Celebrando 17 anos de carreira os australianos do BE’LAKOR — um dos maiores nomes do Melodic (Progressive) Death Metal da atualidade, lançaram no último dia 29 através da Napalm Records o seu quinto álbum de estúdio, “Coherence”. Surgidos em 2004 e com uma tímida, mas boa estreia registrada em 2007 chamada “The Frail Tide”, a banda logo cresceu em álbuns cada vez mais aclamados por fãs e críticos. “Stone’s Reach” lançado dois anos mais tarde já demonstrava toda capacidade e inteligência da banda, mas ainda era pouco, inquietos que são e sempre rompendo limites auto impostos, três anos depois eles conceberam o fabuloso “Of Breath And Bone”. “Vessels” lançado em 2016 expandia ainda mais os horizontes criativos do quinteto. Sem mais delongas… Vamos à nova obra-prima de George Kosmas e companhia.
Exibindo melodias impecáveis, riffs memoráveis e muita solidez, o disco abre com a poderosa “Locus” e seus mais de 10 minutos de elevações, rupturas e transições. É impressionante como a banda consegue criar temas complexos e inexatos sem verter os mesmos num longo exercício de paciência ou numa busca insana por equilíbrio. As construções são labirínticas, mas fluidas e consistentes. Se o início foi verdadeiramente épico os temas que o sucedem não deixam por menos. Após o interlúdio “The Dispersion”, o que vem é o “crème de la crème” da fusão entre o Melodic Death e o Progressive Metal. “Foothold” é melodiosa e potente, repleta de explorações progressivas, de quebras e mudanças de tempo. “Valence” segue a mesma toada, porém, com maior enfase na exatidão matemática e inovadora do baterista Elliott Sansom, e na entrega inspirada dos guitarristas Shaun Sykes e George Kosmas.
A odisseia avança com “Sweep Of Days”; um instrumental cativante construído a partir de memoráveis linhas desplugadas que vão ganhando forma e substancia ao longo de seu percurso. “Hidden Window” lembra os momentos de esplendor do Insomnium — das epopeicas: “In The Halls Of Awaiting”, “In The Groves Of Death”, “Lay Of The Autumn” e “Pale Morning Star”, claro que com os predicados que formam a personalidade do BE’LAKOR e sua maneira singular de homogeneizar diversos elementos e naturezas dentro de uma mesma composição. Ora agressivo e ruidoso e noutras suave e reflexivo. “Indelible” é mais um instrumental atmosférico que tanto ambienta quanto serve de portal para a derradeira suíte progressiva do álbum, “Much More Was Lost”. A faixa em questão é o ponto de colisão entre todos os elementos que configuram “Coherence” — desde os arranjos simétricos até as tantas nuances que coabitam no mesmo, incluindo, as diversas metamorfoses e os tantos períodos de serenidade rompidos por ataques bombásticos. A inclinação ao Post-Black Metal, as camadas de teclados de Steve Merry e os solos subliminares fazem desta uma das melhores e mais distintas músicas já escritas por esses australianos. Sobre os vocais de Kosmas nada a dizer, perfeitos apenas.
Em “Coherence” ouvimos o BE’LAKOR ultrapassando novamente os próprios limites. Ainda mais técnico e preciso que antes, porém, muito mais ousado e até certo ponto, experimental. Se aventurando e testando sua própria inteligência e criatividade, mas preservando com sabedoria a emotividade e a harmonia que sempre marcaram suas obras. Um álbum realmente épico tanto pela grandiosidade de sua produção, dividida entre Troy McCosker (Ne Obliviscaris, Iapetus); Tony Lindgren (Amorphis, Barren Earth, Enslaved) e Jens Bogren (Septicflesh, Rotting Christ, Katatonia) quanto por sua arquitetura sonora. Em suma, outro trabalho marcante com o devido certificado de qualidade BE’LAKOR!
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