Entrevistas

ARIMAN – A força do heavy metal Paraguaio

Arimã para os seguidores do Zoroastrismo é o Deus da escuridão,da destruição, da morte e do mal. Fomos bater um papo com o guitarrista Victor Ocampos que nos fala um pouco mais sobre a cena Paraguaia e sobre a banda “Ariman” que faz um poderoso Heavy Metal !

Em primeiro lugar obrigado por participarem dessa entrevista aqui no The Old Conffin Spirit zine & portal. Hermanos del Ariman sejam bem vindos ! Vamos começar pelo início: Ariman foi formada em 2003. Como se deu o início da banda e como foi ter uma banda de Heavy Metal Tradicional em solo Paraguaio  naquela  época ? Já que a cena Paraguaia sempre teve uma tradição  mais voltada  para o Thrash Metal oitentista.

Ariman: Muito obrigado a você e ao time da The Old Coffin Spirit Zine & Portal, pelo interesse e este espaço. Então naquela época, eu estava na faculdade e estava ensaiando com uma banda sem nome, ensaiávamos covers de Metallica, Judas Priest e Black Sabbath, até que em 2001 surgiu a oportunidade de tocar ao vivo no La Papa em Ciudad del Este(Py), acabara de acontecer o atentado nos USA. Então colocamos o nome Al Qaeda na banda, naquela época a banda mais forte em Ciudad Del Este era o Sindrome que faziam Thrash Metal, lembro que depois da terceira música o público já pedia pelo Sindrome jaja. Depois dessa apresentação, nos separamos, daí eu que moro em Minga Guazú, já não formei banda, e ficava tocando em casa. Nesse tempo, o Gustavo Mereles estava no colégio ainda e ele tinha uma banda com os colegas de escola. Não tinham nome, mas se apresentavam em shows de escola aqui chamavam de “Matines”. Eles tocavam Metallica, Rata Blanca, Nirvana, Black Sabbath, alguma outra coisa similar, bem misturada. Dentre eles o Gustavo era quem já era Headbanger e era meu vizinho. Uma vez, estávamos num campo de futebol, para bater uma bola e ele perguntou pra mim se eu era Headbanger também jaja…Falo que sim, e então trocamos algumas ideias ali, até que ele me convida para assistir aos ensaios deles. Eu fui duas vezes e depois ele fala se eu não gostaria de tocar um som com eles numa das apresentações. Eu aceito e toco NIB do Black Sabbath. Depois disso, eles inscrevem a banda num festival de Asunción chamado Rockhayhu, e então sou convidado formalmente para fazer parte da banda e a missão era compor. Eu sou fã do Led Zeppelin, escutava muito Black Sabbath, Deep Purple, Iron Maiden, Ozzy, coisas básicas assim e nessa época já trabalhava e podia comprar meus CDs. Estava descobrindo outros discos do Judas Priest além do Painkiller e algumas coisas do Helloween, Iced Earth, Avantasia, coisas que saiam na Rock Brigade jaja. E então o meu som sempre era bem tradicional. Conhecia Metallica, Megadeth, Slayer, etc., mas o meu interesse sempre era Heavy Metal e essas vozes do caralho. Eu já tinha escutado o Gustavo cantar Rata Blanca e pensava…porra esse cara canta pra caralho. jajaaja.  Então o Gustavo foi pra casa levou umas ideias e eu juntei as minhas e saiu uma música que se chamou “Guerreros del Olvido” que era bem heavy a la Maiden, e trabalhamos num outro trabalho dele que se chamava Sacro Imperio que sim era bem Metallica. Com essas músicas participamos da pré seleção do Rockhayhu, mas não nos classificamos, e então o pessoal se desanimou. Então o Gustavo e eu resolvemos formar a nossa própria banda de Heavy Metal. Recrutamos um amigo meu que tinha tocado no Al Qaeda para o baixo, Jorge Mora, que era fã de carteirinha do Ozzy jaja. E logo começou a busca por outro guitarrista e um batera. Coisa difícil é essa. Uma vez que formamos o time, tivemos nossa primeira apresentação em Minga Guazú, em 2003, nesse show o Kuazar já estava tocando a um ano e  a banda  mais badalada em Ciudad Del Este, nesta  época  era o Perpetual. Considerando que o Reciclaje ainda tocava algumas vezes, mas o auge deles tinha sido no final de 90. Naquela noite só tocamos covers, Judas Priest, Iron Maiden, Black Sabbath, etc. E subimos com o nome de Poseidon. Dois meses depois tocaríamos em Ciudad Del Este no estacionamento do Shopping Zuni, alí sim com o nome definido de Ariman. Naquela apresentação, conseguimos criar impacto em especial pela presença no palco e a voz do nosso vocalista.  O Perpetual fazia um Hard Rock bem refinado e o Kuazar e o Sindrome fazendo Thrash. O Ariman surge com o intuito de preencher esse espaço com Heavy Metal, bem básico.

