Quando recebi esse álbum para resenhar fiquei com uma pulga atrás da orelha ao ler o press-release enviado pela gravadora. A razão foram as bandas citadas como referência como forma dos ouvintes se situarem: Ghastly, Morbus Chron, Sentenced, Venenum, Goblin e isso só para citar as mais “conhecidas”.
Essa mistura realmente parece muito indigesta e quase uma receita de desastre. Isso me fez esperar um pouco para ouvir o álbum em um momento mais apropriado de humor. Hoje resolvi ouvir com atenção esse “Hypnagogic Hallucinations”, primeiro álbum de estúdio dos italianos do BEDSORE e felizmente nada de grave ocorreu. hahah Trata-se de uma banda que traz nesse álbum o que se classifica hoje como progressive death metal. Eu chamava esse tipo de som de technical death metal, mas tudo bem, é apenas nomenclatura e no final o que interessa é a música.
De certa forma o som do BEDSORE traz lembranças do velho Atrocity alemão, inclusive com vocais mais rasgados em meio a um som agressivo e complexo. É possível perceber também influências do Death. Ouça “The Gate, Closure (Sarcopter Obitus)” e isso fica claro. Mas a banda cria momentos mais viajados também, não tão diretos e isso os difencia claramente das referências citadas. Uma das maiores e mais emocionais faixas é “At the Mountains of Madness” (terá alguma ligação com o conto de Lovecraft ?). Faixa que traz uma mistura certeira de momentos mais cadenciados com brutalidade e melodia e com excelentes arranjos. Essa é a melhor música do álbum em minha opinião. Que clima foi criado nessa música. Incrível.
Já “Cauliflower Growth” é uma música mais porrada, mas não esquece os momentos instropectivos. O álbum fecha com outra música longa “Brains on the Tarmac”, que coloca mais melodia em meio ao peso. Acho que “Hypnagogic Hallucinations” é um álbum muito bom, mas definitivamente não é para todo mundo. É preciso uma audição mais cuidadosa para perceber tantas camadas e complexidade, mas se você ultrapassar esse ponto a experiência é muito gratificante.