se aventura. Inicialmente morosa, torna-se pungente e ácida, de percussão ritualística ou até tribal em dado momento, evoluindo e acrescentando características hipnóticas, como que almejando a transcendência (apesar do nível de agressividade, que escala até atingir o ápice). Os teclados retornam fortes para o movimento derradeiro, atmosférico, pesado e rico em emoções afloradas.

Memorável segundo álbum do ETHEREAL SHROUD, o artista conseguiu superar o trabalho de estreia “They Became the Falling Ash” de 2015, algo que se julgava difícil dada a qualidade dele. Recomendo fortemente aos fãs de SAOR (ING), THE RUINS OF BEVERAST (ALE), AGALLOCH (EUA), NORTT (DIN), WINTERFYLLETH (ING), MOURNFUL CONGREGATION (AUS), SKEPTICISM (FIN).

Tracklist do disco abaixo, somando 64:15 minutos de duração:

1 – “Chasmal Fires”

2 – “Discarnate

3 – “Astral Mariner”

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