Na cena contemporânea, o novo normal é uma banda já lançar um single digital por questões da tecnologia e da própria internet, as bandas passam essa etapa das demos, e já começam a sua  jornada com um EP ou até mesmo um álbum completo nas plataformas de streaming/YouTube. Na sua opinião, quais são as vantagens e as desvantagens de optar por não disponibilizar demos? E como foi a aceitação de sua demo tape “Ariman”(2005) pela mídia especializada e os Metalheads) ?

Ariman: Na minha época de ir a shows, finais dos anos 90, eu descobria  ali as bandas, quando uma Banda X tocava  um cover eu  perguntava pro cara do lado, que som é esse, daí o cara falava, isso e cover do Pantera, ou sei lá. Coisas assim. Tinha que ir na casa do metalhead mais velho para aprender jaja. Isso acabou com a internet. O piá  de 12 anos já conhece de tudo. Na questão da produção de som então, eu acho que a vantagem disso é a  maior velocidade para se fazer ouvir de se conhecer, o custo menor para a produção, para nós que somos de baixa renda, e ótimo. Enquanto as desvantagens, justamente o menor custo e a maior velocidade de transmissão de informação faz com que exista uma espécie de oferta de bandas e sons e o público já não presta muita atenção em tanta informação que recebe.  No nosso caso em 2005 quando finalmente tínhamos 5 músicas compostas e que já estávamos tocando nos shows, em julho daquele ano decidimos gravar, e naquela época ninguém tinha esses estúdios moveis ou esses softwares nem computador para isso. Então tivemos que ir num estúdio especializado em música folclórica, e alí gravamos, produzimos e editamos em 3 dias e três noites, com chuva, trovões, vinho e cerveja. Tínhamos o Tape mas não sabíamos o que fazer, então passamos a copiar o original em Cds regraváveis, o Dany Larroza fez a capa da bomba atómica com o logo da banda, ficou simples mas legal e compramos caixas plásticas para cd em Ciudad Del Leste e levamos o som para algumas rádios. Em dezembro organizamos um show em Ciudad Del Leste para o lançamento, tocou o Funeral, Sindrome, Crudeleiter (não lembro bem o nome, mas acho que eram de Foz Do Iguaçu), e foi um sucesso, nessa noite vendemos umas 25 cópias. Estamos felizes. A partir dali, era massa ver o público cantando todas as letras das nossas músicas, e alí começava a correr mais rápido a transmissão de informação e em Asuncion também já tinha chegado, e tivemos o nosso primeiro convite para tocar no Bavaria bar.

Em 2011, a banda chega ao tão sonhado debut – álbum “Pacto de Muerte” É um grandioso play de Heavy Metal. Qual é a importância  desse trabalho na história da banda ?   Passado – se 10 anos de seu lançamento vocês mudariam algo nele ?

