Nada melhor que um bom e velho Death — Death/Doom Metal cuja temática abraça os pergaminhos do mestre do horror cósmico, Howard Phillips Lovecraft. Aqui temos uma entidade sonora que exibe de forma explicita suas influências literárias — desde seu nome até as artes que vestem os seus registros.
O CTHULHUSS (cuja identidade de seus integrantes é um mistério), foi formado em 2017 na Polônia. Sua discografia consiste em dois álbuns: “Cthulhu Cult” (2019) e “Obliteration Of Souls” — lançado em fevereiro deste ano — ambos os trabalhos exibem o selo Old Temple Records de qualidade.
O Death/Doom ofertado nas seis composições de seu novo lançamento diverge um pouco, em termos de estruturas e dinâmicas, do que foi apresentado em sua estreia. A sonoridade ainda é primitiva, grotesca e malévola; porém, um pouco mais trabalhada e aberta tanto ao trabalho das guitarras (que é absurdo) quanto à cozinha, que está mais sólida e diversificada. O baixo é bem destacado e a bateria (geralmente básica em produções do gênero), consegue explorar ritmos e velocidades que muito acrescentam ao resultado da obra.
O tracklist também foge à previsibilidade e revela faixas completamente distintas entre si — partilhando do mesmo DNA, mas com níveis de potência e obscuridade totalmente diferentes. “Visions Of Yog-Sothoth” abre o culto ao horror de forma perfeita… Indo de ataques velozes e selvagens até passagens lentas — densas e esmagadoras. Já valeria todo disco, mas o repertório reserva surpresas e pouco caos é sempre bobagem.
O Universo segue hostil nas matadoras “The Cave” e “Hubris Hammer”. A primeira indo de um início rastejante e sombrio até a mais insana brutalidade e a segunda apenas monolítica. Interessante dizer que por diversas pensei no CTHULHUSS como sendo o Sulphur Aeon (Alemanha) caso este abandonasse a técnica e complexidade de seu Death Metal e assumisse logo sua identidade Doom Metal (sempre presente de uma forma ou de outro em seus álbuns). As linhas vocais adotadas pelo já citado CTHULHUSS, reforçam esse pensamento — sempre transitando entre guturais, limpos, trechos quase falados e até evocações. Também me lembrei do De Profundis (Reino Unido) da época do “Beyond Redemption” (2007) e “A Bleak Reflection” (2010).
O caos finda-se, ao menos por enquanto, com trinca “Die In The Dreams Of Dead”, “Obliteration Of Souls” e “Nameless Evil”. A primeira com poucas mudanças, mas pontual em seus avanços bestiais; a segunda é um curto, mas potente ataque que dura exatos 02:20. Lembrou-me o início do Esoteric, das faixas: “Only Hate (Baresark)” e “At War With The Race” — dos inigualáveis “Epistemological Despondency” de 1994 e “The Pernicious Enigma” de 1997. A supracitada “Nameless Evil”, conjura o fim do trabalho. Que faixa foda! Tão foda que tive que escrever “foda” (meu primeiro palavrão num texto. Risos). Vocais perfeitos, bateria bem desenhada, guitarras poderosas e o baixo dando aquela suculência necessária — às vezes somando-se à massa sonora e a tornando ainda mais caótica e assustadora, e noutras desenvolvendo-se sozinho.
Audição obrigatória e quem sabe, aquisição também. Disco foda (de novo. Risos)! Ama Lovecraft e Death/Doom Metal? Então ouça “Obliteration Of Souls”!
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Bandcamp (Old Temple): https://oldtemple.bandcamp.com/album/cthulhuss-obliteration-of-souls