Ariman: Nossa esse disco foi um parto jajaja. Depois do lançamento da Demo e a boa aceitação que teve por parte do público, nos empolgou para continuar compondo músicas novas, mas os problemas de banda sempre aparecem. Ficamos sem baterista uma, duas, três vezes. Até que recrutamos o Gabriel. Um piazão de 16 anos que tinha energia mas ainda estava começando, ou seja, levou um tempo para pegar o ritmo, e não só isso, mas a desenvolver o seu próprio som, sua pegada. Por isso, lá por dezembro de 2008 acho, começamos a gravar o Pacto de Muerte. Primeiro uma música só para analisar, pois queríamos algo bom. 2009 entramos no estúdio e fizemos lentamente, parte por parte, só nos fins de semana, só que isso com o tempo foi ruim. Começamos a ter problemas com o estúdio. O técnico de som tinha que estudar em Bs.As., às vezes tínhamos apresentações e então suspendemos as gravações, então tinha finais de semana que não se gravava nada, outras vezes o cara com uma queda na energia, perdia todas as informações tínhamos que gravar de novo, e assim passou-se o ano de 2009 inteiro, sem terminar nada. Em 2010 já os integrantes da banda nem queriam se ver mais jaja. Ninguém gostava do seu som na produção jaja. Dai metade do ano mais ou menos fui falar com o técnico de som, falei quanto eu devo pra você? Me dá esse material que eu vou lançar ele igual assim como está, cansei. Na época tinha uma fábrica de Cds na cidade que fazia Cds de softwares para as lojas do centro. Fui lá falei com o engenheiro, passou o orçamento e mandei injetar o material nos discos, pedi para um engenheiro no meu trabalho para desenhar a capa, em base a umas fotos que tínhamos tirado  numa floresta, o fotógrafo foi o Edgar Rolon. Levei para uma gráfica para imprimir o livrinho, e busquei uma fábrica de caixas plásticas para cds. E comprei mil. Enfim, lançamos 1000 cópias do Pacto de Muerte em 2011. Vendemos umas 360. Não sei se esse número é bom ou ruim. Só sei que todo mundo canta todas as músicas nos shows e isso é maravilhoso. Nenhum de nós ficou satisfeito com o som final da banda. Mas acho que foi bem sincero, dá para notar nossas limitações técnicas e possivelmente o do estúdio. Mas as composições acho que tem muita energia e isso cativou os ouvintes. Eu sinceramente gostaria de regravar o disco inteiro com a tecnologia atual, mas não sei se vale a pena.

Eu gosto muito desse trabalho. Acho Pacto de Muerte uma obra prima  do heavy metal paraguaio. Ele tem uma “vibe obscura” e com influências da banda dinamarquesa Mercyful Fate no instrumental e da banda Argentina Hermetica pelos vocais de Gustavo Mereles  e outras influências metálica, além de  uma garra juvenil de querer fazer algo.  Adiciona aí a produção meio tosca e que combinou com a proposta da banda. Porém uma produção mais suja não quer dizer que é ruim, pelo contrário… Deu um charme ao trabalho. vocês poderiam  nos dizer mais sobre a produção e também sobre a concepção da capa ?

Ariman: Bom. Desde o próprio nome da banda, sempre buscamos escuridão, algo de ocultismo, bem na veia do Mercyful mesmo. O Gustavo e eu tínhamos composto a música Pacto de Muerte, e o Gustavo Ojeda trouxe o riff inicial de Doctrina Bestial, e trabalhamos nelas  com  o Doctrina sendo continuação da história de Pacto. Ou seja, estávamos bem metidos na ideia Mercyful mesmo jaja. Pacto falava de um cara que tenta se salvar da morte fazendo um pacto com Lúcifer, ou seja lá quem for, e em Doctrina ele vira pastor colhendo almas para o capeta jaja. O Dany trouxe suas músicas Obscuras  como Cazador de Almas, que tinha a ver também com o conceito das duas outras. Essas músicas definiram a ideia para a capa. Tentamos com uma fotógrafa, com o Gabriel no meio do mato de joelhos e uma mulher de branco abençoando-o ou coisa similar. Não gostamos. Por isso fomos nós mesmo num terreno do pai do Gabriel (batera) pegamos enxada, facão e cordas, um livro de Drácula de Bram Stoker que eu tinha e uma faca, desenhamos uma “crossroad”(encruzilhada) no meio do mato botamos uma corda para forca numa árvore, o livro no meio da encruzilhada e a faca. Tiramos um monte de fotos, mas não transmitia escuridão jaja, então pedi para um cara que entende desses programas para alterar fotos, para dar uma imagem mais escura e deu no que deu. A respeito da  produção do som, o Dany tentou experimentar com microfones no amplificador dele, eu fui direto no marshall. Para mim foi legal a princípio a experiência no estúdio. Depois cansei jaja.

Na demo tape “Ariman” e também no “Pacto De Muerte” as letras são em espanhol.  Porque optaram em cantar em espanhol e o que vocês gostam de abordar nas letras ?

Ariman: Como falamos espanhol, é mais fácil para nós transmitir as ideias nesse idioma, e foi assim nos dois discos, até porque o nosso público no Paraguay e na província de Misiones na Argentina, era mais fácil para eles entenderem e acompanharem nos shows as nossas letras. Isso foi uma boa sacada. Além do que o Gustavo descobriu que pronunciar bem as palavras em espanhol, dá uma outra impressão nas letras. Foi por isso que escrevemos em espanhol, e as letras falam de muitas coisas. Os letristas nessa época eram o Gustavo principalmente e o Dany que trazia suas letras e o Gustavo trabalhava nelas para encaixar nas melodias que ele criava. A única letra que eu fiz foi o de Sangre Blanca, que fala sobre leucemia. Nas letras você tem histórias de terror ou coisas que eles leram.  Ariman da demo é uma letra que é uma adaptação de uma oração a São Gabriel, e ficou escuríssima. Sacro Imperio fala da época da conquista de America, Alas de Acero fala sobre metalheads indo para um show, Condenados a Morir e um dilema existencial, Libro Maldito e sobre o Necronomikon. Em Pacto temos Pacto e Doctrina que falam de uma história de terror, Cazador de Almas e Castigo del Mas Allá, na mesma linha obscura e meio ocultista, Metal Eterno, é uma ode ao Metal, Noches en Tinieblas, e uma passagem da Guerra do Paraguay, mas é bem intimista, do soldado que é carne de canhão. Sombras del Condo fala sobre os efeitos da ditadura no país. Como vê, as letras falam de muitas coisas.

Então, falando sobre dificuldades, todos nós metalheads sabemos que não é fácil fazer Heavy Metal em qualquer país ou continente e pior ainda na América do Sul, seja no Brasil ou no Paraguay. Por aqui sempre é mais difícil, e mais ainda para uma banda que habita o submundo. Foi muito difícil, como tu citou gravar o full álbum “Pacto De Muerte” e qual foi a sensação de vê-lo finalizado e qual música desse play você destacaria como há melhor desse trabalho ?  Eu gostei muito de “Doctrina Bestial” e seu clima obscuro e naquela pegada do velho Mercyful Fate.

Bom, depois de ter sido lançado e ver a repercussão  que teve, (ele ganhou até uma review em alguns zines de Buenos Aires),  falo da maneira que foi aceito  pelo público, você fica muito contente, com vontade de continuar tocando, compondo e fazendo shows. Praticamente todas as músicas desse disco o pessoal canta e isso é muito reconfortante. A música que de longe se destaca desse disco e o Noches en Tinieblas, que é uma música mais cadenciada, mas o pessoal adora, ela  foi feita para ser algo épica e acho que transmite essa sensação, e é cantada do início ao fim, é  incrível o pessoal cantando e fazendo mosh inclusive, sendo uma música relativamente lenta.

Em 2017, vocês chegam ao segundo trabalho chamado “Under The Blame”. Gostaria que vocês nos falassem um pouco mais de sua produção, temática, capa e como foi  aceitação desse trabalho  passado já 4 anos pelo público metalhead e mídia especializada ?

Ariman: Como falei, durante o Pacto de Muerte, a relação começou a se deteriorar um pouco, os ensaios eram em clima pesado, raras vezes ensaiavamos com o time completo, mas de todo  modo  haviam composições novas. Num show do Black Sabbath em Buenos Aires o batera encontrou um brasileiro do Rio, chamado Índio, e ele conhecia a banda, e falou para ele “por que  não fazem em inglês”. E isso passou a ser assunto de debate na banda. As músicas iam ganhando corpo cada vez que dava para ensaiar. Nisso nós contratamos o BlackLegions Prod.(assessoria)  do  Brasil.  Que  arranjou algumas entrevistas para nós. Ele nos recomendou um desenhista para a capa (Designations Artworks), escolhemos a capa do Under, ainda não  tínhamos nome para o disco. Para a gravação e produção chamamos a Abato Records que  já tinha gravado algum som para o Mastermind, e gravamos duas músicas“Inquisitor” e o “Age of Infection”, a BlackLegions tentou promover  o “Inquisitor”, mas não sei no que deu, com o tempo deixamos de falar com eles e ficamos , gravando as outras músicas como Bleak Fields, Evil Machine, Time To Rest, I Am The Man, World in Flames, The Blame, etc. O nome do disco veio possivelmente relacionado com o The Blame, mas a relação entre os membros estava difícil, o Dany decidiu formar outra banda, e até parecia que tava melhor o clima assim. Pois antes disso era assim. Eu chegava com um riff e certa estrutura musical e pedia para eles acompanharem, e ele já deixava a guitarra na mesa sentava na cadeira e falava, gravo depois. Coisas assim. Estava chato demais tudo jjajaja. Mas no fim  gravamos, acho que o som  e a produção foi muito melhor do que o Pacto de Muerte. O Under The Blame lamentavelmente nâo  teve promoção  alguma, fiquei um ano mais ou menos com as músicas todas gravadas prontas para ser lançadas, mas ninguém  tinha condições  financeiras para investir. Foi então que apareceu o Pipi’i (Bernardo Saavedra), quem falou do Ariman para o Ader Jr. da “Dies Irae”, arrumou a conexâo e então assinei contrato com o “Dies Irae” para mil cópias do Under The Blame. Quando os discos físicos chegaram para mim, estava  todo contente eu, mas continuava esse ambiente ruim na banda, e o Dany finalmente decide continuar se focando diretamente na outa banda dele. Ficamos sem guitarrista por uns dias até que chamamos ao  Dario Aquino para tocar conosco, cumprir com compromissos assumidos. Mas o assunto do disco Under The Blame ficou assim digamos em “Off Side”.

No Under The Blame a banda optou por cantar em Inglês. Vocês optaram por essa mudança na lírica para atingir outros públicos americanos  e europeus ?

Ariman: Quando decidimos fazer em inglês, a ideia era poder mandar para americanos, europeus, japoneses, Russos, etc., no começo era tudo empolgação, o nosso vocalista tinha que aprender a cantar em Inglês jaja, e nós a compor letras em inglês. Mas como falei, no final da produção, ninguém dava muita bola para o que já tinha sido gravado. E como expliquei o disco saiu quando a banda decidiu mudar o ar e voltar a nos sentirmos à vontade, além disso, o disco sai em novembro de 2017 e em dezembro o vocalista sofre um “piripaque” no coração, tocamos no Metal Feria de Asunción  com guitarrista novo e o Vocalista quase desmaiando, depois disso ele fica de molho um bom tempo. Tudo isso fez com que o Under não fosse promovido/divulgado como deveria, inclusive até agora só tocamos uma música desse CD “O Inquisitor”  que é desse disco.

Eu confesso que acho que vocês cantando em espanhol soa melhor e cria uma identidade  própria.  Eu achei que “Under…” em termos de produção e técnica a banda evoluiu muito. Com ótimas bases, riffs e solos, com belas melodias. Soa poderoso ! Com uma  produção muito melhor.  O play abre com a faixa “Age Of Intection” e segue com “Evil Machine” e “A am The Man” .  Como nasceram essas músicas para esse  trabalho e que bandas influenciaram vocês além de Mercyful Fate ? Outra faixa que eu gostei muito é “Word In Flames” com uma pegada Judas Priest e o Gustavo dando uns agudos na linha Rob Halford.

Ariman: Realmente foi muito bem produzido o Under, e também já estávamos um pouco mais evoluídos no que diz  respeito a composições. O Inquisitor foi composto na casa do Christian Rojas (vocal do Verthebral), eu trouxe um riff e mostrei para eles e começamos a construir a música ali mesmo com o batera, o baixista e o vocalista…o Dany baixou a guitarra e foi tomar cerveja jajaja. Depois o Gustavo trouxe as letras. O Age of Infection conforme a tradição o Dany vêm passa as letras para o Gustavo e mostra a estrutura da música, e acompanhamos ele até aprender.  O Evil Machine eu fiz ela escutando muito Savatage jaja. O World In Flames é muito bom realmente tem um riff inicial bem Slayer jeje, e gosto muito dos solos, e acho que é uma das poucas na qual o Gustavo canta bem alto neste disco.

Under The Blame é um trabalho poderoso onde a bateria e baixo estão em um bom nível e dá a força certa para as músicas. O baterista Gabriel Galeano detona no pedal duplo e boas  viradas e o baixo de Gustavo Ojeda segura muito bem os graves, mas o destaque é as guitarras com poderosos riffs e bases. Depois do lançamento de “Under…” o guitarrista Daniel Larozza deixou a banda e é  ele quem  escreveu grande parte das músicas do Ariman. Como ficou a banda sem o seu guitarrista que era o seu principal compositor ?

Ariman: Olha nós já tinhamos mais de década de convivio e já tinhamos passado por situações de chatice geral, cada um de nós é um universo (Diria o Raul Seixas jaja), e então sempre tinha ese desgaste relacionado  que depois se recompõe, e a banda continua, mas cada vez era mais difícil e desgastante, eu tinha falado com o vocalista que se as coisas continuassem assim eu caia fora, e então o Gustavo (o vocalista) começou a ser chato com todo mundo, para ver quem saia primeiro jajaja. No final acho que o Dany entendeu a situação e fez a escolha certa. bem realmente ele é um  grande compositor, sempre demos o espaço a todos para compor, e ele sempre trazia músicas bem poderosas. Mas com a saída  dele o ambiente da banda melhorou, até já temos  umas 11 músicas novas e já temos 5 músicas  gravadas agora com o novo guitarrista.

No  lugar do antigo guitarrista Daniel  entrou Dário Aquino (ex – Arcano xv) e esse guri também toca muito !  Já vi ele ao vivo em Santa Catarina, junto com o Arcano xv  em ação e vi seu potencial. Victor Ocampos você como guitarrista e um dos membros fundadores do Ariman como você  vê essa nova dupla de guitarristas e quais influências Dário trouxe para a banda ?

Ariman: A entrada do Dario na banda foi uma injeção de energía, garotão novo, que sempre é  o primeiro em mandar a mensagem…”a que horas e o ensaio hoje?” jaja. Ele para mim como guitarrista significou um desafio, pois eu estava na minha zona de conforto guitarristico jaja. E o Dario toca muito melhor que eu, os solos que o  rapaz faz são muito bons, dai  que eu tive que começar a tratar de melhorar tecnicamente para não  estar fora do nível dele. No começo ele trazia os riffs dele muito bons  mesmo, mas ainda não tinha a cara do Ariman. Hoje em día  ele já incorporou a linguagem do Ariman e já tem músicas muito poderosas com a colaboração dele, que esperamos possamos lançar logo em um  álbum.

A banda está desde 2003 no cenário lutando pelo metal paraguaio e já lançou dois trabalhos acima da média e ainda uma Demo Tape. O Debut – CD foi lançado independente. Porém “Under The Blame” ganhou uma versão brasileira lançada pelo selo “Dies Irae”. Como vocês chegaram até o selo brasileiro e vocês estão felizes com essa parceria ?

Ariman: Como expliquei antes, a conexão com a Dies Irae se deu graças ao Bernardo Saavedra que  me passou o contato do Ader Jr. Eu não sabia que a Dies Irae estava lançando  uma penca de bandas paraguaias, Acho que isso e um  problema do Ariman, nós não sabemos nos mexer na parte de contatos, merchan, coisas assim. Mas o lançamento graças a Dies Irae foi de outro nível. A arte  da capa, o desenho foi feito pelo cara do Vingador(Thrash/RJ) não lembro o nome dele agora (desculpas sério mesmo), mas ele capturou a idéia do jeito que imaginávamos.  Ficou massa, bem Pro mesmo. Uma pena que nós fomos quem não demos a promoção que merecia esse trabalho.

Eu morei na tríplice fronteira Brasil, Argentina e Paraguay nos anos 90 e naquela época a cena aí em Ciudade Del Leste que eu me lembre não existia quase nada. Não lembro de bandas e shows por aí.  E nos anos 2000 o submundo de sua cidade floresceu e cresceu com ótimas bandas. Sem dúvida a mais falada por aqui (Santa Catarina/Brasil) é o Kuazar. Já vi uns 4 shows deles por aqui. Outra banda que tem se destacado na cena brasileira é o Verthebral e seu matador Death Metal !   Eu conheço o Sentencial(Trash/80) Arcano xv(Heavy/tradicional) e o Ariman. Como anda a cena aí da sua cidade em relação a bandas, shows, selos, distro e zines ? Além dessas bandas de “CDL”  existem outras que você destacaria daí ?

Ariman: Nos anos 90s, eu andava por shows em CDE, e a banda assim mais grande era o Reciclaje (Hard Heavy meio progressivo), no finalzinho de 90s aparece o Sindrome (Thrash), e nos 2.000 essas bandas que você nomeu. Alí poderiamos incluir o Perpetual de inicios dos 2000 também  mas faziam Hard Rock/Heavy.  O que acho estranho  é que o Mastermind não  esteja na tua lista, os caras fazem Thrash e já tem 3 álbuns  lançados, os caras são feras. Tem o Khymor (Thrash), tem o Asghard (As vezes e Power, as vezes é sei lá), tem o Tau (Som meio estranho mas interessante) e agora tem uma banda nova chamada Ad Sacrament, que ano passado estava bombando nas redes sociais com a pandemia, não sei se continuam. Enfim, tudo ficou meio parado na Cidade.

Nota: Realmente eu esqueci de citar os “thrashers hermanos” do Mastermind de Ciudade Del este. Inclusive tenho o primeiro cd “Stranger Aggression” /2013 e o segundo trabalho “unstoppable Drunks” de 2015.Se os amigos e metalheads curte um thrash metal rápido, violento e na veia old School procure essa banda e não vai se arrepender.  Inclusive, resenhei nas edições do meu artefato chamado “Melefica Existência Zine “. Um abraço ao Dario e também ao Bernardo piipe Saavedra da banda de heavy speed metal Vinyl que esqueci de citar aqui também.

Foz Do Iguaçu faz parte da fronteira com o Paraguay e era mais fácil e mais acessível financeiramente eu ir assistir shows em Asunción,(Py) do que por exemplo, na capital paranaense Curitiba. Fui em alguns concertos fodas na capital paraguaia. E aquela cena nos anos 90 era foda e muito forte. Com várias bandas, exemplos : “Corrosion”,(Thrash/Death) “Funeral”(Death Metal), “Wisdow”(Black Metal) “Sabaoth”(Black Metal) e tantas outras bandas matadoras !  Como anda a cena do submundo paraguaio nos dias atuais ? Quais outras bandas você apresentaria para os Metalheads brasileiros e que tem o apoio de vocês ?

Ariman: Os anos 90s foi brutal com essas bandas, chegamos a tocar com o Funeral e com o Wisdom mas nos anos 2000 já. Em Asunción tem várias bandas muito fodas dos anos 2000 para cá. O 220 Voltios que fazem um som bem rockenroll mas meio Heavy. Tem o The Force que teve muito sucesso acho que no Brasil também, tem o Patriarca, etc. Asunción  tem uma porrada de bandas, dentre elas a que eu acho muito interessante por estar sempre buscando coisas diferentes sem sair do framework Metal é a banda Khyron.

Existe  uma grande parceria do submundo metálico de Ciudade Del Leste com o submundo do oeste paranaense e vocês tocaram várias vezes em Cascavel, Foz Do Iguaçu e Mato Grosso do Sul. Eu nas minhas férias sempre vou para a “Terra Das Cataratas” matar a saudade da família e dos  meus amigos e nessas viagens eu vi dois shows de vocês em Foz Do Iguaçu. O primeiro fui vê – los no Casulo Rock Bar junto com o também iguaçuense Espiritual abrindo para os argentinos do Logos. A segunda vez foi no Country Club mais uma vez juntos do Espiritual e das gurias da Panndora de Maringá (PR) abrindo para o ex- vocalista do Iron Maiden Paul Dianno. Como foi tocar com essa lenda do metal mundial e que outros shows  que você destacaria  na história da banda ?

Ariman: Nossa, esses shows estão gravados na memória jaja. Essa parceria foi muito boa realmente com o Espiritual e o pessoal do Casulo Rock Bar , tem gente muito legal ali como o Mano, Junior, Bo…, Uma vez fomos tocar com o Evil Dead (tributo ao Death/Foz Do Iguaçu)  lá em Campo Grande.(MS) Tocar com as lendas tem o seu lado bom e o seu lado ruim jaja. O bom é tocar no mesmo palco que os ídolos, poder compartilhar o palco com eles, nossa ter a oportunidade de mostrar o seu som aos mestres.  O lado ruim normalmente é o pouco tempo para tocar e que o público está mais entusiasmado com as lendas jaja. Mas a experiência que tivemos com o  Ariman tocando antes do Paul Dianno, Omen, Manilla Road, Tim Owens, Logos e outras feras foram sensacionais realmente, inesquecíveis.

Como já citado vocês tem um grande intercâmbio com a cena do oeste do Paraná. E o que você conhece da cena brasileira em geral, bandas, zines e distro ?

Ariman: Antes eu tinha um conhecimento maior digamos, mas com o tempo fui perdendo contato, ultimamente estou focado em estudos acadêmicos e então ando meio fora do ar. Quem sempre me ajuda nesse sentido é o  Bernardo Saavedra que manja essas informações.

Para minha felicidade vocês lançaram dois singles no YouTube “El Orador” de 2019 e no ano pandêmico de 2021 “Repression” e voltaram  compor na língua espanhola. E que grandioso Heavy Metal clássico. Ficaram  matadoras ! Me fez lembrar de Judas Priest, Mercyful Fate, Iron Maiden e Hermética. Quando sairá um novo trabalho e essas músicas estariam em um futuro lançamento ?

Ariman: Legal que você gostou, essas são todas já com o Dario nas guitarras, voltamos ao espanhol, inclusive o Ader tinha falado que preferiria em espanhol jaja. Mas o que achamos interessante e que a identidade da banda permanece no tempo, pelo menos é o que tentamos fazer. E lançamos el Orador em 2019, que fala de pessoas que usam o carisma e a retórica para o bem ou para o mal,  em 2020 lançamos o videoclipe de El Dictador, que fala sobre o Stroessner,(um ditador que comandou o Paraguay por 33 anos) a agora em 2021 lançamos o Represión, que fala da situação da pandemia, em que você não pode confiar nem no vizinho porque ele pode chamar a polícia porque você saiu fora de hora buscar uma cerveja. Ainda temos o “Nina”, que lançaremos em videoclipe, essa fala sobre abuso sexual numa menina. Enfim, estamos cheio de idéias jaja.

Vocês também estão participando do “Tributo A Corrosion: Signs Of Corrosion”. (2020) O que representa para vocês gravar “Genesis Of Terror” dessa lendária banda paraguaia dos anos 90 ? E o que o Corrosion representa hoje para a cena do teu país ?

Ariman: Para nós  Corrosion é uma Lenda, para mim é a melhor banda de Metal que surgiu no Paraguay. Tanto é que nós quando formamos a banda falávamos: “se chegarmos ao nível do Corrosión ou a conseguir gravar um disco como eles fizeram, já teríamos conseguido o nosso objetivo”. Sempre foi referência para nós, faz anos que chegamos a tocar cover do Corrosion ao vivo em apresentações do Ariman, e quando recebemos o convite para o Tributo aceitamos na hora, o nosso cover está pronto, ficou bem legal.

Meus amigos chegamos ao final desta entrevista. Obrigado ! O espaço é de vocês. Abraço e força – sempre !!!

Ariman: Muito obrigado pela conversa, e oportunidade mais uma vez. Um abraço para você e o seu time de trabalho e a todos os seus leitores e seguidores muito obrigado e um forte abraço.

ARIMAN online: https://www.facebook.com/ArimanOfficial

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